Vrrum, Vruum... foge que vem aí o fisco
Vejo na televisão. Um dirigente da Auto Europa, espanhol, espanta-se: «Não conheço nenhum país onde circulem tantos carros de luxo. BMW, Audi...». Antes, tinha passado uma reportagem sobre a fuga ao fisco.
Everybody Knows This Is Nowhere - Neil Young
Vejo na televisão. Um dirigente da Auto Europa, espanhol, espanta-se: «Não conheço nenhum país onde circulem tantos carros de luxo. BMW, Audi...». Antes, tinha passado uma reportagem sobre a fuga ao fisco.
Vejo na televisão. Uma deputada dos Verdes protesta por causa dos lugares que o PS lhe quer tirar na bancada de São Bento. Finalmente vejo um deputado dos Verdes falar do que realmente sabe: lugares.
Há três dias que escrevo e as palavras se esfumam no ar. Culpa do Blogger, da lentidão do Blogger, ou simplesmente resultado de uma mais vasta conspiração cibernética. A verdade é que escrevo, escrevo e, no momento de publicar, o computador fica aparvalhado, suspenso vá lá saber-se do quê e.... zás, após uns minutos de reflexão, devolve-me coisa nenhuma. Nem no ecrã, nem no blogue. Nada. Eventualmente, quem tem razão é a máquina, como sempre. E o que tenho escrito de nada vale. Eventualmente, há por aqui alguma ecologia da escrita, da reflexão, e o que escrevo apenas iria aumentar a mui visível poluição da palavra que apoquenta o mundo que pensa. Apesar disso, insisto. Agora vou tocar suavemente a tecla do Publish Post e ficar à espera. Já sabem, se não lerem este texto, é porque não consegui.
Nada tenho contra a A13. Acho até bonito. A sério - para rivalizar com uma boa auto-estrada de montanha, só uma fantástica auto-estrada de planície. O problema é de prioridades.
Chama-se A-13 e acho que o nome fala com a coisa. É uma auto-estrada novinha em folha que liga Santarém à Marateca e diziam os anúncios que é óptima para quem quer ir do Norte para Sul (ao contrário também funciona) sem passar por Lisboa. Acho tal ideia um perfeito disparate. Porquê evitar Lisboa? Hoje, domingo de Páscoa, lá estava a A-13 (cem quilómetros) vazia, vazia mesmo. Aquilo passa por um misto de Lezíria e planície onde não se vê vivalma. Deve ser, de resto, óptimo viver por ali. Tão bom que ninguém pensa sequer entrar na auto-estrada. Por isso dá para andar a 200 à hora, nas calmas. Acho eu, que não vi ninguém, nem indígenas nem BTs. Se puderem, não percam!
Não conhecia pessoalmente ninguém do País Relativo. Havia, apesar disso, algo em comum com o TdN. Estou a falar, obviamente, do gosto pelo O'Neill... Devia ser por isso, aliás, que alguns leitores do TdN chegavam através do País Relativo, diz o Sitemeter. O País Relativo acabou. É pena.
Moita Flores, na SIC, explicou que a resolução de problemas como o da Amadora são mais da ordem da política do que da polícia. Passam mais, por exemplo, pelo planeamento urbano e pelas questões sociais. Fosse um dirigente político de esquerda a dizê-lo e seria mambo jambo. Assim, talvez leve algumas pessoas a pensar mais um bocadinho.
A morte de dois polícias na primeira semana do novo governo poderá ser um daqueles males que vêm por bem. António Costa terá sido, obviamente, um dos poucos (talvez o único...) ministros a escolher a pasta. Sabe, pois, ao que vai. E sabe que a questão da segurança é sempre o bico de obra do MAI. Os acontecimentos da Amadora precipitam tudo e obrigarão o Governo a agir com maior rapidez do que talvez tenha planeado. Isso pode ser um ganho.
