segunda-feira, 30 de maio de 2005

Coitados... já quase

Escreve rui a. [Blasfémias]:
Na verdade, já quase não trabalhamos para nós, não produzimos rendimento que nos pertença, não temos direito a ganhar senão para o Estado.
É curioso, um destes dias pensei exactamente o mesmo. Estava parado, num semáforo da Marquês de Fronteira, atrás de um BMW, quando, naqueles breves segundos, outro BMW parou a meu lado. Dois trintões, presumo que com gel nos cabelos (isso ainda se usa?), com ar de quem estava a meio de um extenuante e produtivo dia. Só ainda não haviam decidido se acabaria no Lux ou na 24 de Julho...
Foi aí que pensei como o rui a. - vejam bem, estes dois coitados, de modesto bê-éme, comprado provavelmente com fuga aos impostos, os mesmo impostos que pagam a estrada em que circulam, a electricidade que ilumina a estrada, que faz o semáforo vermelho e verde, os impostos que pagam a polícia que lhes guarda o bê-éme, que paga a ambulância quando o mais-novo pede o bê-éme ao pai e se espeta no muro, coitado é da idade, os mesmos impostos que limpam o maço de cigarros que, displicentes, deitam para o chão, que regam as árvores que eles acham muito importantes nas cidades, não sabem é porquê.
Foi mesmo nisso que pensei: coitados dos proprietários destes dois bê-émes, já quase não trabalham para eles, não produzem rendimento que lhes pertença, não têm direito a ganhar senão para o Estado. Uma lástima!

O monstro (de novo) órfão

O dr. Cadilhe desmentiu a manchete do Expresso. Desmentido perfeitamente redundante para quem havia lido a manchete e o texto que a (digamos assim...) suportava.

Choque ao sol

Domingo de sol, hora de almoço, esplanada do CCB. Época de exames e a estudantalhada, armada de calhamaços, namora e finge que estuda. Às vezes, invertem. Mas, agora, em cima de cada mesa, há também um pc portátil. Tomam notas e navegam na net wi-fi. O choque tecnológico alimenta-se no Dia do Aderente da Fnac.

domingo, 29 de maio de 2005

Fascista, pois então

Um senhor de uma associação de polícia está, há dois dias, numa televisão a explicar que as medidas de combate ao défice são «fascistas». Na verdade, o tal senhor hesita e chega a dizer «quase fascistas» ou coisa do género.
Acho normal. Vivemos dias em que tudo é normal.
Preocupa-me, porém, ter um encontro com o dito agente. Que me autue, por exemplo. Haverá possibilidade de diálogo?

Mandamento do blogueiro politicamente activo

Que a realidade [Águas de Portugal: Governo diz que ex-administradores não têm direito a indemnização] nunca te estrague um post. [Medidas para combater o défice].

O não

Os argumentos até serão atendíveis. E rebatíveis, como tudo na vida. Mas o que salta à vista no «não» português à Constituição Europeia é mais um certo snobismo, um certo je ne sais quoi. Argumento tão razoável, porém, como outro qualquer.

sábado, 28 de maio de 2005

G de Gulag, G de Guantanamo

Há uma discussão bem interessante em curso no Mar Salgado acerca do facto de a Amnistia Internacional (AI) ter comparado a prisão de Guantanamo ao Gulag soviético.
As organizações tipo Amnistia, Greenpeace e outras só fazem sentido quando incomodam os poderosos, que os fracos já têm motivos de incómodo qb. E, já o disse a propósito de outras matérias, este tipo de críticas, dentro do sistema democrático em que vivemos, têm sempre como resultado final o reforço da própria democracia, na medida em que alertam - utilizando frequentemente um mecanismo de exagero, como é o caso, sem o qual não seriam ouvidas - para os desvios do sistema. A diabolização desse tipo de organizações é um maniqueísmo redutor do debate.

sexta-feira, 27 de maio de 2005

A piada da pub

Já acontecia no Gato Fedorento (SIC Radical) - quase todas as piadas metem ora Trident ora Yop. Hoje, é no Inimigo Público - uma série de piadas metendo o Frize Maracujá deixa muitas dúvidas sobre onde começa o humor e acaba a publicidade, ou vice-versa. Como se trata de piadolas, ninguém leva muito a sério. Pois...

Sim, oh sim...

E a si, ainda lhe faltava um argumento para votar sim?
Monteiro em campanha pelo "não" ao Tratado Europeu.

quinta-feira, 26 de maio de 2005

Na esplanada

Ela lia o 24 Horas, ele o Correio da Manhã. Era o Casal Tablóide.

quarta-feira, 25 de maio de 2005

Corações solitários

Recebi um mail apelativo: «Find romance», dizia no título. Só percebi que era spam quando li: «We'll match you with someone real». O problema estava no plural.

