Enviesamentos
Como sempre, são muito estimulantes as reflexões de JPP [Abrupto] sobre os media, desta vez, mais especificamente acerca do «enviesamento» da informação.
Ainda há dias JPP se interrogava se a questão Prisa/TVI não deveria ser tratada nas secções de Política e não nas de Media, como a generalidade dos jornais estão a fazer.
[A questão levanta outra mais remota - nos jornais de referência, a Política é a secção nobre, mas, de facto, é nas de Sociedade, Regional ou Economia, por exemplo, que mais política se faz. É lá que, de forma ora ingénua ora mais manipulatória, se tratam as questões reais da governação - saúde, educação, qualidade de vida, economia - e é lá que os governos são todos os dias julgados, por vezes sumariamente. Nas secções de Política, esgrime-se retórica, é o reino do vazio.]
É curiosa, esta proposta. O caso Prisa/TVI deveria passar para a Política porque, à partida, deveria ser feito um julgamento. De que aquilo não é um negócio, mas sim um negócio político. Ou seja, o alinhamento dos jornais deveria, no fundo, reflectir a agenda da oposição e não uma agenda mais tradicional, ligada ao tema em apreço. Tomando esse princípio, se a oposição acusar o Governo de conduzir mal o combate aos incêndios, eles passam da Sociedade/Regional para a Política, se a oposição achar que o Governo está a interferir na Liga de Futebol, o campeonato deve ir para a Política. E a inversa seria, obviamente verdadeira - se atendessemos aos desejos dos governos (sempre interessados em despolitizar tudo), as secções de Política ficariam às moscas.
Num cenário desses, os media ficaram ao sabor de agendas externas, políticas. Ou seja, de envisamentos externos. Enviasamentos esses que talvez já fossem positivos...
<< Home