Passa na televisão uma reportagem na terra onde nasceu um dos polícias que morreu na Amadora. Uma aldeia (beirã?), perdida algures no Portugal que definha. Pegar em alguém nascido e criado num lugar daqueles e atirá-lo para a Cova da Moura será assassínio premeditado?
Como tinha prometido, Diogo Mainardi não escreve esta semana sobre Lula na Veja. Escreve sobre Marcelo Sereno, uma figura de terceira ou quarta ordem do PT. Finalmente, Mainardi encontrou um tema à sua altura.
Fico sempre baralhado quando ouço o argumento: «Ah, aquilo foi um ataque pessoal». Ou a variante: «Em vez de discutirem ideias, atacam as pessoas».
Perguntam-me se os ditos espirituosos do engenheiro Belmiro me incomodam. Incomodar não é bem a palavra. É mais inveja, citando um famoso filósofo da moda. Que não tenciono ler, mas que cito precisamente porque é moda.
Há minutos, na televisão, um senhor de um sindicato da justiça, perplexo, interrogava-se como será possível gerir os tribunais com apenas um mês de férias.
Concordo. Sócrates foi fulminante na Assembleia. Há anos que não via um primeiro-ministro tão afirmativo, esclarecido, seguro do caminho, disposto a trabalhar.
Sónia Fertuzinhos, a tal socialista líder de mulheres que se tornou símbolo ao ser descartada para lugar não elegível nas listas das últimas eleições, está a discursar no Parlamento!
«Os portugueses têm a sensação de que são ricos. E têm hábitos de consumo correspondentes».
Anda aí um argumento que acho simplesmente espantoso: «Referendo em dia de eleições sim, mas deveria ser nas presidenciais e não nas autárquicas».
«A rapidez com que se tiram conclusões de fundo de meia dúzia de sinais ainda incipientes e pouco testados é notável.»
Manuela Moura Guedes, no final de um bloco sobre o Programa do Governo: «Pois, de boas intenções está o inferno cheio».
Há uns dias, escrevi um post que se chamava «Nomes, dr. Pacheco. Nomes.» Limitava-me a incentivar JPP a explicitar o sentido do seu texto «Sinais», nomeadamente daquela frase: «A ofensiva contra os comentadores políticos que lhes [socialistas] podem ser hostis ou criar problemas já está em curso». Vivo neste mundo dos jornais e não conheço tais casos. E, sinceramente, se JPP tivesse sido mais claro, isso até daria uma notícia. Do tipo: «PS cala fulano de tal», ou «Sicrano ameaçado por Sócrates».
Nem de propósito. Pedro Caeiro (Mar Salgado) escreve três excelentes textos sobre a «nova» direita, que têm como efeito colateral a caça ao Mainardi doméstico. Clap, clap [isto é, duplo aplauso].
A edição desta semana da Veja é histórica. Enfim, não exageremos... O Mainardi desistiu de escrever sobre Lula. O Mainardi, para quem não conhece, é o mais acabado (infelizmente, não no sentido mais literal da palavra) parasita intelectual que conheço. O rapaz não escreve mal. Quer dizer, põe o sujeito, o predicado e o resto da tralha pela ordem estabelecida. E depois tem aquele jeito brasileiro de escrever que encanta qualquer um. Até brasileiros. Digo-vos: há duas semanas, dei comigo a ler na Veja a história de uma namorada do Ronaldo (Daniela?) que deu uma tareia numa antecessora. Das milhares de histórias destas que a imprensa portuguesa publica, não li uma. A da Veja, foi de fio a pavio. Lá está - o tal jeito brasileiro de escrever e contar histórias. Pois o Mainardi é isso. Escreve desse jeito. E tem - tinha, diz ele - um tema exclusivo: Lula. Semana atrás de semana, se Lula fazia assado, ele achava que era cozido. Se Lula dizia, ele desdizia. Se Lula mexia, ele parava. Uma seca. O Mainardi parasitava Lula. Era uma espécie de eco invertido. O Mainardi não tinha uma linha de pensamento - o sua linha era ser sempre contra Lula. Há quem ache graça a isto. Há quem ache graça a tudo. É democrático. E há até quem por cá imite Lula. É democrático. Há quem parasite e quem parasite o parasita. E agora confesso eu: estava a ficar apanhado pelo síndroma Mainardi. Se o gajo escrevia branco, eu achava logo que era preto. Se o gajo batia, eu socorria. Escrevi duas ou três vezes sobre isso aqui. Mas pensei escrever muitas mais. Só não o fiz por causa daquela coisa do parasita. Não queria que pensassem isso. Agora que o Mainardi largou o Lula, eu devia largar o Mainardi. Mas não. Não imito e não desisto. Não parasito, parasitando. Se o Mainardi deixar de dizer disparates sobre o Lula, há-de dizer disparates sobre outra coisa qualquer. Matemático. E eu vou estar aqui, à coca. Parasitando, agora que ele já não parasita.
