segunda-feira, 30 de maio de 2005

Coitados... já quase

Escreve rui a. [Blasfémias]:
Na verdade, já quase não trabalhamos para nós, não produzimos rendimento que nos pertença, não temos direito a ganhar senão para o Estado.
É curioso, um destes dias pensei exactamente o mesmo. Estava parado, num semáforo da Marquês de Fronteira, atrás de um BMW, quando, naqueles breves segundos, outro BMW parou a meu lado. Dois trintões, presumo que com gel nos cabelos (isso ainda se usa?), com ar de quem estava a meio de um extenuante e produtivo dia. Só ainda não haviam decidido se acabaria no Lux ou na 24 de Julho...
Foi aí que pensei como o rui a. - vejam bem, estes dois coitados, de modesto bê-éme, comprado provavelmente com fuga aos impostos, os mesmo impostos que pagam a estrada em que circulam, a electricidade que ilumina a estrada, que faz o semáforo vermelho e verde, os impostos que pagam a polícia que lhes guarda o bê-éme, que paga a ambulância quando o mais-novo pede o bê-éme ao pai e se espeta no muro, coitado é da idade, os mesmos impostos que limpam o maço de cigarros que, displicentes, deitam para o chão, que regam as árvores que eles acham muito importantes nas cidades, não sabem é porquê.
Foi mesmo nisso que pensei: coitados dos proprietários destes dois bê-émes, já quase não trabalham para eles, não produzem rendimento que lhes pertença, não têm direito a ganhar senão para o Estado. Uma lástima!