Ah... já me esquecia de acrescentar

Clap, clap, clap...

Apenas um comentário

Clap, clap, clap...

Out of service

Temporariamente absorto noutras tarefas. É favor dirigir-se a um blogue mais próximo.

segunda-feira, 23 de maio de 2005

Problema deles

Há discursos patrióticos e discursos patrióticos.
Eu aceito que me mobilizem em nome de um bem comum. Até que faça sacrifícios em nome de um vago bem comum.
Mas não me venham dizer que o défice também é problema meu. É um problema de gestão. É problema deles.

Défice de coragem

Começamos mal. O número era 6,9 e não 6,83. Já vi muita gente perder a credibilidade por menos de 0,07.

sábado, 21 de maio de 2005

Notícias com aspas (e patrocínio)

Há uns meses, li num jornal uma notícia sobre os maus hábitos das crianças portuguesas. Que não brincam ao ar livre, dizia um estudo encomendado pela Skip. A mesma que, nessa semana, lançava uma campanha publicitária assente na ideia de que devemos deixar os nossos filhos brincarem e sujarem-se à vontade. Porque para limpar lá estão eles.
Hoje, uma nova notícia chamou-me a atenção. Desta vez são as mulheres portuguesas e os hábitos relacionados com a procriação, contracepção e natalidade. A notícia baseia-se numa sondagem a pouco mais de 300 mulheres (haverá hipótese de serem representativas de 5 milhões?). O jornal diz que a sondagem foi encomendada por uma farmacêutica, esqueceu-se foi de dizer que é a Novartis, talvez porque ela venda pílulas.
Também já fiz notícias destas. Era estagiário e foi há duas décadas. Entretanto, inventaram os cursos de jornalismo e os livros de estilo. Será que os usam?

sexta-feira, 20 de maio de 2005

Olho por olho

O Sun alegou, para a publicação das fotos de Saddam em cuecas, que o gajo tinha perdido todos os seus direitos no dia em que exibira na TV soldados ingleses capturados no Iraque. Quem diria? O jornal oficial do Departamento de Estado americano é, afinal, impresso todos os dias em Londres.
[Ou]
Os maus exemplos de violação dos direitos humanos vêm sempre dos muçulmanos.

Obras de Deus

Eu acho que a Charlotte [Bomba Inteligente] tem toda a razão. Por isso, meu caro [Cibertúlia], faz lá o favor de actualizar o catálogo de Deus [E Deus Criou a Mulher]. Só discordo da Charlotte num pormenor - 58 terá sido um bom ano, mas Deus continua com a mania do perfeccionismo.

Sexo na cabeça

Uma notícia completamente inquinada, baseada em dados parciais fornecidos por fonte interessada em manipular a verdade das coisas, publicada no último fim-de-semana pelo Expresso e versando a educação sexual nas escolas, está a causar o habitual chorrilho de disparates nos sítios do costume.
[*] o título é roubado a um livro de Luís Fernando Versíssimo, mas descreve na perfeição os protagonistas desta polémica.
[Act: O Luís - A Natureza do Mal - já topou o filme. Vale a pena lerem o que diz, nos comentários, uma maluca encharcada em LSD...]

I love you, I hate you

Há uma data de canais novos na TV Cabo. Num deles, deu agora o primeiro episódio da Ally McBeal, a advogada que todos gostaríamos de ter. Uma forma deliciosa de perdermos o nosso precioso tempo.

quinta-feira, 19 de maio de 2005

Eu hoje estou assim *

O que me apetecia mesmo era fazer um «negócio sob suspeita».
* (c)

Um «foda-se» de parabéns

O melhor comentário ao jogo de ontem está, obviamente, no 100nada. Uma ingrata forma de comemorar o 2.º aniversário. Um blogue pessoal onde a mundivivência não é «um bocadinho trabalhada».

quarta-feira, 18 de maio de 2005

6,9 %

Eu aposto nos 6,9 %. Por três razões:
1. Porque é um «número curioso» [para ser lido em açoriano light]
2. Porque os economistas só pensam em sexo [vidé João César das Neves]
3. Porque é como nas lojas. 6,9 é 7, mas não parece, parece mais barato.

