quarta-feira, 2 de junho de 2004

Justiça?

Quando rebentou o processo Casa Pia, logo nos informaram que estavam a ser esvaziadas prisões para acolher mais arguidos. E depois explicaram-nos que o assunto iria até às últimas consequências. Depois que foram tiradas certidões do primeiro processo e que havia já uma mão-cheia de processos conexos. E depois que a lista de notáveis era interminável. E depois que novas detenções estavam iminentes.
Quanto estourou o Apito Dourado, tiveram o cuidado de informar que aquilo era a ponta do icebergue. Que o que aí vinha é que era a sério. E alguns nomes até chegaram aos jornais.
Na Casa Pia, a rede de pedofilia resume-se a menos de uma dezena de arguidos.
No Apito Dourado, basta ler os jornais de quarta-feira para perceber que o processo morreu.
Eis a justiça.
E, perante esta justiça, apetece-me até esboçar solidariedade com os poucos arguidos sobre os quais tenho presunção de culpabilidade. Afinal de contas, porquê eles e não quaisquer outros? Por uma questão de lotaria?