quinta-feira, 30 de setembro de 2004

Terrorismo

As bombas mataram hoje quase 40 crianças em Bagdad.
Parece-me excessivamente simplista culpar os terroristas.

A crise dos media

Passei na banca e não consegui comprar o jornal. O ardina - chamemos-lhe assim - estava afogado em tachos e panelas, fascículos e coleccionáveis, coisas sem fim. Um bazar chinês, como tantos que por aí florescem. Olhou, então, para mim o ardina e disparou: «Não quer antes a porcaria deste DVD que é quarta vez que aqui chega? Ou a quinta História de Portugal, a oitava enciclopédia, a reprodução das abelhas explicada às criancinhas?». Os olhos saiam-lhe das órbitas e aproveitei a chegada de mais uma carrinha da distribuição - é quinta-feira e começavam a distribuir o saco do Expresso - para, discretamente... basar. Eu disse basar? Ou seria... bazar?
Esta semana, o pequeno mundo (cada vez mais pequeno, diga-se) dos media portugueses ficou a saber aquilo que já sabia - que, no primeiro semestre do ano, se venderam menos jornais, menos revistas. Olha que novidade, há semestres que é assim.
E, curiosamente, foi nestes semestres que as tais promoções se especializaram. Sejamos sérios - nunca se venderam tão bons CD, DVD, livros, coleccionáveis e afins nas ruas de Portugal. Há produtos para todos os gostos, mas a maioria é de qualidade. Romances e ficções, investigações e reedições. Tudo de alta qualidade, ajustado ao público - target, dizem eles -, tudo muito bem acondicionado.
Mas os jornais e as revistas continuam a vender pouco. Muito pouco. Cada vez mais pouco.
Porque a verdade é que, nos últimos semestres, as empresas de media esqueceram-se daquilo que nunca se lembraram nos muitos anos que já lá vão - investir na alma do negócio. É verdade - antes de venderem tachos e panelas, botões para as lapelas, os jornais vendiam notícias, histórias, sonhos até.
E, agora, diga-me lá - há quanto tempo não lê uma boa reportagem feita por portugueses num jornal português. Daquelas reportagens que levam mais que três horas a investigar e mais de duas a escrever. Que não se fazem ao fundo da rua, na casa da vizinha, num canto da redacção?
Pois, jornalismo. É disso que se têm esquecido de fazer as empresas de jornalismo. A resposta até está nos tais barómetros semestrais - os poucos jornais e revistas que ainda se vão aguentando, que perdem menos leitores, são aqueles que ainda vão investindo umas migalhas em jornalismo. As outras, parece que fazem bons negócios com tachos e panelas. Porque não mudam definitivamente de ramo?

Dois pesos, a mesma tolerância

Governo concede tolerância de ponto na segunda-feira.
Nos tempos de Guterres, isto era regabofe, bandalheira, facilitismo.
Agora (e no tempo de Durão..), não.

quarta-feira, 29 de setembro de 2004

Entretanto, no sítio do costume

Israeli forces killed three Palestinians, including two teenagers, on Wednesday after storming into the northern Gaza Strip for the third time in as many months to quell Palestinian rocket fire into Israel.

A rocket attack from the Gaza Strip killed two Israeli children at a southern town on Wednesday, the first such deadly Palestinian missile strike for three months, medics said.

Para evitar equívocos

O Paulo Gorjão deveria clarificar um pouco aquela coisa das mudanças da Bélgica para Portugal... Não vá alguém fazer uma notícia de jornal baseada num equívoco...

Dá-me música (II)

Em quem vota Bob Dylan? Ora aí está uma boa questão. Mas, se a pergunta é boa, a resposta não me interessa. Porque dali já espero tudo. O que às vezes é bom, outras nem por isso.
[A ilustração é excelente.]

Turbo justiça (II)

O Paulo tem razão. Eu ainda poderia imitar os cínicos - dizer que nenhum de nós conhece os pormenores dos vários processos em causa e, portanto, não deveríamos opinar de ânimo leve. Mas a verdade é que não é necessário conhecer os processos, nem ser jurista, para perceber que o carácter completamente aleatório que se instalou na justiça - pelo menos, na que é mediatizada - não nos pode deixar descansados.
A minha perplexidade vem, talvez, do facto de a onda de indignação que por aí anda redundar na defesa de situações que condeno. Mas, é claro, com isto estou a ser menos cego do que a justiça deveria ser.

Dá-me música

Qu'est-ce qui fait pleurer les blondes?

Post-de-quem-está-com-pressa

Bom dia!

O PS e os comentadores

Dou-me cada vez pior com os lugares-comuns. Deve ser falta de paciência, uma forma educada de me referir à minha própria idade.
Um dos lugares-comuns em que mais tropecei nas últimas semanas respeita à corrida para a liderança do PS. Que foi uma troca de insultos, ouvi. Que foi um deserto de ideias, li. Que nada de novo trouxe, disseram.
O lugar-comum: a política caiu no vazio.
Discordo.
Como raras vezes antes, discutiu-se política. Com ideias, com propostas marcadamente diferentes. Com propostas construtivas, no caso, de uma alternativa. Até com elevação, apesar das picardias normais, e até desejáveis, nestas coisas.
Parece-me que, nestes longos meses de campanha, ficou claro que Alegre e Sócrates têm um PS bem diferente um do outro na cabeça [parece que havia um terceiro candidato...]. A política de alianças, o papel do Estado, o aborto... uma data de coisas em que divergem e sobre as quais se pronunciaram.
E tudo isto foi feito em público, com clareza de linguagem.
Pela parte que me toca, estava bastante curioso acerca do desfecho, embora não tivesse dúvidas sobre o vencedor. Mas, pela primeira vez, ia ser esclarecido acerca do que pensa e que quer o eleitor médio do PS - parto do princípio de que os militantes são, de alguma forma, representativos do eleitorado.
Após o recentramento da era Guterres, interessava-me saber que PS temos, onde exactamente se coloca ele no espectro partidário.
Sobre isso, esta disputa pela liderança foi clarificadora. Como poucas vezes na política portuguesa. E é por isso que não entendo os comentadores.

Turbo justiça

A justiça não funciona. Ou funciona mal, o que, tratando-se da justiça, vai dar ao mesmo.
Justifica-se, apesar disso, que uma série de blogues estejam a inverter as coisas e a indignar-se com a prisão preventiva de um condutor (!!!) que matou três pessoas numa exibição (!!!) em Palmela?

terça-feira, 28 de setembro de 2004

Parece-me justo

El cámara de Telecinco José Couso, muerto en Irak, obtendrá la condición de víctima del terrorismo con el fin de beneficiarse de la compensación económica prevista por el Gobierno para estos casos.
José Couso morreu durante um ataque dos americanos contra os jornalistas instalados no Hotel Palestina.

Há vida para além do blogue?

Hum, hum...

