Vampiros ?
O tema é recorrente. Luís Rainha [Blogue de Esquerda] indigna-se com os «vampiros do tsunami», ou seja, os jornalistas (parece que principalmente os da televisão) que exploram a dor alheia.
Há exageros, é certo. Há uma certa tendência para o espectáculo, é verdade. Mas as televisões têm sido espelho do nosso espanto.
É preciso lembrar que, logo no dia do maremoto, o balanço de mortos ficou-se pelos 11 mil. E que tem sido com horror que todos os dias descobrimos que esse número cresce, e cresce, e cresce... admitindo-se já que só na Indonésia tenham morrido mais de 100 mil pessoas.
Pelo número de mortos e pela especificidade do fenómeno, o caso impôs-se de forma brutal na primeira linha da actualidade.
É claro que tudo poderia ter sido mais discreto - os indonésios poderiam ter morrido em paz, ser enterrados longe dos nossos olhares, e os vivos talvez pudessem ir fazer-lhes companhia.
Mas não. Há umas televisões que não param de aborrecer os acomodados, de lhes mostrar o sofrimento de quem ficou sem nada, sem família, sem casa, sem comida.
O mundo, habituado que anda aos horrores, só já reage ao choque brutal. Essa é a verdade. Que as televisões, com todos os defeitos e todos os exageros, tornem universal a dor não me parece condenável.
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