Durão Barroso não fugiu?
1. Manuela Ferreira Leite já fez quase todos os truques que havia para fazer. O défice apresentado a Bruxelas é completamente irreal - nos próximos dois anos seria virtualmente impossível apresentar um défice dentro dos critérios de convergência. Porque nada de estrutural foi feito para equilibrar as contas do Estado.
2. As eleições para o Parlamento Europeu mostraram que a coligação subtrai, não soma. Mas romper a coligação teria, igualmente, consequências eleitorais incontroláveis. A prazo, o negócio eleitoral de ocasião com o PP valeria cada vez mais - porque o PP só faz sentido enquanto partido ligeiramente anti-sistema; e porque o PSD histórico sente-se permanentemente canibalizado pelo ímpeto ideológico do PP.
3. A remodelação - perdão «A» remodelação, a tal remodelação salvadora - é virtualmente impossível. A capacidade de atracção de gente de qualidade para a política - e, especificamente, para este governo - é baixíssima. As (poucas) substituições que já houve no Governo foram no sentido do emprobrecimento, não do fortalecimento, da equipa.
4. O ímpeto reformista - se o houve - esfumou-se. O PSD, como qualquer partido - mas o PSD por maioria de razão - tem uma enorme tendência para ficar preso das teias de interesses instaladas. Há vários meses que este Governo não punha cá fora uma medida de grande impacto - e as poucas que se disso de aproximavam acabavam em confusão, indecisão.
5. E, por último, há a sensação - que durante anos ouvi de socialistas e que agora ouvi de alguns sociais-democratas - de que o país não funciona, que o país não merece o esforço que por ele fazem. É um país sem horizontes, irrespirável.
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