Não há ambiente
Um destes verões, estava eu a banhos, o Expresso resolveu atirar-me com uma manchete que andaria à volta disto: «Sócrates põe ordem no litoral». Os termos exactos não serão estes, o ano não me lembro. O homem era, então, ministro do Ambiente.
Anos antes - lembrei-me nesse Verão - andava eu atrás de Carlos Pimenta, primeiro, e Macário Correia, depois. Deve ter sido pelos anos de 85/87, era eu estagiário. Bem cedo, o carro da rádio lá ia para a Arrábida, numa altura, para a Fonte da Telha, noutras. Por entre bulldozers e gente que gritava, que se opunha, havia sempre um ministro, um secretário de Estado, que, empenhado, garantia que aquilo era para levar a sério.
Voltei à Fonte da Telha há uns dois ou três anos - aquilo parece Bagdad libertada. Há escombros por todo o lado, alguns deles eu ainda deveria lembrar-me deles fosse a minha memória mais dada a essas coisas, há lama a rodos, o caos impera. Um bairro da lata à beira mar plantado.
Quanto à Arrábida, o ministro Nobre Guedes acaba de dizer que vai resolver o problema... Outra vez?
No litoral, das Torres de Ofir à ilha da Armona, está tudo pior do que há 5 anos, há 10 anos, há 20 anos...
Do resto será melhor nem falar - por exemplo, o litoral alentejano vai sendo assaltado. Lentamente, ou não fosse alentejano.
É por isso que assisto com alguma indiferença a mais uma rodada de promessas nesta área. Este é um daqueles casos eu que nem sequer acredito depois de ver, quanto mais antes. Na Fonte da Telha, até demoliram... para ficar tudo ainda um bocadinho pior.
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