A mentira compensa
Benjamin Ginsberg, da equipa de advogados da campanha eleitoral de George. W. Bush, demitiu-se, após ter admitido que tinha dado aconselhamento jurídico aos veteranos que lançaram um spot pondo em causa os actos de coragem que terão levado John Kerry a receber cinco medalhas pela sua participação na guerra do Vietname.
Fontes independentes - a agência Associated Press, por exemplo - haviam atestado a veracidade dos actos de coragem em que Kerry esteve envolvido.
A campanha de Bush negou desde sempre qualquer ligação ao grupo de veteranos e mostrava-se mesmo ofendida quando o lado de Kerry a acusava do contrário. O W. chegou até a fazer uma declaração, angélica, solidarizando-se com o candidato democrata.
A história teve óbvios efeitos negativos da popularidade de Kerry - 20 por cento do eleitorado americano está, de alguma forma, ligado ao serviço militar.
Que o spot dos veteranos era mentiroso, já se sabia. Agora sabe-se que, afinal, há ligações entre a campanha de Bush e o spot.
Nisto da mentira, o mal está em começar. Porque a mentira rende sempre - neste caso, por exemplo, o mal está feito e não há desmentidos ou revelação de inside stories que façam o relógio andar para trás.
A mentira já tinha compensado no Iraque - tanta gente supostamente esclarecida que embarcou nela... e mais, continua agarrado a ela, mesmo que tudo já está tão claro -, porque é que não haveria de funcionar agora?
Lá, como cá, lançar lama sobre as pessoas resulta.
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