O mau colonizador

João Ubaldo Ribeiro dá uma entrevista à Veja em que atribui aos portugueses a culpa pela corrupção no Brasil. Mais propriamente, à burocracia associada à nossa colonização.
Perante este tipo de raciocínio fico sempre hesitante entre duas reacções:
a) é verdade, bem visto. Afinal de contas, Ubaldo até explica que a colonização britânica da América deu resultados bem diferentes. Ou seja, a colonização depende do colonizador e deixa colonizados de tipo diferente;
b) nada disso. Isto é a tese do bom selvagem levada ao limite. Ou seja, os índios até eram umas excelentes pessoas, cheias de bons princípios e melhores práticas... até que chegaram os portugueses.
A primeira versão é o politicamente correcto perfeito - a culpa é do mais forte, do invasor, do colonizador. E até tem a vantagem de assentar que nem uma luva à nossa realidade actual. Mas, nos tempos que correm, já nem sei se a explicação mais politicamente correcta não será a segunda, uma versão mais adequada à permanente instabilidade de valores em que estamos mergulhados.

A namoradinha de um (melhor) amigo meu

«Quanto mais conheço os homens, mais gosto de cachorro.»
Daniella Cicarelli, após a separação de Ronaldo.

Ainda o Almocreve

O Almocreve faz dois anos (já o disse) e para comemorar pôs no gira-discos José Mário Branco a cantar Natália Correia. Os blogues com música fazem-me cócegas - invadem-me a privacidade, quando o que quero é passear pela deles. Mas, como em tudo na vida, há excepções. Aquele poema cantado daquela maneira é das coisas mais absolutas que conheço.
Mas o nosso masson descuida-se com mimos. E dá-nos Herberto. E Scarlett. Inda um dia hei-de postar sobre a estranha cumplicidade minha com um certo e determinado número de blogues que veneram tão poderosa dama.

Carpinteiros

Os primeiros nomes são muito interessantes. O índice de produção acima da média. Tapete vermelho (pois então...) para o Bicho Carpinteiro.

terça-feira, 17 de maio de 2005

Uma boleia a Macário

Macário Correia insurgia-se, esta manhã, contra o pagamento de portagens na Via do Infante porque a alternativa, a 125, é uma via urbana permanentemente congestionada. E dizia que portagens, sim, mas na A1, que tem alternativas.
Fica aqui o repto: desafio o eng.º Macário Correia para, num dia à sua escolha, fazer comigo a viagem Lisboa-Porto (ou ao contrário) pela alternativa à A1. Uma passeio de estalo.
[Que não se veja neste desafio qualquer tomada de posição sobre as SCUTS. Já aqui falei sobre o assunto e tenciono voltar a falar, mas a questão é bem mais complexa do que a mera verificação da existência de alternativas.]

Os dois anos do Almocreve

A noite passada lá esteve ele [Almocreve das Petas] a folhear um catálogo de livros antigos, a copiar uma gravura, a topar a pandilha neo-liberal. É um dos mais noctívagos lugares da lusa blogosfera. Há dois anos a fazer das trevas luz.

segunda-feira, 16 de maio de 2005

Diga lá...

E aquele senhor dirigente-desportivo-financiador-das-campanhas-do-doutor-Soares ainda não veio clamar por um 25 de Abril no futebol ou pela necessidade de o Estado intervir no futebol? Ah... só fala na 5.ª feira. 'Tá bem.
[A graça do cavalheiro é dizer exactamente as mesmas coisas que outros, com os mesmos pretextos e objectivos que os outros, mas sempre com aquele ar de quem não frequenta os mesmos sítios que os outros. O que, sendo eventualmente verdade, é perfeitamente irrevelante para o caso.]

Incómodos

O FNV [Mar Salgado] - pronto, confesso, deve ser embirração - agradece ao João Miranda [Blasfémias] ter-lhe dado a conhecer uma pérola do Avante sobre Estaline. E depois lança-se - para não variar - aos media. Que não se incomodam com tais barbaridades comunistas.
Acontece - vejam lá - que o João Miranda se limita a citar um jornal (o DN), dos tais que não se incomodam. Pois não, apenas noticiam. Se não fossem esses media que não se incomodam, o João Miranda e o FNV, se calhar, incomodavam-se menos.

domingo, 15 de maio de 2005

À esquerda do Dubai

No último Expresso, há três ou quatro artigos de opinião com charro e Dubai no título. A Clara já lá esteve e adora, o Coutinho não faz nem ideia onde fica e odeia. O FNV [Mar Salgado], que ainda não escreve no Expresso, alinha com o Coutinho e escreve o que o dito pensa mas não diz. Que a culpa (não sei bem do quê, mas a culpa) é da esquerda. Vejam bem, aquilo tudo (a barbárie árabe, entenda-se) só existe porque é tolerado pela esquerda. E aquilo é, por exemplo, levar cinco anos de prisão por fumar umas ganzas. A Clara até explica que há quem fume sem ser incomodado, mas isso o Coutinho e o FNV não sabem. E não sabem por uma razão muito simples: porque o FNV e o Coutinho estão mais preocupados em sacar da pistola quando lhes cheira a esquerda (e, como se prova pelo caso anexo, nem sequer têm o olfacto apurado...). Há, felizmente, quem se preocupe em conhecer um pouco mais do mundo antes de o comentar. Por exemplo, que no mundo árabe nem tudo é igual, que há casos e casos, que há pequenos passos em direcção à normalidade. E que há casos - veja-se a Arábia Saudita - que não apenas são tolerados, mas incentivados, não pela esquerda, mas pelos... Estados Unidos. E olhem que na Arábia cortam mãos por dá cá aquela ganza... O raio do mundo, complexo como o caraças.

