Orgasmo - pergunta aos mais velhos
Um amigo meu, carioca de passagem por Lisboa - vamos chamá-lo Guilherme, embora este seja o seu nome verdadeiro -, arranjou uma namorada portuguesa. Depois de um revigorante bacalhau com grelos numa tasca sobre o Tejo, foi para o berço com a cachopa. No melhor da festa, quando as apaixonadas piruetas encaminharam para o inexorável e delirante clímax, a garota começou a exclamar:
«Ai, que me vem! Ai, que me vem!»
O excerto é de Amestrando Orgasmos (Objectiva, 2004), de Ruy Castro, e, nota-se à distância, revela aquela desfasamento temporal tão típico dos brasileiros em relação à nossa terrinha. Ele é o bacalhau mais os grelos (como se fosse possível qualquer pirueta com o resultante odor a alho...), ele é a tasca sobre o Tejo (será a Bica do Sapato?), ele é a cachopa... Enfim, tudo isto tresanda a Aldeia da Roupa Branca. Por isso, a minha dúvida - aquela forma verbal do verbo vir já se usou, ou simplesmente foi o tal Guilherme, toldado pelo tintol ou pelo clímax, que percebeu mal a cachopa?
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