Intervalo

Volto já. Só não sei quando. Hoje, talvez.

segunda-feira, 27 de setembro de 2004

Sexo dissecado

E esta recente vaga de mulheres a exporem a sua sexualidade pseudo-mitológico-desinibida apenas reflecte uma fase de excesso de livros de culinária no mercado.
O António no seu melhor.
E o título deste post nem é nada. É só para chamar a atenção. O que já é muito. A mim, arrepia-me.

Mira, que se hace luz (e mas una pipa de masa)

A SIC está a noticiar, com provas, que Mira Amaral já tinha garantido um lugar na administração da EDP no início de Agosto, mais de um mês antes de bater com a porta na Caixa Geral de Depósitos e arrecadar uma reforma milionária.
Não vale a pena pedirem a opinião ao ministro das Finanças - ele considera a situação quase obscena.
Quanto a Celeste Cardona, terá comentado: «Gananciosos... Eu tive que viver dois meses debaixo da ponte, até me arranjarem este tachinho».

Bem pregas...

Antes de tão apressadamente ires votar Bush, não queres averiguar primeiro em quem votam Dylan, Cohen e Cave. Como compreendes, Presley e Cash não contam para este campeonato. E não me venhas com a treta de que nenhum dos outros três é americano.

E se?

A esta hora, presumo, já deve andar muita gente a procurar se alguma criança se referiu a um senhor que ia à televisão, vestia roupa de marca e tinha a mania de estar sempre a citar autores famosos nas entrevistas.

domingo, 26 de setembro de 2004

David, o refém

Ainda as entrevistas do ex-ministro David Justino.
Diz que não escolheu equipa, que estava rodeado de incompetentes e que o primeiro-ministro não atendia os seus pedidos.
Saiu do Governo apenas porque Durão rumou a Bruxelas. Caso contrário, teríamos mais dois anos um ministro cercado, cerceado, refém.
Isto é patético.

Os donos de casa

Não sei de quem é a maior patetice: de quem teve a ideia; de quem nela participa; ou de quem acha que um tal fait-divers pode ter honras de primeira página. Mas que a capa da revista Única/Expresso - sobre uns cursos que estão a ser dados em Lisboa para que os homens aprendam a lida doméstica - é uma perfeita patetice, sobre isso não tenho dúvidas.
Que coisa mais machista poderá haver que aulas para ensinar a homens aquilo que, nas mulheres, resulta da socialização, também ela doméstica?
Presumo que existam, igualmente, cursos que ensinam as mulheres a irem ao futebol, a conversar nos cafés de província e por aí fora.
Se há alguma coisa a mudar nos papéis que os dois sexos desempenham na sociedade - e há, seguramente - fazê-lo desta forma artifical parece-me o pior caminho.
Esta inversão de papéis - ou, se quiserem, esta igualização sexual - por via escolar, em horário pós-laboral, parece mais ideia de sitcom americana que coisa para levar a sério.
Estamos, pois, no reino da pura caricatura.

Mudar

Na entrevista de David Justino ao Expresso, há uma frase muito significativa: «Mais grave que mudar de partido de Governo é mudar de Governo dentro do mesmo partido».
O facto de esta frase ser publicada no dia em que o principal partido da oposição elege, por maioria esmagadora, um novo líder, após uma das mais abertas discussões políticas dos últimos anos, confere uma ainda maior importância às palavras de Justino.

Pingue-pongue na 5 de Outubro

Não podem deixar de espantar as declarações das últimas horas sobre a bronca na colocação de professores.
A começar pelas de David Justino, que dispara em todas as direcções - o alvo central é um ex-secretário de Estado, mas até Durão sai chamuscado -, ficando-se com a sensação de que há ali uma fuga para a frente que só o tempo ajudará a entender totalmente.
Mas o tal secretário de Estado e mesmo alguns membros do actual governo também dão o seu contributo para este passa-culpas, que tem novamente no Expresso o seu auge, quando, pela segunda semana consecutiva, se assassina publicamente um quadro do ministério «nomeado nos tempos de Guterres».
Se juntarmos a isto o algo enigmático comunicado da Compta mais uns rumores que por aí circulam, temos o quadro completo. A confusão completa, digo.
Perante tudo isto, o apuramento das responsabilidades é mais que obrigatório. E, obviamente, não basta qualquer inquérito interno na 5 de Outubro.
Isto não pode, é claro, fazer esquecer o essencial: a urgência da resolução do problema.
Numa outra fase, seria útil discutir mais maduramente, não o sistema educativo em abstracto (para isso bastam os debates televisivos...), mas aspectos mais concretos. Por exemplo, a forma de ultrapassar este drama anual das colocações - presumo que todos ganharíamos se as escolas (e os professores) gozassem de maior estabilidade. Sei, porém, que discutir isto será pedir muito.

sábado, 25 de setembro de 2004

O estado da Nação

Acabei de ouvir na rádio: algumas regiões do Alentejo mudaram do alerta laranja para o alerta azul.

Feliz fraude

Uma das «reformas» do Governo Durão foi mudar as regras (e o nome...) do Rendimento Mínimo Garantido. Um dos problemas (reconhecido por muitos) seria a elevada percentagem de fraudes. [Estudos posteriores revelam que alguns dos problemas mantêm-se e outros foram agravados, mas isso já é outra história.]
Agora, o Governo Santana avança com uma nova Lei das Rendas, em que os subsídios aos mais desvalidos levam uns milhões do orçamento.
Como tenciona Bagão Félix - o homem que acabou com o Rendimento Mínimo Garantido por causa das fraudes - evitar que o mesmo (embora em maior escala...) aconteça desta vez?

Sem respostas no Iraque

As mesmas sondagens que dão uma confortável vantagem a Bush sobre Kerry na corrida para a Casa Branca mostram igualmente que os americanos gostariam de assistir a mudanças profundas de várias políticas, nomeadamente no que respeita ao Iraque.
Lá - como pelos vistos noutras bandas... - temos assistido a uma sucessão de declarações contraditórias, seguramente baseadas nas sondagens. Ou melhor, tentando tirar partido das eventuais vantagens apontadas pelos números. É por isso que, tão depressa vemos alguém da Casa Branca garantir que haverá eleições no Iraque em Janeiro de 2005, como logo outro admite que talvez sim, mas apenas nas zonas estabilizadas - o que, convenhamos, seria uma farsa que abriria as portas aos cenários mais inacreditáveis.
Mais - após meses em que se garantia que os EUA ficariam até que todo o Iraque estivesse normalizado, ontem Rumsfeld veio admitir que talvez saiam antes.
É claro que, por lá, estão em campanha eleitoral e é, por isso, normal que surjam algumas declarações mais surpreendentes.
Mas também é verdade que, agora como há dois anos, os EUA não fazem a mínima ideia de como sair daquele atoleiro.
Uma coisa é certa - para resolver a enorme embrulhada que por ali está é necessário, antes, reconhecer o erro. Reconhecer uma série de erros.
Já se percebeu - basta ouvir/ler o que tem dito Bush nas últimas semanas - que esta Casa Branca nunca reconhecerá o erro. O seu autismo é genético.
Sobre tudo isto tenho certezas. As dúvidas surgem quanto às alternativas. Será que Kerry seria o homem certo para mudar o rumo aos acontecimentos? Pois...

sexta-feira, 24 de setembro de 2004

Sai mais um benefício fiscal

- Tá? Tá lá? É do gabinete do doutor Bagão? Queria só dar uma ideia [El Gobierno anuncia que los contribuyentes se ahorrarán 175 millones con la deflactación del IRPF]... Não levem a mal.

