Sondagens (II de II)
Eu, se fosse político, fechava os olhos e não lia as sondagens de entre sexta-feira de manhã e sábado de manhã. Eu, se fizesse sondagens, também não lia.
Everybody Knows This Is Nowhere - Neil Young
Eu, se fosse político, fechava os olhos e não lia as sondagens de entre sexta-feira de manhã e sábado de manhã. Eu, se fizesse sondagens, também não lia.
Eu também acho que há um efeito Manuel Alegre nas sondagens que não corresponde ao real valor eleitoral do dito cujo. E que Soares está desvalorizado. E que há muita direita a inchar o Alegre, mais por puro gozo do que na expectativa de que ele reduza Soares a pó. Basta ler, nos media e nos blogues, as palavras de incentivo ao poeta e os apelos, cada vez menos velados, à desistência de Soares. E também sei que anda muita esquerda a votar Cavaco, que uns o fazem também por puro gozo, outros em protesto contra PS-Sócrates-Soares, e poucos, mas mesmo muito poucos, o fazem a sério. E menos ainda irão votar, de facto, Cavaco. O sol sorri, porém, para Cavaco, mas todos sabemos como estes números, conhecidos agora, podem ser do mais traiçoeiro que existe.
Conheço um blogue onde pontificam duas mulheres, muito mulheres (if you know what I mean...), onde quem manda, mas manda mesmo, é um homem.
A gente passa pelo Alentejo, anos a fio, e aquilo é um deserto. Nada. De agricultura, nada. Em ano de seca, surge a oportunidade para o subsídio. E manifestam-se. Podiam, pelo menos, ter deixado as camisas Calvin Klein em casa.
Lembram-se da Alta Autoridade para a Comunicação Social, esse quisto da democracia, coio de parasitas? Pois, desde ontem, é um bastião da liberdade de imprensa.
Sobre o referendo do aborto, acho divertida, simplesmente divertida, a polémica que sempre se instala acerca da oportunidade e da data. Tudo serve para não fazer.
Acho espantoso o silêncio (ou a falta de espanto...) pelas cada vez mais espantosas declarações do senhor Van Zeller sobre o negócio da TVI. Ver, por exemplo, a peça de hoje no Público (inlinkável).
Um dos momentos mais interessantes da blogosfera actual está na caixa de comentários do post Advertência, do Luís [A Natureza do Mal II].
A correspondente do Libération em Berlim falava hoje da campanha «assexuada» de Angela Merkel nas recentes eleições alemãs. Diz que começou com o entusiamo dos movimentos de mulheres e que até colheu simpatias noutros sectores políticos. Mas, durante a campanha, o discurso de Merkel nada tinha a ver com mulheres. Era um discurso assexuado.
e, infelizmente, certeiro.
Estive a ver o Eixo do Mal. Aquilo é o state of the art do comentário político. Opiniões vincadas, definitivas, sobre tudo e sobre nada. Intrinsecamente contraditórias - o povo, por exemplo, tão depressa é parvo como inteligente. Fala-se porque sim, melhor, porque se é pago para isso. Sem o mínimo cuidado de informação, de saber do que se fala. A maior parte do que se diz não tem sustentação nos factos. Não é uma questão de opinião, são os factos. Escolhe-se do real aquilo que confirma as nossas convicções e ficamos satisfeitos. Exemplo? Estamos convencidos de que houve mão do PS no regresso de Fátima Felgueiras. Não há factos, há suposições. Mas isso não importa. E depois dizemos: porque está Jorge Coelho tão calado (topam a insinuação?)? Pouco importa que o homem tenha comentado a história (não a de Felgueiras, mas mesmo a do envolvimento do PS). Enfim, um dislate.
Apercebeu-se da chegada do Outono. Nem tanto pela luz filtrada do fim de tarde. Mais pelo bem que lhe soube a caneca de Mokambo, a torrada.
Fomos comprar um jogo Uno. Versão de plástico,Toys'r'us, €9,90.
As eleições na Alemanha mereceram comentários entusiasmados cá pelo burgo. Alguns atiram-se mesmo aos alemães, tratando-os mais ou menos por estúpidos, pelo simples facto de terem votado mal - deviam era votar nas reformas, na Merkel. Votando como votaram, estão a condenar-se a si próprios.
O comentador da RTP diz que Carrilho não ter perfil. Se dissesse o contrário seria expulso? Do PSD, quero eu dizer.
Qual é explicação para este caso:
Há várias horas que a Euronews, nos títulos a cada hora, abre com as eleições na Alemanha e segue com um incêndio que houve hoje em Mortágua. Vejam bem, Mortágua quase tão importante quanto o governo da maior economia europeia...
2. No caso de dissolução, a Assembleia então eleita inicia nova legislatura cuja duração será inicialmente acrescida do tempo necessário para se completar o período correspondente à sessão legislativa em curso à data da eleição.
