Wishful opinion
Alegre é corajoso ou cobarde, a esquerda ganha ou perde em ir dividida, a direita ganha ou perde com mais ou menos candidatos à esquerda, APENAS conforme os desejos de quem opina.
Everybody Knows This Is Nowhere - Neil Young
Alegre é corajoso ou cobarde, a esquerda ganha ou perde em ir dividida, a direita ganha ou perde com mais ou menos candidatos à esquerda, APENAS conforme os desejos de quem opina.
Este ano - vá lá saber-se porquê, estarei menos popular? - ainda ninguém me pediu para responder a um inquérito de Verão. Não faz mal, respondo na mesma. Por exemplo, à questão n.º 9:
O líder da oposição sugeriu ontem que o Tribunal Constitucional deveria ser chamado a pronunciar-se sobre as reformas dos funcionários públicos.
A série mais escaldante do estação corre no Libé. Há dias (Vendredi, c'est sodomie), a capa do suplemento de Verão tinha o seguinte título: «Les femmes, ces enculeuses. La sodomie se banalise chez les hétéros. Les femmes serait demandeuses, surtout côté actif.»
A limpeza coerciva das matas prossegue, paulatina. Esta noite é em Pombal. Podia ser noutro sítio qualquer.
[Ou Aguentem aí um bocadinho que só faltam três meses para o fim da crise... (onde é eu já ouvi isto?)]
Há pessoas que têm preconceitos. Contra a ciência, por exemplo.
A Lusa publicou ontem uma notícia muito interessante, da qual não encontro rasto na Net. Alguém sabe mais alguma coisa? Como compreendem, o assunto é sério.
Eram duas da manhã e ainda estava com mais um episódio do Donas de Casa, gravado poucas horas antes. Acho que, desta vez, na Fox. Acho... porque nunca sei a que horas passa a série e onde. Sic, Fox? Entre repetições, mudanças de horário, episódios aos pacotes, vale tudo. Enquanto não chega a versão DVD, o único remédio é ir espreitando as programações, gravar às escuras, o diabo a sete. Acompanhar a história, tornou-se uma aventura. No sábado, a Fox lá vai passar mais três episódios de enfiada. Já vi? Sei lá. É gravar e depois logo se vê.
Bastaram quatro visitas do primeiro-ministro aos fogos e duas interrupções de férias do senhor Presidente para que a coisa amainasse. Os comentadores tinham razão.
A f. [Glória Fácil] regressou de férias e a primeira coisa com que deparou foi com um anúncio de um detergente e coisa e tal, o achincalhamento da mulher e mais aquilo.
Sous aucun pretexte
A minha avó, que não sabia ler nem escrever, sentia um certo incómodo, vergonha mesmo, sempre que, para dar autentiticidade a um documento, tinha de sujar o dedo e deixar a impressão digital. Não tinha conhecimentos suficientes para saber que uma impressão digital vale mais, quanto à responsabilidade civil e criminal, que uma assinatura. Mas percebia que, tratando-se de uma questão de honra, de empenhar o seu nome num acto, nada poderia substituir o seu nome grafado pelo seu punho.
O Luís [A Natureza do Mal] é então presidente do conselho de administração de uma empresa. Mas (e este mas fará alguma diferença), essa empresa dedica-se, por exemplo, ao import/export (que raio de expressão) de madeira, e possui, digamos, 300 e tal armazéns pelo país fora. Acontece que, todos os anos, ardem, mais ou menos pela mesma altura, dez armazéns (ou parte desses armazéns, para ser mais exacto na metáfora). Para que a metáfora tenha um mínimo de credibilidade, falta acrescentar que, no conselho de administração, há um elemento que tem a seu cargo a gestão dos armazéns e outro a gestão de catástrofes, incêndios incluídos.
O Manuel acaba de escrever uma coisa sensata: «Dividir o mundo entre uns e outros é no mínimo contraproducente.»
O Manuel dá a conversa por acabada.
Que se escreva de forma anónima nos blogues nunca me incomodou. De resto, este blogue já teve, quanto à assinatura, configurações diversas. Sendo formalmente anónimo (JMF nada quer dizer), na substância nunca o foi.
... poderá o Manuel esclarecer-nos acerca da coragem que é necessária ou do que é preciso abdicar para ter opiniões fortes e polémicas e incómodas para os poderes em blogues feitos por antigos e actuais assessores de gabinetes governamentais, filhos de famosos advogados da praça, ou simplesmente em blogues colectivos tipo «sociedade anónima», if you know what I mean.
Isto da escrita é uma coisa tramada. Escrevemos e, vaidosos que somos, achamo-nos graça e chegamos a pensar que temos razão.
O Abrupto publica um mail de Estrela Serrano, criticando os que criticam as férias do primeiro-ministro, e que toca num tema pouco debatido na blogosfera: a (ir)responsabilidade dos comentadores. Um excerto:
[O Verão é o tempo por excelência das reposições. Enfim, presumo que apenas por falta de motivo. Ou de paciência para fazer de novo. Aí vai, então, um copy & paste de um texto aqui publicado em Setembro de 2003.]
O Diogo Mainardi é um betinho da elite brasileira com jeito para o português. Apenas isso. Escreve mal do Lula numa perspectiva do contra. Uma espécie de Vasco Pulido Valente, mas com alvo. Ele não critica acções concretas, objectivas, de Lula. Ele critica TUDO em Lula. Como a velha cassete do PCP em relação aos capitalistas. Tudo mau. Não percebo qual o interesse deste tipo de posições. Nem o arrojo de quem as toma.
Em alguma blogosfera, os noticiários da TVI tornaram-se subitamente modelos de jornalismo.
No país onde os juízes, professores e mais uns tantos têm meses de férias. No país onde cada feriado equivale, em média, a dois ou três dias de ausência do trabalho, entre pontes e outros expedientes. No país onde os servidores do Estado têm um vasto leque de cláusulas que legalizam a balda. No país que tudo faz para garantir as mais baixas taxas de produtividade do mundo civilizado e do outro mundo. Nesse país, clama-se que o primeiro-ministro não pode ir de férias. Porque o país «está a arder», como esteve em todos os verões da nossa memória. Porque, obviamente, o exemplo tem de vir de cima. E nós, sem exemplo, somos lá capazes de sobreviver.
Voltando a Vilar Formoso. Num rápido zapping por duas ou três estações de rádio, sou informado de que «vários distritos continuam em chamas».
Há dias, a fronteira de Vilar Formoso era o prelúdio do fim do mundo. O ar abafado, o horizonte em tons de vermelho sujo, o ar irrespirável. O fumo parecia desconhecer Schengen, respeitava a fronteira. No Rádio Clube, passava There's a Kind of Hush, dos Carpenters, a canção mais estupidamente feliz que existe à face da terra. Percebi que algo não batia certo. Estava de regresso à Pátria.