Pensamentos Profundos, II vol, páginas 34-35

Taxas moderadoras? Sim.
Taxas moderadoras? Não.
Sou um moderado.

Declarações avulsas e ligeiramente irritadas, II série, 95.º vol. (excerto)

- Sr. Presidente, como comenta a permanência da GNR no Iraque anunciada hoje pelo primeiro-ministro?
- Não comento, porque não ouvi e porque não falei com o primeiro-ministro. Não há com certeza nenhuma decisão sobre isso.
- Mas o primeiro-ministro já anunciou...
- Sobre esta matéria não houve qualquer conversa entre mim e o Governo com significado que mereça sequer ser relatada. Não se trata de forças armadas, pois sobre isso eu seria obviamente consultado e a minha opinião seria significativa.
- Mas são da GNR, senhor Presidente.
- Conforme eu já tinha combinado com o Governo anterior, eles fingem que mandam a GNR, mas mandam uns gajos com treino, veículos e balas militares. E eu cumpro a minha parte - finjo que não vejo, ou finjo que aquilo é a mesmo a GNR. O Governo actual, pelos vistos, aposta na continuidade das políticas. Como eu gosto. Nada mais a declarar.

Os ontens que já cantavam

Ou se está na vanguarda. Ou, pura e simplesmente, não se está.
Ao publicar, em pleno dia 23, uma comunicação do Grande Camarada Miguel Urbano que apenas será proferida hoje, dia 24, o Anacleto mostrou o que é que tem que é diferente dos outros.
Entretanto... a incompetência do sistema capitalista que gere o Blogger atirou com os links, e aqueles símbolos que nos enchem o coração de alegria, lá para o fundo. Kill the yankee, kill.

quinta-feira, 23 de setembro de 2004

Bolsa de Lisboa - Índice Tacho de Ouro

Celeste Cardona bate Mira Amaral.

A Educação e o Bloco Central

Quando David Justino chegou ao Ministério da Educação, há dois anos e meio, a primeira medida que tomou foi suspender a aplicação de uma revisão curricular preparada, ao longo de meses, pelo PS.
Quando David Justino saiu do Ministério da Educação, há três meses, a primeira coisa que o Presidente da República fez foi vetar uma revisão de uma Lei de Bases, que o PSD levara meses a preparar.
Ambos os documentos sofriam contestação de vários quadrantes, o costume na Educação, pelo que pouco adianta discutir agora o mérito de ambas as iniciativas. Algum haveriam de ter, assim como deméritos, seguramente.
A história serve apenas para ilustrar como a Educação é tratada por estas bandas. Dir-me-ão que esses grandes documentos pouco afectam a vida escolar - mas isso não é verdade porque, se há sector em que as reformas têm reflexos na actividade quotidiana, esse sector é a Educação.
Acho curioso que as mais brilhantes (presumo...) cabeças do sector andem anos enroladas em reformar o sistema para que o seu trabalho seja depois deitado para o caixote do lixo por puro capricho.
E o sector da Educação ainda é daqueles que mereceria algum consenso entre as várias forças políticas, e não só. Conto esta história agora porque, ou me engano muito, ou alguém vai aparecer por aí a propôr um pacto de regime ou qualquer sucedâneo.

quarta-feira, 22 de setembro de 2004

Audiências das Quintas, 2.ª Série, Volume II (excerto)

- Pedro, tenho de lhe tirar o chapéu. E dar-lhe os parabéns.
- Muito obrigado senhor Presidente.
- O ano escolar começa da melhor maneira.
- Anh?
- Sim, Pedro. Admiro a vossa persistência. Até à última hora, não desistiram...
- (!!!)
- Era preciso esgotar todas as hipóteses. Explorar ao máximo as potencialidades do sistema instalado...
- (!!!)
- Era disso que falava quando me referia à continuidade e à estabilidade das políticas. Se o Governo do Zé Manel deixou um sistema instalado, porque haveria o Pedro de se preocupar, de o mudar? Estabilidade Pedro, estabilidade.
- Mas, senhor Presidente...
- E, depois, Pedro, há o défice. O País não pode andar a fazer experiências. Muito menos experiências que onerem o Estado.
- Pois sim, senhor Presidente. Só foi pena termos desistido, estamos a fazer à mão...
- Que importa isso, Pedro? Tenhamos esperança que ainda corra mal... Não se esqueça, Pedro, o essencial é manter a continuidade das políticas.

Cohen

Disco novo aos 70. Só não percebo porque não podemos ter um cheirinho disto. Vá lá, só 30 segundos...

terça-feira, 21 de setembro de 2004

Mau, muito mau

Não dr. Pacheco Pereira, não há «um problema estrutural de competência [neste] governo». Porque, por exemplo, o que falhou na colocação de professores foi um sistema informático montado pelo Governo de Durão Barroso, o tal que colocou a Sociedade da Informação e as novas tecnologias no topo das prioridades.

O erro da «régie»

O momento da noite foi quando José Rodrigues dos Santos - farto de encher pneus e à beira de desistir - foi obrigado a desmentir o que acabava de passar em rodapé: «Demitiu-se a ministra da Educação». «Foi um erro na régie», disse o Zé. O computador da régie terá sido instalado pela Compta?

Quem vai Santana/Expresso enxovalhar na próxima edição?

Só espero que aqueles «dois funcionários do Ministério da Educação do tempo de Guterres» estejam agora, de castigo, a colocar professores à unha...

Póste escriptum

Gosto, especialmente, daquela parte do «Aborto No Bush». 'Bora, aborto nele.

E o princípio do prejuízo-benefício?