Eu e o meu psiquiatra

Pergunte-se ao Google por «Scarlett Johansson nua».

sexta-feira, 13 de maio de 2005

Tiro ao lado

Nos EUA, realizaram-se marchas de apoio à democratização da China promovidas por organizações de chineses.
Por cá, as únicas organizações de chineses que se vislumbram dedicam-se... ao comércio. E a chamada sociedade civil está-se nas tintas para a China.
Mas de quem é culpa do nosso alheamento? Pois de quem havia de ser? Segundo CAA [Blasfémias], dos media. Pois...

Ó pá, é isso mesmo

Sobre o caso Ivo Ferreira nada disse. Subscrevo na íntegra o que diz o Lutz [Quase em Português].

quinta-feira, 12 de maio de 2005

E se ?

«Matar uma pessoa no seio materno é mais grave do que matar uma pessoa que não se pode defender. Uma menina de cinco anos pode reagir, pode chorar, queixar-se.»
Nos últimos tempos, por estas e por outras, dei comigo a pensar na pena de morte. Posso pensar nisso à vontade. E até escrevê-lo. Um amigo que lê blogues há-de ligar-me um dia destes a pôr os pontos nos ii. Uma espécie de consciência à distância. Ele não sabe que o é e eu finjo que não percebo. Mas, no fim, regresso ao normal. Até que ele ligue, deixem-me pensar no assunto.

O blogue de Luana

Dois excelsos cavalheiros [Cibertúlia e Opiniondesmaker] desafiaram-me, há que dias, para responder a um inquérito muito na moda. Acontece que o dito começa por uma questão de todo incompreensível - «Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?». Presumo que alguém se deve ter perdido na tradução... A verdade é que não me tem apetecido responder ao inquérito. Por preguiça e por algo que, presumo, lhe é inerente - gosto de ler listas, de ler as listas dos outros, mas detesto fazê-las. Sei lá quais são os livros da minha vida, o último disco que ouvi, ou o filme que levaria para uma ilha deserta... Prometo, porém, que vou pensar no assunto. Até lá, deixo os meus dois desafiantes com um link de que me lembrei [Luana Piovani *]. Trata-se de uma tara de Luis Fernando Verissimo, o que a torna numa tara suprema. Entre outras coisas que gosta de dizer sobre Luana, Luis Filipe leva-a para a ilha deserta quando lhe fazem inquéritos. Acho que foi por isso que me lembrei do link. Ou se calhar não.
[* o link dá directamente para o blogue de Luana, com textos e fotos. Mas, é claro, na página há links bem mais interessantes...]

Auto-estrada

Não sei porquê, mas desde ontem que não me sai do pensamento esta auto-estrada.

Perplexidade

Há qualquer coisa de pernicioso, muito pernicioso, na ideia de que a justiça está «a passar a pente fino» as decisões tomadas na fase final de um governo. Ou não?

quarta-feira, 11 de maio de 2005

Facto relevante

Uma notícia sobre eventual ilegalidade de um negócio, envolvendo um banco, um empreedimento turístico, financiamento de partidos e uma série de questões conexas é a manchete de hoje em todos os jornais portugueses. Todos não. Nos de economia, há apenas uma breve referência nas últimas páginas, sem qualquer referência nas primeiras. Muito sintomático.

A nossa língua não é a pátria deles

A revista Lire elegeu 50 escritores «para amanhã». De língua portuguesa, apenas Patrícia Melo.

Escândalo: corrupção chega aos blogues

Os meus leitores, mais ou menos regulares, por poucos que sejam, mandem-me dinheiro ou presunto de Parma: verão que os textos melhoram.
FNV in Mar Salgado.

f-words

Há mais um blogue com f-words. Bem vinda.

Contos populares (série imoral)

Era vez um eucalipto que secava tudo à sua volta. Tudo não, os sobreiros tinham de ser cortados.
[A botânica é meramente incidental nesta estória, como adiante se verá, mas isso não se deve contar às criancinhas.]

A coerência do guru

Desde que, há umas semanas, prometeu nunca mais falar de Lula na Veja, o guru Diogo Mainardi tem falado de Lula todas as semanas. O curioso é que nada disto me espanta.

