Terrorismo
As bombas mataram hoje quase 40 crianças em Bagdad.
Parece-me excessivamente simplista culpar os terroristas.
Everybody Knows This Is Nowhere - Neil Young
As bombas mataram hoje quase 40 crianças em Bagdad.
Passei na banca e não consegui comprar o jornal. O ardina - chamemos-lhe assim - estava afogado em tachos e panelas, fascículos e coleccionáveis, coisas sem fim. Um bazar chinês, como tantos que por aí florescem. Olhou, então, para mim o ardina e disparou: «Não quer antes a porcaria deste DVD que é quarta vez que aqui chega? Ou a quinta História de Portugal, a oitava enciclopédia, a reprodução das abelhas explicada às criancinhas?». Os olhos saiam-lhe das órbitas e aproveitei a chegada de mais uma carrinha da distribuição - é quinta-feira e começavam a distribuir o saco do Expresso - para, discretamente... basar. Eu disse basar? Ou seria... bazar?
Governo concede tolerância de ponto na segunda-feira.
Israeli forces killed three Palestinians, including two teenagers, on Wednesday after storming into the northern Gaza Strip for the third time in as many months to quell Palestinian rocket fire into Israel.
O Paulo Gorjão deveria clarificar um pouco aquela coisa das mudanças da Bélgica para Portugal... Não vá alguém fazer uma notícia de jornal baseada num equívoco...
Em quem vota Bob Dylan? Ora aí está uma boa questão. Mas, se a pergunta é boa, a resposta não me interessa. Porque dali já espero tudo. O que às vezes é bom, outras nem por isso.
O Paulo tem razão. Eu ainda poderia imitar os cínicos - dizer que nenhum de nós conhece os pormenores dos vários processos em causa e, portanto, não deveríamos opinar de ânimo leve. Mas a verdade é que não é necessário conhecer os processos, nem ser jurista, para perceber que o carácter completamente aleatório que se instalou na justiça - pelo menos, na que é mediatizada - não nos pode deixar descansados.
Dou-me cada vez pior com os lugares-comuns. Deve ser falta de paciência, uma forma educada de me referir à minha própria idade.
A justiça não funciona. Ou funciona mal, o que, tratando-se da justiça, vai dar ao mesmo.
El cámara de Telecinco José Couso, muerto en Irak, obtendrá la condición de víctima del terrorismo con el fin de beneficiarse de la compensación económica prevista por el Gobierno para estos casos.
E esta recente vaga de mulheres a exporem a sua sexualidade pseudo-mitológico-desinibida apenas reflecte uma fase de excesso de livros de culinária no mercado.
A SIC está a noticiar, com provas, que Mira Amaral já tinha garantido um lugar na administração da EDP no início de Agosto, mais de um mês antes de bater com a porta na Caixa Geral de Depósitos e arrecadar uma reforma milionária.
Antes de tão apressadamente ires votar Bush, não queres averiguar primeiro em quem votam Dylan, Cohen e Cave. Como compreendes, Presley e Cash não contam para este campeonato. E não me venhas com a treta de que nenhum dos outros três é americano.
A esta hora, presumo, já deve andar muita gente a procurar se alguma criança se referiu a um senhor que ia à televisão, vestia roupa de marca e tinha a mania de estar sempre a citar autores famosos nas entrevistas.
Ainda as entrevistas do ex-ministro David Justino.
Não sei de quem é a maior patetice: de quem teve a ideia; de quem nela participa; ou de quem acha que um tal fait-divers pode ter honras de primeira página. Mas que a capa da revista Única/Expresso - sobre uns cursos que estão a ser dados em Lisboa para que os homens aprendam a lida doméstica - é uma perfeita patetice, sobre isso não tenho dúvidas.
Na entrevista de David Justino ao Expresso, há uma frase muito significativa: «Mais grave que mudar de partido de Governo é mudar de Governo dentro do mesmo partido».
Não podem deixar de espantar as declarações das últimas horas sobre a bronca na colocação de professores.
Acabei de ouvir na rádio: algumas regiões do Alentejo mudaram do alerta laranja para o alerta azul.
Uma das «reformas» do Governo Durão foi mudar as regras (e o nome...) do Rendimento Mínimo Garantido. Um dos problemas (reconhecido por muitos) seria a elevada percentagem de fraudes. [Estudos posteriores revelam que alguns dos problemas mantêm-se e outros foram agravados, mas isso já é outra história.]