Definitivamente, o princípio do utilizador-pagador veio para ficar. E os benefícios fiscais entraram na ordem do dia.
Por isso, aqui vai o meu pedido ao próximo ministro da Educação (pelas minhas contas, deve tomar posse a meio da semana que vem...):
Tendo em conta que o contrato assumido entre mim e o Estado implica que parte dos meus impostos sejam destinados a um ensino minimamente decente para os meus filhos;
Tendo em conta que o atraso na colocação de professores fará com que as actividades lectivas a sério apenas comecem lá para meados de Outubro (estou a ser optimista);
Tendo em conta as despesas extraordinárias que estou a ter pelo facto de as escolas dos meus filhos ainda estarem encerradas;
Venho por este meio solicitar a quem de direito um benefício fiscal extra na próximo ano fiscal (dispenso juros de mora).
Em alternativa, aceito senhas categoria A para a utilização dos hospitais públicos, ou o desconto Gold na compra do passe L (Carris e Metro). Declaro, igualmente, que não aceito o pagamento em PPR, PPR-E ou PPH. Bom, se for uma Conta Reforma da Caixa Geral de Depósitos, prometo que vou pensar.

Buá. Buá !

Buá... Buá... Aquele menino bateu-me. Menino mau, menino mau...

O Anacleto

Foi na blogosfera que aprendi a sacar da pistola logo que alguém se apresenta como liberal. O que querem? Entre o muito que não sabia e por aqui aqui aprendi está essa coisa espantosa de «liberal» significar no dicionário da quase totalidade dos liberais «conservador, reaccionário, extremista, radical de direita, católico fanático, capitalista selvagem...» Enfim, tinha uma noção menos liberal de «liberal»...
Outra coisa que aprendi é que esses ditos «liberais» vivem num mundo que não é o meu. Um mundo em que os media são comandados por maliciosos comunistas e os políticos, tirando o George W. e o moço Blair (embora este, apenas nos dias pares...), são comandados por uma pandilha de Louçãs, Rosas e Alegres.
Com o tempo, percebi que se trata de um mero problema de óptica - vêem mal ao perto. E, como se colocam a eles próprios num extremo da política, a vista apenas alcança o extremo oposto. Pelo meio, um longo deserto desfocado.
Às vezes, dou comigo a imaginar o que fariam eles se o Barnabé fosse desligado. Ficavam sem respiração artificial, definhavam...
Eu acho que eles também já pensaram nisso. Por isso, inventaram o Anacleto - a caricatura dos seus fantasmas. Não pensem que se trata de uma brincadeira - aquilo é a sério. Pelo menos, para eles.

Para a história da luta de classes

A 27 de Julho, um rapazola açoriano chamava-me «abastado capitalista» porque eu tinha metido umas férias de 15 dias, intervalados com outros 15...
Acontece que o tal rapazola parou de escrever nesse dia 27 de Julho e regressou agora, a 19 de Setembro.

segunda-feira, 20 de setembro de 2004

Sai um PPR-E para o Daniel (embora os PPH sejam melhores...)

O Estado precisa de se financiar para pagar alguns serviços que nos presta (cada vez menos... veja-se o aumento dos passes, já no mês que vem) e uma data de mordomias a uma gajada da côr (veja-se o affair Mira Amaral...).
O Estado decide então pôr a chamada classe média - basicamente a malta que trabalha por conta de outrém, que produz riqueza, e não tem maneira de fugir aos impostos - a pagar a despesa. E vai daí saca-lhe nas taxas moderadoras, nos benefícios fiscais, nas portagens... Tudo junto, há famílias remediadas que irão à falência.
O Estado poderia ter optado por sacar o dobro da massa no off-shore da Madeira, nos bancos cá da terra, ou mesmo de duas ou três empresas de sucesso cotadas na Bolsa e tudo e que usam os esquemas mais manhosos para não pagarem um tusto.
Mas não, a classe média é a vítima perfeita. Porque só a classe média seria roubada desta maneira e ainda aplaudiria. Porque a classe média é, por definição, uma classe cheia de complexos - já foi pobre, subiu na vida, e olha para baixo com um misto de arrogância e comiseração. Ponham-lhe um ministro beato a anunciar justiça social (vejam bem, não é preciso que faça, basta anunciar...) e a classe média desfaz-se em lágrimas.
O Daniel Oliveira [Barnabé], já se percebeu, é da classe média.
[PS: os planos poupança não mordem, Daniel. São dóceis - qualquer banco lhe faz dois ou três em cinco minutos. Não se meta com advogados ou contabilistas... Nunca viu os milhares de contos que os bancos gastam em publicidade no fim do ano? Se calhar, o Daniel não conhece bem o país e há muito mais gente a usar esses bichos-de-sete-cabeças do que imagina - eles servem, por exemplo, para comprar casa ou ajudar a pagar a universidade. Luxos...]

domingo, 19 de setembro de 2004

Não há ambiente

Um destes verões, estava eu a banhos, o Expresso resolveu atirar-me com uma manchete que andaria à volta disto: «Sócrates põe ordem no litoral». Os termos exactos não serão estes, o ano não me lembro. O homem era, então, ministro do Ambiente.
Anos antes - lembrei-me nesse Verão - andava eu atrás de Carlos Pimenta, primeiro, e Macário Correia, depois. Deve ter sido pelos anos de 85/87, era eu estagiário. Bem cedo, o carro da rádio lá ia para a Arrábida, numa altura, para a Fonte da Telha, noutras. Por entre bulldozers e gente que gritava, que se opunha, havia sempre um ministro, um secretário de Estado, que, empenhado, garantia que aquilo era para levar a sério.
Voltei à Fonte da Telha há uns dois ou três anos - aquilo parece Bagdad libertada. Há escombros por todo o lado, alguns deles eu ainda deveria lembrar-me deles fosse a minha memória mais dada a essas coisas, há lama a rodos, o caos impera. Um bairro da lata à beira mar plantado.
Quanto à Arrábida, o ministro Nobre Guedes acaba de dizer que vai resolver o problema... Outra vez?
No litoral, das Torres de Ofir à ilha da Armona, está tudo pior do que há 5 anos, há 10 anos, há 20 anos...
Do resto será melhor nem falar - por exemplo, o litoral alentejano vai sendo assaltado. Lentamente, ou não fosse alentejano.
É por isso que assisto com alguma indiferença a mais uma rodada de promessas nesta área. Este é um daqueles casos eu que nem sequer acredito depois de ver, quanto mais antes. Na Fonte da Telha, até demoliram... para ficar tudo ainda um bocadinho pior.

sábado, 18 de setembro de 2004

Mais rápido que a própria sombra

Público, 16 Set, 21:20
O primeiro-ministro reiterou que vai ordenar a instauração de um inquérito para apurar responsabilidades.
Expresso, 18 Set, 01:00
A ministra Carmo Seabra vai exonerar altos quadros do Ministério até ao final do mês.
(...)
E reparem neste pormenor:
Santana: «Os responsáveis pelo sistema (que falhou) estão em funções desde 1996.»
Ministra: A substituição destes quadros - que exercem funções desde os anos 90 e foram nomeados pelo Governo de António Guterres - já está em curso.
Fantástico, não é?

sexta-feira, 17 de setembro de 2004

Mira... otras pipas de masa

«Não contem mais comigo para a política».
Mira Amaral referiu ainda ter recebido já dois convites para funções não executivas em empresas privadas.