Como sempre, são muito estimulantes as reflexões de JPP [Abrupto] sobre os media, desta vez, mais especificamente acerca do «enviesamento» da informação.
Há quem ache que o referendo sobre o aborto deve encalhar na discussão das sessões legislativas. E sobre essa matéria há opiniões divergentes, mesmo entre constitucionalistas. Não se percebe é porque umas leituras hão-de ser mais válidas que outras. Obviamente, podemos sempre inverter os princípios básicos da democracia e defender que a leitura da minoria e dos seus constitucionalistas é mais iluminada que a outra. Aliás, podemos mesmo alargar esse entendimento à questão de fundo e determinar que, referendo ao aborto, só quando todos estiverem de acordo sobre a sua realização. Ou seja, nunca.
Pois, parece que há um programa de tv que usa e abusa de um certo estereótipo de gay. No Glória Fácil, opina-se e linka-se sobre o tema.
Anda no ar uma certa comoção com o artigo de Cavaco que o Expresso se esqueceu de publicar em 2003.
Depois de o Expresso ter publicado hoje um texto de opinião de Cavaco escrito em 2003, a candidatura de Soares está a fazer chegar aos jornais os manuscritos do Portugal Amordaçado.
[o inimigo interno]
Hoje não há novidades sobre os afectos presidenciais do engenheiro. Será que a implosão lhe modificou o humor? A promoção regresso às aulas estará a funcionar? Coisas que me angustiam... Tanto, tanto, que tenho evitado até passar perto de um dito supermercado.
Hoje, fomos almoçar ao Great American Disaster, no Marquês de Pombal. Juro: pensava que tinha fechado por falta de clientela.
Nos blogues também. Também há blogues tablóide. Sim, estou a falar de blogues anónimos, que publicam o que lhes vem à cabeça, que treslêem, que confundem árvores com florestas, opinião com factos. Uns grandessissímos tablóides é o que eles são.
O Governo, o Sócrates, os autarcas, o empresário. Os que já foram e os que são. Especialmente os que pensam que são. Todos foram à implosão. E as televisões e as rádios e os jornais. Todos foram. E o povo viu. Em directo e em diferido. Três segundos de pó. O país é, obviamente, tablóide de alto a baixo. Não se atirem ao Sócrates, ou aos media.
Parece que os tablóides é que dizem a verdade. E qual é a verdade? Que Sócrates só fingiu que implodia, porque quem implodiu foi outro. Qual o interesse disto para a história? Zero. Mas, pronto, é a verdade. Eu pensava que a informação curiosa, o fait-divers, o anedótico, o incidental, era o território por excelência dos tablóides. Que aos outros competia descrever, analisar, o que é essencial. Parece que não. O que interessa é a verdade e a verdade é definitivamente tablóide.
Quando vi um post com o título «Que tal umas lições de economia?!», assinado por Miguel Frasquilho [Quarta República], ainda pensei que era uma coisa autobiográfica, consequência da triste figura que fez, há dias, no Parlamento, com os números do desemprego. Enganei-me.
Até a Economist, como nota Vital Moreira [Causa Nossa], aderiu ao anti-americanismo primário. Uma vergonha... O mundo está perdido.
O RAF e o João Miranda [Blasfémias] têm razão: aquilo de Cuba liderar o investimento em educação é de anedota.
A nomeação de socialistas suspeitos continua em grande estilo:
No Blasfémias apela-se a que se destaquem os aspectos positivos do relatório do PNUD sobre o desenvolvimento dos países. Parece que podemos aprender alguma coisa. Aí vai, então, um modesto contributo retirado do dito relatório: Cuba é o país que gasta a maior percentagem do Produto Interno Bruto (PIB) em educação.
O Índice de Desenvolvimento Humano
Fui só fumar um cigarro [na verdade, estou é a escrever posts atrás de posts noutro blogue].
Há discussões que seria fácil alimentar. Um exemplo.
A senadora Hillary Clinton quer uma comissão de inquérito ao falhanço das autoridades americanas no caso do Katrina. É preciso denunciar: trata-se de uma anti-americana primária. Comunista. Uma louçã de saias. Uma vergonha...
O candidato suplente do PSD às presidenciais, na habitual homilia de domingo, está a arrasar com inusitada violência a reacção de Bush ao furacão e o sistema político americano que se virou todo para o combate ao terrorismo e se esqueceu do país. Olhó comunista...
Sou português, tenho opinião. Mas não devo ter opinião sobre a América, quando a América sofre ou erra. Não devo tratar a América como se fosse a espécie de segunda pátria que, na prática, é para a maioria de nós.
Critico Bush, ou a imagem que ele dá da América, sofro de anti-americanismo.
Abriu a época de caça. Nos bastidores, nos telefonemas, nos almoços, cada uma das candidaturas tenta pescar nas águas do adversário.
Perguntam-me se conheço aquele senhor de bigode escuro muito marcado que hoje aparece ao lado de Mário Soares em 90 por cento das fotos dos jornais