terça-feira, 30 de março de 2004

Ainda a morte

A propósito de um caso doloroso relatado há dias, escrevi que o que mais me indignava é que a culpa do sucedido era das pessoas e não do sistema. O Tempestade Cerebral discorda - não culpa apenas as pessoas, mas igualmente o «monopólio estatal».
Os monopólios, na saúde ou noutras coisas, são sempre negativos. Isso não me parece oferecer qualquer dúvida. Mas não aceito que, em nome do sistema, se deixe morrer uma pessoa. Porque aquela pessoa passou por vários hospitais, foi seguramente vista (já não digo observada...) por várias pessoas. São essas pessoas que integram o sistema, desempenham funções, são por elas remuneradas - não é aceitável qualquer comportamento desresponsabilizante. Porque, mesmo não havendo monopólio (na prática, ele já não existe, só existe na colheita dos impostos) qualquer cidadão tem de exigir que os serviços geridos pelo Estado (logo, pagos pelos cidadãos) funcionem. E não há erros de gestão que desculpem a negligência concreta.