'Tá bem

Eu apenas achei curiosa a frase «deixemos de lado o facto de ser um governo PSD, PP, PS ou o raio que os parta». O MacGuffin é que viu nisso uma tempestade.

As células adormecidas da Av. 5 de Outubro

Durante anos e anos, um grupo de maldosos e incompetentes trabalhou regularmente no Ministério da Educação, aguardando a oportunidade de mostrar o seu know-how. Aproveitaram a abertura do ano escolar 2004-05...
Esta é a visão que o MacGuffin [Contra a Corrente] tem das coisas. É claro que, se o governo fosse PS (safa....), PS/PCP (horror...) ou PS/BE (vá de retro...), o MacGuffin diria exactamente o mesmo. Sendo que eu, nessa altura, chamar-me-ia Teresa, viveria em Calcutá e trabalharia para santa.
Quanto ao resto, nós até concordamos...

quinta-feira, 16 de setembro de 2004

Constituição europeia - E se?

Desculpem a insistência... mas a questão da dupla legitimidade parece-me decisiva. Tendo em conta coisas que têm acontecido, quero saber, antes de votar, o que vale o meu voto.
Por exemplo:
no referendo, dizemos «sim», mas depois, no parlamento, dizem que «não».
Veja-se: o facto de termos votado «sim» não obriga todos e cada um dos deputados a votarem «sim» - o voto deles é individual e o resultado é a soma dessas vontades.
Para que serve o referendo, num cenários destes?
[E não me venham com a improbabilidade do cenário - nesse caso, será melhor nem votarmos, para evitar os imponderáveis.]

Ano escolar - a culpa solteiríssima

O MacGuffin [Contra a Corrente] tem toda a razão. A abertura do ano escolar está a ser v-e-r-g-o-n-h-o-s-a.
E concordo com ele: «As responsabilidades terão de ser assacadas transversal e verticalmente. Doa a quem doer. Cabeças há, meus caros, que não podem deixar de rolar.»
E, sim, tem toda a razão: «Deixemos de lado o facto de ser um governo PSD, PP, PS ou o raio que os parta.»
A culpa pode ser, por exemplo, do Patinho Feio, do Incrível Hulk, ou, no máximo, do Vasco Gonçalves, se ele estiver disponível.

Educação e exigência

Nos últimos tempos, tornou-se politicamente correcto defender uma cultura de exigência na educação. Quem o faz tem sempre em mente: a) os alunos; b) os professores; c) os alunos e os professores.
E o Estado? E o Estado que não tem meia dúzia de funcionários que, com um portátil e uma folha de cálculo Excel, sejam capazes de distribuir uma centenas de professores - cujos currículos e moradas estão na sua posse - por umas centenas de escolas - que, na sua grande maioria, são as mesmas do ano passado e leccionam as mesmas matérias ao mesmo número de alunos?

Mira... una pipa de masa

Reforma milionária para Mira Amaral.

Sim ou não? [Act.]

O nosso constitucionalista [Causa Nossa], pelos vistos, agora dá pareceres à borla. Por isso, aproveito e coloco-lhe a questão que me apoquenta desde que se fala de referendo à Constituição europeia.
Tendo em conta que os tratados internacionais não são referendáveis, um referendo sobre a Constituição europeia não será uma espécie de referendo consultivo, na medida em que a ratificação terá de ocorrer sempre por via parlamentar?
E, sendo assim, não estamos perante uma situação de possível e insolúvel conflito de legitimidades?
Explico, exemplificando: se o referendo der um «não», independentemente da questão, isso significa a rejeição do tratado. Mas os deputados têm legitimidade própria e nada os obriga a votar de acordo com os resultados do referendo, pelo que podem votar «sim». Tendo em conta que os votos dos deputados são individuais, nem eventuais compromissos prévios dos partidos têm validade - caso contrário, estaremos perante um a violação à priori das consciências dos eleitos.

[Act: Por mail, Vital Moreira esclareceu-me que a democracia directa prevalece sempre sobre a democracia representativa. Confesso que, na qualidade de não-constitucionalista (e até de não-jurista...), me custa a entender como, não sendo possível referendar tratados internacionais, é possível fazer referendos sobre aspectos dos tratados internacionais, o que, na prática, pode impedir o Estado de assinar os tais tratados. Além disso, a questão que coloquei, parecendo juridicamente absurda, continua a a parecer-me politicamente interessante. Veja-se, a propósito, a discussão que para aí vai acerca da legitimidade de um novo referendo sobre o aborto, ou de um voto parlamentar, e dos limites temporais entre esses vários processos.]

M is (not) for Music

Não me venham falar na falta de voz da Madonna. Nem mesmo da quase constante desafinação. Não é disso que se trata.
Nem me venham falar do (falta de) conteúdo das canções. Isso, simplesmente, não é verdade. Em Madonna, como raramente na história das indústrias culturais, tudo é mensagem. Nada daquilo lá está por acaso, tudo aquilo é significado.

Pergunta Pia

E o juiz Mário Ruas Dias? Em que clube de futebol está filiado? Em que associação benemérita milita a sua mulher? E terá irmãos na maçonaria? Será descendente de algum Opus Dei?

quarta-feira, 15 de setembro de 2004

A escola e uma certa maneira de fazer escola

Agora, que já se percebeu que o arranque do ano escolar voltou aos tempos do PREC, nem temos a quem nos queixar.
Porque a senhora que lá está acabou de chegar.
Porque David Justino nunca existiu.
Porque Durão fugiu.
Porque Sampaio acha que isto é manter a estabilidade das políticas.
[Nos tempos de Guterres, quando inventaram uma estranha semana de pausa escolar, o PSD e as suas emanações mediáticas preocuparam-se e gritaram: «E as crianças senhores, onde deixar as crianças?» Agora, eu só gostava de saber onde estão esses senhores - para, durante estas semanas, lhes entregar as crianças...]

M is for Modernidade

Concentrado de modernidade, digo. Até na artificialidade.
[No fecho do segundo espectáculo, chorou. Alguém me esclarece se aconteceu o mesmo no primeiro?]

M is for Madonna

1. O video de American Life que nenhuma televisão quis mostrar - um fortíssimo manifesto contra a guerra do Iraque, com Bush a ronronar na face de Saddam. O Pavilhão Atlântico - membros do governo da Nação incluídos (percebe-se: não tinha legendas...) - aplaude eufórico.
2. A versão de Imagine, com Lennon a meio. Antes, a fome, a guerra. Depois, os sorrisos, a paz. E o plano final, com uma criança árabe e outra israelita, mão dada, estrada fora. É impressionante como o revisionismo dos últimos tempos transformou Lennon, de novo, em insubmisso, em excepção à regra. O normal, hoje, é aceitar-se a guerra como natural. Que digo eu? O normal, o excelente, hoje, é desejar, exacerbar, a guerra. Estranhos tempos...
3. O jogo das bandeiras, vertigem de cores e formas, com o esquecimento da portuguesa a ser (ligeiramente) compensado com a repetição da brasileira... E a imagem que perdura, a única que sobrevive à voragem: as bandeiras da Palestina e de Israel coladas uma na outra. A última imagem do espectáculo.
O resto? O resto foi uma das misturas mais perfeitas a que já se assistiu de música, vídeo, circo, dança, skate, magia, tudo. Magia.

