Os bê-émes. Factos e fugas
A economia paralela assume em Portugal uma tal dimensão que quase faz desaparecer a outra, a real. Tirem o quase. Basta ler os relatórios de organizações internacionais sobre a economia portuguesa para percebermos, através de olhos mais distanciados, o enorme fosso entre os vários indicadores estatísticos e a realidade. A acreditar nos números, metade do país estaria à beira da miséria. E não está - um passeio de fim-de-semana pelos hipermercados de província (que raio de ideia...) seria suficiente para o desmentir.
Essa economia paralela é um outro nome da fuga ao fisco.
Como indicadores visíveis dessa realidade há os carros de luxo ou alta cilindrada, as férias esgotadas nas agências de viagens e esse fenómeno espantoso de a habitação de luxo no centro de Lisboa se vender melhor que a habitação mais normal dos arredores.
Isto é o retrato geral. Não quer dizer que toda a gente que tem um topo de gama não pague impostos. Quer apenas dizer que grande parte dessa gente não paga impostos.
Isto não é do foro da vida privada dessas pessoas. Quando alguém não paga os impostos que deveria pagar isso é de interesse público, porque, na verdade, estamos perante um roubo ao Estado, a todos nós.
O MacGuffin [Contra a Corrente] sabe que isto é verdade. Mas prefere ir buscar as tretas ideológicas do costume. Que nada têm a ver com isto, nem me interessa discutir.
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