- Jotinha... estou com a leve impressão de que não tens nada para dizer.
- Jotinha, amor, o Fofinho pergunta se é alguma coisa com ele.
Parece-me altamente desproporcional a quantidade de vezes que passam Jennifer Lopez nos canais de música face à sua presença nos tops de vendas. Ou a distorção estará nos meus olhos?
Há pouco, na rádio, Valentim Loureiro culpava Durão (!) e Santana (!!) pela falta do metro em Gondomar e declarava-se desde já amigo de José Sócrates (!!!).
Na montra da loja, em letras garrafais, lia-se, assim só: «Último dia: segunda-feira».
Esta manhã, a convite de Carlos Pinto Coelho, estavam umas pessoas a discutir blogues (e outras coisas) na TSF. Eram elas José Pedro Castanheira, Joaquim Letria e João Adelino Faria. Não está em causa o que disseram - coisas acertadas ou nem tanto. O que espanta é a total incapacidade de sair do círculo fechado.
Durão Barroso não resiste. Com o mesmo espírito de independência com que apareceu no tempo de antena do PSD, veio esta semana, de forma velada, criticar o facto de Sócrates ter poucas mulheres no governo. E lá disse que, no seu governo, havia bastantes mulheres e em postos de importância. Esqueceu-se foi de acrescentar que, quando decidiu emigrar, mandou a sua número dois às urtigas. Talvez porque, para chefiar o governo, tenha que se ser mucho macho.
O engenheiro Belmiro lá estava outra vez na televisão dando umas lições ao governantes. Desta vez, além do encolhimento do governo, parece-me ter ouvido umas larachas sobre competência e aumentos de impostos.
Segundo o El Pais [link pago], a ex-secretária de Estado americana Madeleine Albright disse, na conferência de Madrid: «O modo como tratamos o terrorismo está a gerar mais terrorismo».
Há uns dias, o Cibertulia publicava uma fotografia de Scarlett Johansson que merece umas horas de contemplação. Tenho-a aqui, na Esquire americana. Essa e outras do mesmo exacto estilo. E ando há dias para escrever sobre o assunto. Sim, escrever. Que eu, fotos de mulheres nunca mais publico (enfim, publicar é uma forma de dizer, no meu caso é mais linkar, o que, tratando-se de belas senhoritas até se torna mais interessante...). Era para linkar, mas não linko. Porque a verdade é que ando traumatizado - diariamente, continuam a chegar a TdN centenas de pessoas, de todo o mundo, à procura de fotos de Natalia Verbeke. Fotos que nunca publiquei, apenas (lá está...) linkei. Só que o Google, embora não pareça, é estúpido. Já o mesmo me tinha acontecido com Jordana Jardel - certo dia, escrevi uma piadola sobre a moça e eis que, durante meses, o TdN se tornou num site de referência sobre a mana do jogador. São assim os meus problemas com mulheres.
