Opinião, anonimato e responsabilidade
Que se escreva de forma anónima nos blogues nunca me incomodou. De resto, este blogue já teve, quanto à assinatura, configurações diversas. Sendo formalmente anónimo (JMF nada quer dizer), na substância nunca o foi.
Que os blogues, mesmo anónimos, exerçam uma função de watchdog em relação aos poderes, sejam eles políticos ou mediáticos, também não me incomoda. Sou daqueles que acha que as cartas anónimas não devem ser publicadas, mas que o seu conteúdo é passível de investigação. Contextualizo, por isso, as denúncias sobre pessoas e factos que vou lendo nos blogues, assim como nas muitas notícias baseadas em fontes anónimas. No que a matérias de facto diz respeito, quase que por tique profissional, habituei-me a joeirar as coisas, a tentar perceber o que é facto factual e o que não passa de facto ficcional.
Já quanto à opinião, tudo muda. Que valor tem uma crítica, uma opinião, face a um político, um juiz, ou um jornalista, quando essa opinião vem de alguém que se esconde atrás do anonimato ou do pseudónimo? Nesses casos, não estamos, de facto, perante opinião, mas apenas face a bocas. Equivalem àqueles apanhados de rua que as televisões fazem quando querem saber o que pensam as domésticas e os desempregados acerca da contenção da despesa pública. Podem ter um interesse lúdico, para quem não tem mais nada que fazer. Pouco mais.
PS: o josé, que escreve na Grande Loja, salvo erro num comentário no Quarta República, acerca desta questão do anonimato, vai buscar Cunhal para dizer que nunca ninguém se incomodou com o pseudónimo de Manuel Tiago. Isto é misturar alhos com bugalhos. Trazer o pseudónimo literário para a conversa é colocar a opinião dos blogues ao nível da ficção. É claro que se uma opinião destas tivesse sido expressa, por um exemplo, por um magistrado, eu ficaria bastante preocupado - que raio de critérios usará ele na sua vida profissional? Mas, como se trata de uma opinião anónima, passo à frente.
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