As mesmas sondagens que dão uma confortável vantagem a Bush sobre Kerry na corrida para a Casa Branca mostram igualmente que os americanos gostariam de assistir a mudanças profundas de várias políticas, nomeadamente no que respeita ao Iraque.
- Tá? Tá lá? É do gabinete do doutor Bagão? Queria só dar uma ideia [El Gobierno anuncia que los contribuyentes se ahorrarán 175 millones con la deflactación del IRPF]... Não levem a mal.
Taxas moderadoras? Sim.
- Sr. Presidente, como comenta a permanência da GNR no Iraque anunciada hoje pelo primeiro-ministro?
Ou se está na vanguarda. Ou, pura e simplesmente, não se está.
Quando David Justino chegou ao Ministério da Educação, há dois anos e meio, a primeira medida que tomou foi suspender a aplicação de uma revisão curricular preparada, ao longo de meses, pelo PS.
- Pedro, tenho de lhe tirar o chapéu. E dar-lhe os parabéns.
Disco novo aos 70. Só não percebo porque não podemos ter um cheirinho disto. Vá lá, só 30 segundos...
Não dr. Pacheco Pereira, não há «um problema estrutural de competência [neste] governo». Porque, por exemplo, o que falhou na colocação de professores foi um sistema informático montado pelo Governo de Durão Barroso, o tal que colocou a Sociedade da Informação e as novas tecnologias no topo das prioridades.
O momento da noite foi quando José Rodrigues dos Santos - farto de encher pneus e à beira de desistir - foi obrigado a desmentir o que acabava de passar em rodapé: «Demitiu-se a ministra da Educação». «Foi um erro na régie», disse o Zé. O computador da régie terá sido instalado pela Compta?
Só espero que aqueles «dois funcionários do Ministério da Educação do tempo de Guterres» estejam agora, de castigo, a colocar professores à unha...
Definitivamente, o princípio do utilizador-pagador veio para ficar. E os benefícios fiscais entraram na ordem do dia.
Foi na blogosfera que aprendi a sacar da pistola logo que alguém se apresenta como liberal. O que querem? Entre o muito que não sabia e por aqui aqui aprendi está essa coisa espantosa de «liberal» significar no dicionário da quase totalidade dos liberais «conservador, reaccionário, extremista, radical de direita, católico fanático, capitalista selvagem...» Enfim, tinha uma noção menos liberal de «liberal»...
A 27 de Julho, um rapazola açoriano chamava-me «abastado capitalista» porque eu tinha metido umas férias de 15 dias, intervalados com outros 15...
O Estado precisa de se financiar para pagar alguns serviços que nos presta (cada vez menos... veja-se o aumento dos passes, já no mês que vem) e uma data de mordomias a uma gajada da côr (veja-se o affair Mira Amaral...).
Um destes verões, estava eu a banhos, o Expresso resolveu atirar-me com uma manchete que andaria à volta disto: «Sócrates põe ordem no litoral». Os termos exactos não serão estes, o ano não me lembro. O homem era, então, ministro do Ambiente.
Público, 16 Set, 21:20
«Não contem mais comigo para a política».
Eu apenas achei curiosa a frase «deixemos de lado o facto de ser um governo PSD, PP, PS ou o raio que os parta». O MacGuffin é que viu nisso uma tempestade.
Durante anos e anos, um grupo de maldosos e incompetentes trabalhou regularmente no Ministério da Educação, aguardando a oportunidade de mostrar o seu know-how. Aproveitaram a abertura do ano escolar 2004-05...
Desculpem a insistência... mas a questão da dupla legitimidade parece-me decisiva. Tendo em conta coisas que têm acontecido, quero saber, antes de votar, o que vale o meu voto.
O MacGuffin [Contra a Corrente] tem toda a razão. A abertura do ano escolar está a ser v-e-r-g-o-n-h-o-s-a.
Nos últimos tempos, tornou-se politicamente correcto defender uma cultura de exigência na educação. Quem o faz tem sempre em mente: a) os alunos; b) os professores; c) os alunos e os professores.
O nosso constitucionalista [Causa Nossa], pelos vistos, agora dá pareceres à borla. Por isso, aproveito e coloco-lhe a questão que me apoquenta desde que se fala de referendo à Constituição europeia.
Não me venham falar na falta de voz da Madonna. Nem mesmo da quase constante desafinação. Não é disso que se trata.
E o juiz Mário Ruas Dias? Em que clube de futebol está filiado? Em que associação benemérita milita a sua mulher? E terá irmãos na maçonaria? Será descendente de algum Opus Dei?
