segunda-feira, 25 de outubro de 2004

O procurador (II)

O José [da Grande Loja], numa caixa de comentários do Blasfémias, responde ao que escrevi sobre Souto Moura [O procurador], censurando as posições do PS no processo Casa Pia.
É sempre sintomático quando se tenta cobrir os erros de alguém argumentando que outros erraram ainda mais. É ainda mais sintomático que se queira penalizar todo o PS por erros concretos de pessoas concretas. No fundo, trata-se do mesmo raciocínio que leva alguns a anteciparem o enterro do Ministério Público devido aos erros do processo Casa Pia.
O José, à falta de argumentos sobre o que está em causa, recorre depois ao expediente mais comum, mais irritante e mais disparatado da Justiça portuguesa - o elogio ao carácter de Souto Moura.
Mas, mais uma vez, não é nada disso que está em causa. Souto Moura pode ser a pessoa mais honrada e mais competente à face da terra - mas, em contexto, em acção, neste caso concreto, errou em excesso e deu cobertura a erros em excesso. O caso das cassetes e da assessora Pina será o mais anedótico, mas talvez o menos relevante. Os comunicados, entrevistas e declarações de circunstância de Souto Moura, esses sim, são um autêntico catálogo do que não deve ser um PGR.
Já quanto ao processo em si - nem tanto sobre o que (e quem) lá está, mas sim sobre quem não está lá - não comento o que não conheço. Mas convenhamos que, meses após ter sido repetidamente anunciada a existência de uma rede, a detenção de notáveis e mais notáveis e a abertura de investigações paralelas, tudo isto parece pouco. Muito pouco.