Contributos para o «sampaísmo»
Vital Moreira, no Causa Nossa, escreve sobre o «sampaísmo constitucional», nomeadamente sobre o papel que Jorge Sampaio se atribui na fiscalização das políticas concretas do governo.
Além das perplexidades já referidas noutros locais - será este um governo Sampaio/Santana/Portas, em que Belém dá o aval político à-priori e controla o dia-a-dia da governação? - acrescento ainda esta.
O que entende o Presidente por «orientações políticas votadas nas eleições de 2002»? O «choque fiscal» do programa eleitoral, ou a política fiscal concreta, expressa logo no programa de Governo, e de facto concretizada? Ou refere-se Sampaio ao famoso TGV, que, ao longo destes dois anos e meio, tanto foi «prioridade», como metido na gaveta?
Tenho para mim que, nas eleições legislativas, mais do que em partidos ou programas, votamos em pessoas [aqui, discordo da análise de VM - uma coisa é a Constituição, a sua letra, outra é a prática...], porque são elas que - na realidade - dão corpo às políticas [acho imensa graça às reestruturações - de empresas, por exemplo - nas quais se desenham relações hierárquicas e outras, quando o que realmente conta são as pessoas concretas e as relações que estabelecem entre si].
Acresce que, devido à erosão das ideologias e a outros factores, os programas, principalmente os eleitorais, mas também os de Governo, são cada vez mais um conjunto de banalidades, indifererenciáveis entre si.
Nas pessoas concretas está, pois, a chave da política contemporânea. Veja-se o caso presente - com o mesmo programa (do PSD e eleitoral), todos esperam de Santana Lopes um desempenho político bem diferente do antecessor. E isso mesmo que mantenha as principais (ou todas...) linhas do programa de Governo de Durão.
A posição de Jorge Sampaio, nesta matéria, não deixa, pois, de revelar um certo lirismo.
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