segunda-feira, 20 de setembro de 2004

Sai um PPR-E para o Daniel (embora os PPH sejam melhores...)

O Estado precisa de se financiar para pagar alguns serviços que nos presta (cada vez menos... veja-se o aumento dos passes, já no mês que vem) e uma data de mordomias a uma gajada da côr (veja-se o affair Mira Amaral...).
O Estado decide então pôr a chamada classe média - basicamente a malta que trabalha por conta de outrém, que produz riqueza, e não tem maneira de fugir aos impostos - a pagar a despesa. E vai daí saca-lhe nas taxas moderadoras, nos benefícios fiscais, nas portagens... Tudo junto, há famílias remediadas que irão à falência.
O Estado poderia ter optado por sacar o dobro da massa no off-shore da Madeira, nos bancos cá da terra, ou mesmo de duas ou três empresas de sucesso cotadas na Bolsa e tudo e que usam os esquemas mais manhosos para não pagarem um tusto.
Mas não, a classe média é a vítima perfeita. Porque só a classe média seria roubada desta maneira e ainda aplaudiria. Porque a classe média é, por definição, uma classe cheia de complexos - já foi pobre, subiu na vida, e olha para baixo com um misto de arrogância e comiseração. Ponham-lhe um ministro beato a anunciar justiça social (vejam bem, não é preciso que faça, basta anunciar...) e a classe média desfaz-se em lágrimas.
O Daniel Oliveira [Barnabé], já se percebeu, é da classe média.
[PS: os planos poupança não mordem, Daniel. São dóceis - qualquer banco lhe faz dois ou três em cinco minutos. Não se meta com advogados ou contabilistas... Nunca viu os milhares de contos que os bancos gastam em publicidade no fim do ano? Se calhar, o Daniel não conhece bem o país e há muito mais gente a usar esses bichos-de-sete-cabeças do que imagina - eles servem, por exemplo, para comprar casa ou ajudar a pagar a universidade. Luxos...]