M

M is for Madonna.

terça-feira, 14 de setembro de 2004

A alegria no trabalho (III)

Ainda a propósito de Bagão Félix... exijo, repito, exijo, que a Grande Loja retire a imagem de Scarlett Johansson de um texto sobre o dito senhor. Há coisas com as quais não se brinca...

Insisto

Há uma pergunta que me atormenta - Manuela Ferreira Leite alguma vez existiu? Ou foi pesadelo meu? Só meu?

A alegria no trabalho (II)

Sobre Bagão Félix na TV, gloso uma das frases que mais me tem irritado nos últimos tempos:
«Não vi e não gostei».
[Estava a trabalhar, a única coisa que infelizmente sei fazer - mas onde é que esta gente tem andado, meu Deus?]

Portagens (III)

A propósito das portagens nas auto-estradas e das chamadas alternativas, diz-me um leitor:
«Na A1, não deveria haver portagens, porque não há alternativa à A1. Ou acha que levar mais de seis horas por estradas secundárias é alguma alternativa?».

segunda-feira, 13 de setembro de 2004

A regra da excepção

Quem tiver menos recursos, paga menos nos hospitais...
Quem fôr lá do sítio, não paga auto-estradas...
É claro que aqueles empreiteiros de BMW, além de não pagarem impostos, agora vão pagar menos nos hospitais, ter borlas nas portagens, descontos no material escolar e, quem sabe?, gasóleo subsidiado.
Há as questões práticas - «Olhe, queria pagar a portagem», «Sim, sim, mostre-me o atestado de residência» -, e outras ainda mais caricatas: numa viagem de Lisboa à Guarda, sendo eu natural de Abrantes, localidade por onde a auto-estrada até passa, que tipo de desconto tenho?
E há, é claro, a ideia de basear o pagamento de serviços ao Estado num sistema fiscal no qual ninguém acredita.
Tudo isto poderá desembocar num regime de senhas e racionamentos, o que, convenhamos, terá a enorme utilidade de ocupar os muitos cientistas políticos que por aí vegetam e, talvez, fomentar o turismo-de-quem-gosta-de-viajar-para-países-com-sistemas-bizarros.

A alegria no trabalho

Os portugueses talvez ainda não se tenham apercebido, mas logo à noite começa todo um novo ciclo na vida da Pátria. O ministro das Finanças vai dizer que, afinal, do que o país precisa é de trabalho. Com um sorriso nos lábios. O ministro? Não, nós.

domingo, 12 de setembro de 2004

Portagens (II)

Um leitor pergunta-me se defendo portagens no IC-19.
Ponhamos as coisas noutros termos: porque há-de pagar portagem alguém que viva em Abrantes, trabalhe em Torres Novas e utilize diariamente a A23, quando alguém que mora no Cacém não paga nada pelas viagens diárias para Lisboa?
Note-se que até evito comparações coma a A5. E que nem sequer falei na Via Rápida da Caparica, que, pelo menos no Verão, é utilizada principalmente por não moradores.
No IC1-19, há um aspecto suplementar a ter em conta - o grande investimento que foi feito na modernização da linha ferroviária de Sintra.
Essa, sim, parace-me ser a verdadeira alternativa e só lamento que governos atrás de governos tenham praticamente liquidado o transporte ferroviário, lançando nas nossas auto-estradas vagas e vagas de camiões e autocarros - grandes responsáveis por acidentes e dificuldades de circulação.

As fotos dos maçons

Os meios político-mediáticos (e outros...) foram abalados esta semana pelas circunstâncias em que decorreu uma cerimónia maçónica de homenagem ao presidente do Tribunal Constitucional, Luís Nunes de Almeida.
Tal cerimónia foi anunciada com antecedência e sempre pensei que algum jornal/revista mais atrevido tivesse colocado um fotógrafo (discretamente...) por perto para revelar alguns rostos aos seus leitores. Até hoje, nada. Apenas o Expresso, na sua primeira página, dá à estampa uma foto, que, de resto, deve ter alguma leitura interna...
Sublinhe-se que nada tenho contra (ou a favor...) a maçonaria. Simplesmente, acho estranho que uma organização que, pelos vistos, movimenta tanta gente se mantenha tão discreta nestes tempos de hipermediatização.

Portagens

Vital Moreira [Causa Nossa] defende o princípio do utente pagador em todas as auto-estradas, cuja aplicação tem sido repetidamente anunciado pela coligação PSD/PP vai para dois anos e tal.
É justo. E nem sequer me parece atendível o argumento de contestação, segundo o qual essa medida deveria excluir as auto-estradas em relação às quais não existe alternativa, já que alternativa acaba por existir sempre.
Se alguma vez houver coragem política para avançar com tal ideia - sem as meias-tintas do costume, que passem, por exemplo, pela exclusão de certos itinerários (o que dizer, por exemplo, do IC-19?) - acho que devem ser acompanhados atentamente dois dossiers:
1. Se a revisão da complexa engenharia financeira que está por detrás das SCUTS resultará em mais um ruínoso negócio para o Estado, com o consequente enriquecimento de umas empresas amigas?
2. Se a generalização das portagens será acompanhada pela criação de um órgão - entidade reguladora, por exemplo - que vigie as tarifas praticadas. Quinze euros para viajar entre Lisboa e o Porto parece-me um exagero, se tivermos em atenção as péssimas condições de circulação, nomeadamente junto às grandes cidades, e, por exemplo, o facto de raramente ser possível efectuar aquele trajecto sem deparar com um troço em obras.

sábado, 11 de setembro de 2004

9/11

Estamos, então, a 11 do mês 9. A menos de 8 horas de um dos acontecimentos mais trágicos da história da humanidade (assim mesmo, sem maiúscula, que não sei se as merece...).
Os registos já pipocam por aí. Entendo algumas excitações - picam o ponto mais cedo, com receio de que as aglomerações de última hora os impeçam de aceder às prebendas.
A palavra de ordem, já percebi, é que não esquecemos. Escolham as variantes.
Como não concordar... A ideia parece-me, porém, pobre.
Passados três anos, talvez valha a pena ir um pouco mais fundo, fazer o balanço do que fizémos com aquela data. Do que fizeram com aquela data.
Por mim, não tenho dúvidas de que o mundo está pior - não mais perigoso, pior - e que eles estão a ganhar a batalha - simplesmente porque nós já começámos a ceder nos princípios em que baseamos tudo o que somos. E isso é justamente o que eles querem, que deixemos de acreditar em nós.
Isso nota-se, por exemplo, na tolerância. Não em relação a eles. Aqui, entre nós.