O autor c'est moi

Levantam-se novamente dúvidas sobre a autoria dos blogues. Pela parte que me toca, quero aqui garantir que o autor continuo a ser eu.

segunda-feira, 9 de maio de 2005

Há mar e mar...

O Mar Salgado faz dois anos. Tem coisas boas e coisas que nem por isso. As primeiras, é da praxe, são primeiras e deixam as segundas para trás. O Mar Salgado está, pois, de parabéns.

Ripa no quê?

É impressão minha, ou ainda há poucas semanas o Jorge Perestrelo personificava o lado, digamos, boçal do futebol?

domingo, 8 de maio de 2005

Blogue, uma definição

Não serve absolutamente pra nada a não ser pra divertir e distrair o autor e, vez ou outra, o leitor, que também não tem grandes funções, superestimado na maioria das vezes, eu digo.
in 50 cents soul citado pelo Aviz, temporariamente regressado.

O TdN (satis)feito pelos seus leitores

O autor é: Sengei Ono. O disco é: Nekonotopia Nekonomania. A faixa é: Enishie.
Estes são os tais 20 segundos (40 se contarmos com o início) do Eixo do Mal.
A informação foi-me enviada (com mp3 anexo e tudo...) por Shyznogud, que já não dizia nada há meses. Pode haver autor de blogue mais satisfeito?

Discos pedidos

Acabou agora mesmo o Eixo do Mal, na Sic Notícias. Nunca perco aqueles 20 segundos finais. Que disco é?

sábado, 7 de maio de 2005

Blogues em forma de assim

Um amigo que não é dos blogues comenta-me: «Não sei o que vêem vocês no Abrupto. Aquilo são quadros e poemas, poemas e quadros... textos originais só muito de vez em quando, política - que é o que toda a gente espera do Pacheco - passam-se semanas sem nada».
Uma das virtualidades do Abrupto é precisamente a de dar a ver o Pacheco não-político. Sou daqueles que gostam do Pacheco comentador (política e media...) e que me chego a entediar com o resto, embora perceba que funciona como registo de alma - um dia bom, um mau pressentimento, um comentário metafórico... Por vezes tenho é a sensação de aquilo ser meramente enumerativo - há aquele quadro como poderia haver outro. Ou seja, aquilo só teria interesse, só seria diarístico, se os quadros fossem acompanhados de algo mais. Assim é, quase sempre, pobre. Vem isto a propósito do que o Pedro Mexia escreve no Fora do Mundo: o Abrupto fica numa terra de ninguém, entre o registo diarístico e a análise política. Quando abrimos, nunca sabemos o que lá está. E se este era o jornal que JPP gostaria de fazer, há muito teria ido à falência.
Dou, então, comigo a pensar porque escrevo eu um blogue. Que não é um diário, nem um sítio de análise política, nem um exercício de escrita (um objecto literário). Há muitos meses - quando todos andávamos a metablogar (coisa a que agora voltámos) - escrevi que isto é para mim, antes de mais, um acto de vagabundagem. Faço o que quero, quando quero, como quero. Sem compromissos. Esse talvez seja o maior prazer - escrever, dar-me ao trabalho de pensar para escrever, sem objectivo definido. E a minha única pretensão é essa.
Por isso, em relação ao que o Ma-Schamba tem metablogado, acrescento: quando critico ou elogio, não prossigo qualquer intuito normalizador (reparo agora, por exemplo, que quando falei na «falha ética» de que o Abrupto padeceria, teria sido mais exacto se tivesse escrito «falha de etiqueta» - o que é um mundo de diferença). Apenas acho que tudo o que me rodeia é significante e, nessa medida, merecedor da minha atenção, chamem-lhe análise. Que a blogosfera tem por aí muitas pérolas, de todas as cores, feitios e tendências, é verdade. Mas que, mesmo nos sítios mais dados ao pingarelho, há muito de quase nada não deixa de ser igualmente verdade.

Próximos capítulos

Ainda hoje, se me apetecer ou se (outra coisa qualquer...), haverá um post que, a propósito do aniversário do Abrupto (ainda?), passará pelo Ma-Schamba e pelo Fora do Mundo. Pelo menos. E este post não tem links, nem comentários, nem interesse, nem porra nenhuma.

O que uma pessoa aprende ao sábado !