- Jotinha, amor, andas tão telegráfico...
Após terem passado uma semana no vermelho de Avis, os jornalistas acodem agora aos magotes ao azul/amarelo do Caldas. Em fascículos, a série vai chamar-se Grandes Momentos do Estalinismo.
Há coisas, simples, que os media tradicionais deveriam fazer, mas não fazem. Memórias de Bibliotecas é um exemplo. Está a ser feito pelo Abrupto.
«Prefiro servir o país no Parlamento», disse Vitorino ao Diário Económico. Temos, então, líder parlamentar! Ah... também não. Pois.
No Largo do Caldas estão muito aborrecidos. Não há maneira de arranjarem lugar para os retratos que Marcelo Caetano lhes deixou antes de viajar para o Brasil.
Há um estudo, que vem hoje no Público, que na prática deita por terra uma data de análises pré e pós eleitorais. Nomeadamente, quanto ao peso que o fenómeno Santana terá tido nos resultados. Parece que, segundo o dito estudo, a totalidade da governação PSD (dois anos e meio, com Durão quase o tempo todo) terá sido mais determinante. O que, bem vistas as coisas, é um pau de dois bicos para o PS - ao rejeitar a governação PSD, o eleitorado rejeita à partida qualquer veleidade do PS de lhe seguir as pisadas. Ora sabemos todos que em muitas matérias isso é uma inevitabilidade, pelo que ao PS restará a mestria de saber gerir os ciclos. A tarefa está facilitada pela maioria absoluta, mas mesmo assim vai ser um tema interessante para seguir.
Eis então que os ultra-liberais/barra/neo-conservadores atacam em força nos blogues. Óptimo. Enquanto estão por aqui entretidos, não fazem estragos noutros sítios.
Já tínhamos o detector de spin no Bloguítica. Temos agora o detector de subtexto no Glória Fácil. E há até por aí quem se dedique a ler coisas estranhas nas primeiras páginas dos jornais, como se de folhas de chá se tratasse. O mundo está (outra vez?) a ficar perigoso?
Ligeira agitação quando o loco do Chávez parabenizou os «marxistas e ecologistas» vencedores das eleições portuguesas. À distância tudo se desfoca. Por cá, também muitos tropeçam na ideologia de Chávez.
Revejo, na Quadratura do Círculo, Pacheco Pereira elaborar acerca dos limites à discordância da militância partidária. Genericamente, concordo. Mas o ponto não é esse - o ponto é saber se o PSD, enquanto organização colectiva com órgãos próprios, concorda.
O Pula Pula Pulga insiste em mandar-me para a clandestinidade, perdão anonimato.
O Pula Pula Pulga insiste em descortinar nos meus silêncios/regressos razões que a minha razão desconhece. Aproveito, porém, para repetir alguns esclarecimentos para quem passa por aqui há pouco tempo.
Nove e tal da manhã. O último disco de Jorge Palma na rádio. Só pode ser no sítio do costume. Na RPL, Rádio Paris Lisboa. Que, após Jorge Palma, passa uma canção brasileira recente. Nos últimos tempos, para ouvir música portuguesa - latina, em geral - tenho de ouvir a RPL. Pena que só se ouça em Lisboa e nem sempre nas melhores condições.
Lido hoje nas páginas de Relax de um jornal diário: «Checoslovaca. Tatiana, 18 anos, ruiva».
Sempre associei o frio - mais que a chuva, na verdade, ao contrário da chuva - a qualquer coisa de purificador. E está de rachar.
Obrigar a pensar. Manter-se desperto. Irrequieto. Reflectir como quem respira. A vida deveria ser assim. Com intervalos, obviamente. O que mais se aproxima disso é... tchanam... a blogosfera. Lemos aqui, espreitamos ali, concordamos com este, discordamos daqueles. Pensamos: "Bem visto..." Rimo-nos: "Que disparate..." And so on...