Learning to Love Lula

Já o escrevi aqui uma vez ou duas. Numa mundo cheio de receitas e em que tantas receitas falharam, acho que deveríamos dar alguma atenção - e ter alguma abertura de espírito -, à experiência Lula.
Lembrei-me disto porque a Fortune - sim, repito, a Fortune - traz esta quinzena um artigo com um título fabuloso - Learning to Love Lula. O homem, diz a revista, tem levado porrada da esquerda e da direita, o que talvez queira dizer que está no caminho certo.
Erros - digo eu - tem cometido uma data deles. O que só me deixa mais descansado. O mundo está nesta miséria devido, precisamente, a uma data de gente que se imaginava infalível.

Arrumações

É. Arranjei um tempinho para arrumar a coluna dos linques. Leio aquilo tudo... Melhor, passo por todos aqueles sítios. Desorganizadamente, mas persistentemente. E ainda mais alguns, que a memória agora não alcança, mas que um dia hei-de teclar.
Os tempos têm andado agrestes. Não, não é disso que falo. É do tempo, mesmo. Nem é tanto a falta, é mais a desorganização. Que acho que é dos outros, mas já nem sei. Se calhar, sou eu a ver mal a coisa.
E, é claro, há o Blogger ou outra coisa qualquer - será a banda larga que estreitou, a firewall que se incendiou, o anti-virus que se constipou? -, mas a verdade é que a coisa tem sido relativamente penosa. Blogar, quero dizer. Que, por estas bandas, é coisa imediatista, raramente calculada - abre-se o computador e aí vai palavra. A lentidão das máquinas atravessa-se, pois, no caminho. Uma chatice.

sexta-feira, 10 de setembro de 2004

Um aninho... e já fala, e já anda, e já pensa !

Um bê e um á bá.
Um bê e um é bé.
Bá-bé. Barnabé. Bá-bé. Barnabé.

O senhor dos anéis

O primeiro-ministro terá dito, no Brasil, que não podemos continuar a vender os anéis. Mas alguém andou, nestes últimos dois anos, a vender anéis? Oh senhor primeiro-ministro...

quinta-feira, 9 de setembro de 2004

Boa vista

Fixou-se na capa da revista com a Marisa na camisola do namorado.
Foi aí que percebeu a superioridade do xadrez sobre o futebol.

E na Holanda? O que se passará na Holanda?

Foi no 67, por alturas do Colégio Militar. A senhora irada grita para o motorista que não a deixou sair. Replica o homem que a porta esteve aberta, só não saiu porque não quis. Gera-se o bruá da praxe. Chovem argumentos, alastram e já ninguém se entende. É aí que o motorista, fulminante, saca do derradeiro, ouvido o qual se assossegam as vozes e as duas senhoras do banco das grávidas remexem o cóxis e pigarreiam. Diz o motorista, um tom acima do esperado: «Na Holanda, não há nada disto...» Na Holanda?

Copy and Paste

Tenho saudades das notas de quinhentos.
in Voz do Deserto.

quarta-feira, 8 de setembro de 2004

Ar...tec

Um movimento pró-vida (!) quer mandar prender (!!) uma dirigente do Women on Waves por esta ter dito na televisão o nome de um medicamento para o estômago com efeitos abortivos (!!!).
A democratização da informação sempre foi uma coisa que incomodou muito as classes privilegiadas.

terça-feira, 7 de setembro de 2004

O horror sem fim

No dia do massacre de Beslan, soube-se que os terroristas tinham uma câmara de filmar. Pouco faltou para que a cassete fosse ter a uma estação de televisão. O terror sobrevive à morte dos criadores.
[Eram 20.03 e o telejornal da SIC - que tem o «exclusivo»... - já tinha passado as imagens três vezes.]

Breve apontamento sobre o aborto

Um comentário de Timshel (que se prolonga pela caixa de comentários) a uma curta anotação que aqui deixei sobre a questão do aborto permite-me fazer um rápido esclarecimento.
A decisão fundamental sobre o tema, a única que me interessa discutir, é política. Haverá, seguramente, debates interessantes do ponto de vista científico acerca da vida e do seu começo. Mas a verdade é que, perante os mesmos dados científicos, os países encontraram enquadramentos legais bem diversos para lidar com o problema.
[Será necessário dizer que falar do massacre na Rússia neste contexto é, no mínimo, completamente despropositado?].

Poirot na Argentina

Um destes dias, estava eu em casa quando começou numa das televisões um daqueles filmes do Poirot. Ao fim de dez minutos, mudei de assunto, precisamente quando o detective se aproximava da casa do crime. Não sem antes me interrogar: mas porque diabo insistem em convidar este fulano lá para casa, se toda a gente sabe que casa em que Poirot ponha o pé é casa em que alguém vai ser assassinado?
É quando me assaltam mistérios destes que lamento não ter o João Miranda [Blasfémias, Blasfémias] à mão para me elucidar.

Evitem Londres, evitem Londres

A notícia está por aí. Yoko Ono, sim Yoko Ono, vai estar na próxima semana em Londres, numa peça de teatro em que começa vestida e acaba nua. Depois não digam que não foram avisados...

segunda-feira, 6 de setembro de 2004

Anti-spin

O primeiro gabinete de anti-spin em Portugal acaba de abrir [Bloguitica]. E que estreia fulgurante... anti-spina mais rápido (e mais fundo...) que os próprios spinadores. E com outra vantagem - anti-spina em todas as direcções.

Obra em construção

Na estação do Marquês de Pombal - corredor entre as linhas azul e amarela - a degradação de uma parede aproxima-se da obra de arte. O problema vai ser daqui a meses, quando chegar a altura de lá colocar uma placa com o nome do autor.

domingo, 5 de setembro de 2004

Existir

[a propósito de quando começa a vida humana]
Havia uma tribo no antigo Tibete em que as crianças de 7 anos eram submetidas a um ritual e passagem que consistia em lançá-las na natureza brutal. Às que resistiam [demonstrando estar aptas para existir] só então eram dados nomes próprios, num ritual em que as crianças eram declaradas bem-vindas à vida.
in A Espuma dos Dias.

Incompatíveis

Já lhe sucedeu perder um telemóvel com centenas de números registados, mais a lista de afazeres, mais a agenda pessoal e profissional para os próximos meses?, pergunta Vital Moreira.
Pois já, e também foi há pouco tempo. E também era Nokia. E antes de chegar ao software, deparei com uma incompatibilidade nas conexões de acessórios, por exemplo, dos auscultadores. E, sublinhe-se, em telemóveis de gamas muito semelhantes.
Tudo isto deve ter a ver com a sociedade de consumo, o marketing e o liberalismo económico, industrial, eu sei lá...