A leitura do Expresso continua a ser um dos must do fim-de-semana, mesmo para aqueles que dizem não o ler. Eu tenho semanas. Esta li.
Fiquei a saber, por exemplo, que o último a receber o tal prémio do Rumsfeld antes do Portas tinha sido o Spielberg. Estamos, pois e descaradamente, no reino dos efeitos especiais.
Fiquei a saber que Edite Estrela participou na campanha pelo «sim» no referendo europeu em França. Pena que o tenha feito logo agora que o «sim» estava a subir... Ainda vão arrepender-se.
Fiquei a saber que, depois de Freitas, Condoleezza recebeu esta semana Guterres. Ou a fulana anda a falar com todos os potenciais candidatos de esquerda cá do burgo, ou tem uma queda esquisita por socialistas esquisitos.
E depois ainda há aqueles títulos que dariam motes para crónicas do arco da velha, tipo «Sócrates no céu» e «Belém em Oeiras»...

Blogues - um esboço muito incipiente

Numa caixa de comentários do A Arte da Fuga, um Fernando Albino escreveu o seguinte:
«António, admiro a tua serenidade mas não esperes grande diálogo com esse cavalheiro [eu, jmf]. Lembra-te, a objectividade é um bem escasso.Um abraço.»
Presumo que se trata do mesmo Fernando Albino de No Quinto dos Impérios, que enfiou a carapuça de um texto que aqui escrevi sobre os «filhos ilegítimos do Bloco» e prontamente reagiu (diga-se que no meu texto não referia explicitamente ninguém, mas que as reacções foram muitas, pelo que o retrato não deveria estar muito desfocado...).
Atente-se na sobranceria do tal Albino, note-se como se julga detentor da verdade.
Mas não é só aí. Também o lendário MacGuffin [Contra-a-Corrente], ressuscitado de trabalhos intensos, critica um texto meu começando por achincalar a minha capacidade de raciocínio.
Fico deslumbrado com tal capacidade de argumentação e de relacionamento com o mundo exterior. São casos destes (e dei apenas dois exemplos de uma possível e enorme lista...) que frequentemente me levam a dar razão à política de linkagem do Abrupto. Os links, se fazem parte do código genético dos blogues, pela capacidade de criação de uma espécie de diálogo em rede, são, helas!, igualmente um anzol para pescar porcaria.
Já por mais de uma vez me queixei da escassez de massa crítica da blogosfera. E, se há blogues, como o Jaquinzinhos (de que sempre discordo...) ou o Blasfémias (com quem por vezes concordo, mesmo que a contragosto...) ou, A Montanha Mágica e o Fora do Mundo (geradores de momentos de grande qualidade), tudo blogues (e há muitos outros...) de enorme interesse, a verdade é que a maior parte do que por aí se escreve é puro lixo, desinteressante, sem história.

sexta-feira, 6 de maio de 2005

A fundação

Parece que Paulo Portas foi aos Estados Unidos sacar umas massas para uma fundação de direita. O Conselho de Administração [O Acidental] já está reunido. No primeiro ponto dos estatutos diz-se que a prioridade é a caça às trapalhadas do Governo Sócrates. Por isso, o símbolo da fundação, que estava para ser um galo de Barcelos, teve de ser mudado para uma versão pindérica do D.Quixote.

Um escândalo

Com 36 por cento dos votos populares, Tony Blair acaba de alcançar a maioria absoluta do Parlamento britânico. Um escândalo, devem estar a pensar aqui [A Arte da Fuga] e aqui [O Insurgente].

quinta-feira, 5 de maio de 2005

Por isso corro demais

[Assistindo a um resumo da semana
rodoviária do Presidente Sampaio]

Meu bem, qualquer instante que eu fico sem te ver
Aumenta a saudade que eu sinto de você
Então, eu corro demais, sofro demais
Corro demais só pra te ver, meu bem

E você ainda me pede para não correr assim
Meu bem, eu não suporto mais você longe de mim
Por isso eu corro demais, sofro demais
Corro demais só pra te viver meu bem

Se você está ao meu lado eu só ando devagar
Esqueço até de tudo, não vejo o tempo passar
Mas se chega a hora de pra casa te levar
Corro pra depressa, outro dia ver chegar
Então, eu corro demais, sofro demais
Corro demais só pra te ver, meu bem

[Roberto Carlos, 1967, dá para ouvir um bocadinho aqui].

Candidatura de impacto

Parece que José Sá Fernandes vai ser candidato à câmara de Lisboa. Excelente. A cidade vai, finalmente, ser pensada a partir da raiz. Por exemplo, não foi feito qualquer estudo de impacto ambiental antes da reconquista de Lisboa aos mouros.
PS: já agora, será que fizeram algum estudo de impacto ambiental à própria candidatura?

