Eleições - a abstenção
A democracia faz-se com quem está. Isto é, com quem vota.
Estou um pouco farto de discursos preocupados acerca da abstenção. Não vota quem não quer - a democracia, está provado há décadas, sobrevive a isso.
O discurso político sobre a abstenção enoja-me. Oscila entre o piedoso (ai a democracia...) e o demagógico (perdemos... foi a abstenção).
Interessa-me o discurso sociológico sobre a abstenção - tentar saber as razões, tentar saber quem ganha e perde com ela. Isso é uma coisa.
Outra, bem diferente, é o discurso-aproveitamento político da abstenção.
Que os dois discursos se confundam não me espanta - num país em que os políticos fazem análise na televisão e nos jornais e em que os comentadores dos jornais e das televisões fazem política.
[É claro, isto para não falar desse interessantíssimo fenómeno que são os blogues como laboratórios partidários...]
Eu fui votar. E fico zangado quando comparam o meu voto com a decisão daqueles que não votam. E que, na enorme maioria dos casos, são movidos pelo comodismo, pela preguiça de fazerem escolhas.
Dizem-me que estão fartos da política. Que a política perdeu qualidade. Eu também acho que muitas das profissões/actividades desses abstencionistas não valem um caracol. Não interessam à sociedade. Mas gramo-os. Em doses que tolero - faço opções. E pergunto - o que faz esse rebanho de abstencionistas para mudar a política?
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