Os pagadores pagadores
O princípio do utilizador-pagador entrou na moda. E agora toda a gente acha que todas as auto-estradas devem ter portagens. Até a malta da Linha de Sintra, que tem um IC-19 de borla , em situação de claro privilégio face ao pessoal da Linha de Cascais, que tem de desembolsar portagem na A5... para ficar engarrafada em Monsanto, quando não é no Estádio Nacional.
Não é disso que vos quero falar, mas sim da A23.
Acontece que aquela auto-estrada (Torres Novas-Guarda) foi parcialmente construída em cima de estradas que existiam antes e que, obviamente, deixaram de existir. Ou seja, a auto-estrada apagou as alternativas. Mas isso nem é o mais importante - na realidade, isso só acontece em algumas zonas. O mais importante é que aquela auto-estrada é um factor de reequilíbrio regional (e, logo, social, que nós sabemos como as coisas são - até o ranking das escolas reflecte as assimetrias regionais). E pergunta-se se não deve o estado ser um factor determinante para esse reequilíbrio regional.
Quanto ao princípio do utilizador-pagador, pergunta-se: não pagaram os habitantes da Guarda, ou de Castelo Branco, através dos seus impostos, os aeroportos de Lisboa ou do Funchal? A modernização do porto de Sines? A CREL? A Expo'98?
Não estaria na altura do todo nacional contribuir com umas migalhas para o desenvolvimento do interior?
Fale-se verdade - a introdução de portagens em algumas auto-estradas é apenas um expediente para cobrir o défice. E, no caso concreto da auto-estrada da Beira, um gesto profundamente ideológico.
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