Os links do Abrupto

Escreve o Abrupto: «O Abrupto deve ser o único blogue português que conheceu uma campanha activa contra a colocação de ligações, uma interessante, reveladora e um pouco infantil forma de censura».
Acontece que o Abrupto não tem coluna de links e fala/escreve como se o fizesse para o vazio, em diálogo com o vazio.
Como escreve o Miniscente: «Existe alguma objectiva sobranceria de JPP ao não lincar de modo fixo, pelo menos, os blogues que lê semanal ou mensalmente. Não se trata de uma obrigação, mas de um dever-ser ético-político. Esse facto suscita mal-estar na maioria da blogosfera activa que entende, com razão, o dever ser como um óbvio contrato mínimo entre pares do mesmo ciber-espaço.»
Concordo com esta ideia do Miniscente e por isso falei há pouco de «falha ética», pensando que usava um termo relativamente suave, mais suave, por exemplo, que «falta de ética».
O Ma-Schamba espanta-se com a minha crítica e fala em corporativismo. Coisa que não pratico, aqui ou na vida real.
Agora, como acha o Ma-Schamba que se deve classificar alguém que despreza o linquismo activo, mas adora o passivo, ao ponto de ver na sua falta «censura» e «campanhas activas»? Acha o Ma-Schamba que haveria algum blogue português no Top Technorati (facto de que o Abrupto se vangloria....) se todos fizessem como o Abrupto e fizessem da lincagem uma excepção e não a regra?

A lógica da batata

Quando tomei contacto com o Arte da Fuga, achei interessante - até pelo cabeçalho, presumia que se tratava de uma homenagem a Bach. Não, é uma simples linha argumentativa - a arte da fuga.
Por exemplo:
1. Escrevi que a possibilidade de o PS fazer uma revisão constitucional com a esquerda e o CDS é contranura e um erro político.
2. Contestei a argumentação do Insurgente sobre o peso político do PS baseada na ideia de que os votos dos que não votam também contam.
3. Com tudo isto, na Arte da Fuga cozinha-se uma caldeirada baseada na mais pura falta de lógica. Por exemplo: a soma PCP+BE+Abstenção dá 50 por cento e não 56 e tratava-se de uma ironia (explícita, está lá escrito que é ironia...) para desmontar a argumentação das minorias do Insurgente. Pior que isso: os 45 por cento do PS representam, de facto, a maioria absoluta do país. É simples: os deputados da Assembleia da República representam o país e, aí, o PS tem maioria absoluta. Resulta do sistema eleitoral (é assim em todo o mundo e Portugal nem é dos países em que o sistema eleitoral gera maior distorção...) e está escrito na Constituição e nas leis eleitorais. São as regras do jogo. A não ser que o liberalismo das minorias do Insurgente e da Arte da Fuga ache que as maiorias que aprovaram tais coisas eram matematicamente ilegítimas...
Assinado: jmf, perdão, jmc.
PS: o post do Insurgente é inatacável? Esperem aí... vou segurar a barriga para aguentar o riso.

O Abrupto - esboço de parabéns

O Abrupto faz dois anos amanhã e já começou a comemorar, tal é o auto-entusiasmo. O narcisismo está nos genes da blogosfera e quem diz o contrário está a ser pateta.
Poder-se-ia dizer que há uma blogosfera portuguesa antes do Abrupto e outra depois. Mas isso seria redutor. Sem o Abrupto não haveria blogosfera. Existiriam uns blogues, que começariam e acabariam, uns com glória, outros sem. O Abrupto funciona como o polo aglutinador, mesmo daqueles que nunca por lá passaram, mesmo daqueles que fingem que nunca por lá passam
Pela parte que me toca um dos maiores encantos do Abrupto é aquela falha ética que o leva a não ligar/linkar ao que o rodeia - todos temos direito a uma pequena dose de autismo, percebe-se que para alguns a dose seja mais generosa. Mas, nisso, o Abrupto não é muito diferente do JPP que conhecemos doutros carnavais. Essa é a parte que não surpreende num blogue quase todo ele surpreendente.

quarta-feira, 4 de maio de 2005

Misérias

Quem folheia jornais espanhóis sabe do falo - rara é a semana em que uma zanga de namorados ou casados não acaba em banho de sangue. Nunca percebi tal fenómeno - um eventual fogo de paixão não explica tudo.
Por cá, parece que estamos fadados a ver nos jornais casos de violência sobre as crianças, ainda para mais praticadas no círculo familiar. Aos casos mais mediáticos da Joana e agora da Vanessa há a juntar os mil e um pequenos casos de menor monta, uns que chegam aos jornais, outros nem por isso. A pobreza e a miséria - mais social e educacional que económica - explicarão alguma coisa. Mas será que explicam tudo?