O que se passa na Argentina?

Andava à procura de umas instruções para uma velha passadeira de ginástica. O Google costuma ser, nestas ocasiões, porto seguro. Teclei o modelo e saem-me três páginas de sites sobre a dita passadeira. Começo a clicar e... surprise: eram só páginas de leilões e vendas em segunda mão. Nada de instruções. Mais intrigante: as páginas eram todas da Argentina. Mudo de motor de busca e o resultado é o mesmo - Argentina, Argentina, Argentina. Alargo a busca a todas as passadeiras de ginástica mecânicas - a Argentina perde o monopólio, mas continua na dianteira. Alguém sabe o que se passa na Argentina?

sábado, 4 de setembro de 2004

Rússia

O dia inteiro. Estive o dia inteiro cercado de imagens da Rússia. Pior. O dia inteiro a imaginar as imagens que não vi da Rússia. É só isso que quero dizer.

sexta-feira, 3 de setembro de 2004

À atenção do Gabinete de Imagem

A Mercedes Benz anunciou hoje que vai apresentar, em Setembro, no Salão Automóvel de Paris, a série especial do Mercedes CLK 500 Cabriolet personalizada pelo estilista italiano Giorgio Armani.

Sai, então, um debate sereno

Uma das coisas mais curiosas que acontecem com os temas hipermediatizados é quando surgem uma pessoas que dizem: «O assunto é importante, demasiado importante, e por isso não se compadece com radicalismos e folclores. Nós aceitamos debater, e até resolver as coisas, mas tem de ser através de um debate sereno, informado, sério».
Há quem diga isto sobre o terrorismo, o défice público, o aborto...
Geralmente, este tipo de afirmações recebe o aplauso geral. Mas a verdade é que este tipo de afirmações mais não é que o grau zero do debate, da política.
Porque, numa sociedade da informação, como aquela em que vivemos, o debate é permanente, poliédrico e histérico. Não há, objectivamente, condições para travar os ímpetos, fazer recuar a máquina da história, e reiniciar a discussão, em tom cordato, fazendo tábua rasa de tudo o que aconteceu até aí.
Na prática, quando se profere uma frase daquele género, o que se pretende é pôr ponto final na conversa, sem assumir o ónus, deixando no ar a ideia (falsa) de que se está disponível.

Pequena correcção (copy and paste)

.
O Presidente não disse:
SOU O CHEFE MÁXIMO DAS FORÇAS ARMADAS.

Eu ouvi. Ele disse:
sou o chefe máximo das forças armadas.

In A Natureza do Mal

Darfur, o silêncio e as agendas

Os rios de indignação pararam. O Darfur deixou de existir. Os sobre-excitados nem repararam, nem comentaram, que um dos principais jornais portugueses teve lá um enviado especial. Até foi manchete no domingo. Mas, agora - que a situação está na mesma... - parece que o caso já não interessa. Agendas...

quinta-feira, 2 de setembro de 2004

É o liberalismo

Os funcionários públicos alemães vão ter aumento salarial de 4,4 por cento, a partir de 1 de Janeiro de 2005. Apesar da crise e do défice.
O governo alemão, pelo segundo ano consecutivo, congelou os aumentos dos ministros, do Presidente e de outros altos funcionários.
Entretanto... um estudo conhecido ontem revelava que os rendimentos dos administradores das 30 maiores empresas alemães cresceram 11 por cento em 2003. Apesar da crise.
É o liberalismo, dizem eles.

Post poético-intelectual

Bom dia, Outono.

Terrorismos (II)

Desde o 11 de Setembro que nos habituámos a que o terrorismo seja visto como um mal em si. Inegociável, injustificável. Os poucos que tentaram perceber as razões - não do terrorismo - mas das condições em que ele germina foram apelidados das coisas mais terríveis. Complacência, traição... por aí fora.
Pensar - parece-me - nunca fez mal a ninguém, e tentar perceber tudo o que nos rodeia - sim, incluindo os gestos loucos, sem justificação - é, mais que um livre exercício, um dever que quem gosta de se apresentar como ser humano.
Que o terrorismo não tenha desculpa, aceito. É uma evidência - nada justifica aquela violência indiscriminada, desmedida. Isso não impede, porém, que a sociedade e os estados reflictam sobre as causas - insisto, por mais irrazoáveis que elas sejam -, de forma a combater eficazmente o fenómeno.
Aquilo a que se tem assistido é exactamente o contrário - os mais altos representantes da civilização gritam, gritam contra todo o terrorismo, que não se deve pensar sequer sobre isso, e desatam aos tiros contra tudo o que se mexe - no caso foi o Iraque, como poderia ter sido Portugal em 74/75.
É por isso que, a propósito do caso checheno, que tem marcado estes dias, destaco aqui um artigo da Economist on-line que me parece justificar alguma atenção:
«Despite President Vladimir Putin's assertions to the contrary, Russia's latest wave of terror attacks has little, if anything, to do with al-Qaeda. But it has everything to do with Mr Putin's disastrous policy in the north Caucasus.»

quarta-feira, 1 de setembro de 2004

Dois casos

Há muitos anos que o ano lectivo não começava de forma tão agitada. Por incompetência de quem dirige superiormente o sector. A culpa, a maior fatia, não pode ser assacada ao actual governo. Nem aos socialistas, presumo. Alguém (ou)viu David Justino por estes dias?
O governo prepara-se, obviamente, para mandar às urtigas o pacto de estabilidade e o cumprimento do défice. A despesa não foi controlada (nunca foi...) e os anéis que havia para vender já marcharam. A culpa, a maior fatia, não pode ser assacada ao actual governo, presumo. Aos socialistas, é capaz de começar a ser exagero. A Manuela Ferreira Leite? Nããã... isso nunca existiu.

Terrorismos

Algumas almas caridosas escandalizaram-se - pela enésima vez, a paciência desta gente... - com o alegado desprezo/desvalorização/enviesamento com que os media portugueses trataram mais um atentado terrorista em Israel.
Entretanto... olho hoje para os principais jornais portugueses e que vejo eu?
Que esses media dão um enorme destaque ao atentado em Israel e desvalorizam - completamente nuns casos, quase noutros - o atentado, igualmente de ontem, em Moscovo, e a execução de 12 (repito, 12) reféns nepaleses no Iraque (que mais não é que um acto terrorista).
Ficou baralhado, confesso.
[Noto, ainda, que a execução dos 12 (repito, 12) reféns nepaleses não mereceu a indignação/lamentação de outros casos, e muito menos as detalhadas explicações geo-estratégicas.]

With a little help from my friends

Consta por aí que Ben Laden é o convidado surpresa da convenção republicana, em Nova Iorque. Se não fosse ele, acham que George W. Bush conseguiria ser nomeado para nova eleição?