Insucesso na matemática (um exemplo)

Circula por aí que o PS pode fazer uma revisão constitucional com a esquerda e o CDS.
Dir-se-á que se trata de uma solução contranatura, ou até um estrondoso erro político à queijo liminano.
Absurdo é ir buscar o argumento estapafúrdio de que o PS está a ir contra uma maioria que não votou nele [O Insurgente]. Porque o PS tem, de facto, a maioria absoluta no país e não apenas na Assembleia. É com essas regras que se realizam eleições. Aqui e em todo o lado.
Mas diz ainda BrainstormZ que, com esta iniciativa, os socialistas «querem ignorar os representantes de 26,4% desses eleitores (1.638.931 portugueses)», ou seja, o PSD. Deduzo, portanto, que se o PSD e o PS se juntarem para uma revisão mais normal, mais dentro dos cânones, não haverá problema que sejam ignorados os 21 por cento que votaram PP, PCP e BE. A que poderemos juntar os tais 35 por cento que nem sequer votaram. Já vamos em 56 por cento...
A tese de que os votos dos que não votam contam para alguma coisa levaria à hipótese aburda de podermos ter um governo em Portugal com a seguinte composição: PCP (8 por cento), BE (7) e abstencionistas (35 por cento). Eis um governo, coerente, que representa 50 por cento do país. Fantástico... Um regime em que, verdadeiramente, o peso das minorias não seria «menorizado». Um estado liberal, no entender deste peculiar insurgente.

terça-feira, 3 de maio de 2005

Sai um psiquiatra para a campanha rosa

Dos jornais: «Daniel Sampaio vai colaborar na campanha de Carrilho».
Dúvida: faz parte do staff político ou de apoio médico?

O que pensam os gurus da direita

1. Helena Matos, Público, 30 Abr 05: «Os portugueses sentem este referendo [aborto] como absolutamente inútil. Não o querem hoje».
2. Sondagem TSF, 03 Mai 05: «A sondagem revelou ainda que 46,6 por cento dos inquiridos consideram a consulta sobre o aborto mais importante que o referendo europeu, ao passo que 39,3 colocariam os referendos em ordem contrária.»

segunda-feira, 2 de maio de 2005

Magic Time

O novo disco de Van Morrison é soberbo. Soul e swing à anos 50/60. Só sai a 16 de Maio e, como não posso pôr aqui o disco a rodar, aconselho os excertos que se podem ouvir aqui.

Ainda o Bloco

1. O peso sócio-mediático (se isso existe, ou me faço entender) do Bloco é desproporcionado face ao seu valor real (político, entenda-se). A razão de tal desequilíbrio resulta quase exclusivamente do sistema mediático, da pulsão dos media pela novidade, pela ruptura, pelo dissonante.
2. O Bloco desradicalizou a extrema-esquerda portuguesa - já não querem a revolução, o tudo ou nada, contentam-se em influenciar o status quo. Isso é positivo. Assim como o é o facto de o Bloco ter insistido na discussão de questões até então ignoradas. E aqui surge o problema - os media, como o Bloco, adoram questões «fracturantes», daí que esses temas tenham assumido um papel desproporcionado na agenda político-mediática. De importantes, mas secundários, tais temas passaram a prioritários e quase estruturantes.
3. A contestação a essa agenda bloquista tem sido assumida pela nova direita. O meu ponto é que essa direita se auto-menoriza ao eleger como adversária a agenda do Bloco. A minha dúvida é se o faz intencionalmente, ou porque nada mais tem para dizer (e quando fala de coisas normais parece que não tem - limitando-se a «descobrir a pólvora...).
4. Exemplo de tudo isto - o que essa nova direita escreveu este ano sobre o 25 de Abril. Nada de novo, rigorosamente nada de novo. Tudo se resumiu à contestação dos pontos de vista da esquerda radical.
[Vale a pena ler o que escreveu o Jaquinzinhos sobre esta matéria - aparentemente, é uma contestação ao que anteriormente escrevi; lido com atenção, acaba por confirmar a minha tese. A minha questão ao Jaquinzinhos é muito simples - percebo a necessidade de desmacarar os «disparates», mas interrogo-me se não se lhes estará a dar demasiada importância e, por essa via, a amplificar o seu impacto.]

Um jornal de jornalistas

O Jornal faria hoje 30 anos, mas muitos já dele não se lembrarão. E, no entanto, a história daquele jornal diz muito sobre o processo político pós-25 de Abril, sobre a(s) esquerda(s) e sobre os media. Eis um jornal (há outros...) que merecia ver a sua história investigada e passada a livro (já agora, com algum distanciamento, porque também há zonas de sombra). O José faz umas aproximações.

domingo, 1 de maio de 2005

Entre o CD e o DVD

Hoje, é Bruce Springsteen. Devils & Dust. Excelente. Longe da garra intimista/expansiva de The River, mais maduro. Altamente recomendável. Dylan sem Dylan, sem que isso seja redutor.