Agora, que já se percebeu que o arranque do ano escolar voltou aos tempos do PREC, nem temos a quem nos queixar.
Concentrado de modernidade, digo. Até na artificialidade.
1. O video de American Life que nenhuma televisão quis mostrar - um fortíssimo manifesto contra a guerra do Iraque, com Bush a ronronar na face de Saddam. O Pavilhão Atlântico - membros do governo da Nação incluídos (percebe-se: não tinha legendas...) - aplaude eufórico.
Ainda a propósito de Bagão Félix... exijo, repito, exijo, que a Grande Loja retire a imagem de Scarlett Johansson de um texto sobre o dito senhor. Há coisas com as quais não se brinca...
Há uma pergunta que me atormenta - Manuela Ferreira Leite alguma vez existiu? Ou foi pesadelo meu? Só meu?
Sobre Bagão Félix na TV, gloso uma das frases que mais me tem irritado nos últimos tempos:
A propósito das portagens nas auto-estradas e das chamadas alternativas, diz-me um leitor:
Quem tiver menos recursos, paga menos nos hospitais...
Os portugueses talvez ainda não se tenham apercebido, mas logo à noite começa todo um novo ciclo na vida da Pátria. O ministro das Finanças vai dizer que, afinal, do que o país precisa é de trabalho. Com um sorriso nos lábios. O ministro? Não, nós.
Um leitor pergunta-me se defendo portagens no IC-19.
Os meios político-mediáticos (e outros...) foram abalados esta semana pelas circunstâncias em que decorreu uma cerimónia maçónica de homenagem ao presidente do Tribunal Constitucional, Luís Nunes de Almeida.
Vital Moreira [Causa Nossa] defende o princípio do utente pagador em todas as auto-estradas, cuja aplicação tem sido repetidamente anunciado pela coligação PSD/PP vai para dois anos e tal.
Estamos, então, a 11 do mês 9. A menos de 8 horas de um dos acontecimentos mais trágicos da história da humanidade (assim mesmo, sem maiúscula, que não sei se as merece...).
Já o escrevi aqui uma vez ou duas. Numa mundo cheio de receitas e em que tantas receitas falharam, acho que deveríamos dar alguma atenção - e ter alguma abertura de espírito -, à experiência Lula.
É. Arranjei um tempinho para arrumar a coluna dos linques. Leio aquilo tudo... Melhor, passo por todos aqueles sítios. Desorganizadamente, mas persistentemente. E ainda mais alguns, que a memória agora não alcança, mas que um dia hei-de teclar.
O primeiro-ministro terá dito, no Brasil, que não podemos continuar a vender os anéis. Mas alguém andou, nestes últimos dois anos, a vender anéis? Oh senhor primeiro-ministro...
Fixou-se na capa da revista com a Marisa na camisola do namorado.
Foi no 67, por alturas do Colégio Militar. A senhora irada grita para o motorista que não a deixou sair. Replica o homem que a porta esteve aberta, só não saiu porque não quis. Gera-se o bruá da praxe. Chovem argumentos, alastram e já ninguém se entende. É aí que o motorista, fulminante, saca do derradeiro, ouvido o qual se assossegam as vozes e as duas senhoras do banco das grávidas remexem o cóxis e pigarreiam. Diz o motorista, um tom acima do esperado: «Na Holanda, não há nada disto...» Na Holanda?
Um movimento pró-vida (!) quer mandar prender (!!) uma dirigente do Women on Waves por esta ter dito na televisão o nome de um medicamento para o estômago com efeitos abortivos (!!!).
No dia do massacre de Beslan, soube-se que os terroristas tinham uma câmara de filmar. Pouco faltou para que a cassete fosse ter a uma estação de televisão. O terror sobrevive à morte dos criadores.
Um comentário de Timshel (que se prolonga pela caixa de comentários) a uma curta anotação que aqui deixei sobre a questão do aborto permite-me fazer um rápido esclarecimento.
Um destes dias, estava eu em casa quando começou numa das televisões um daqueles filmes do Poirot. Ao fim de dez minutos, mudei de assunto, precisamente quando o detective se aproximava da casa do crime. Não sem antes me interrogar: mas porque diabo insistem em convidar este fulano lá para casa, se toda a gente sabe que casa em que Poirot ponha o pé é casa em que alguém vai ser assassinado?
A notícia está por aí. Yoko Ono, sim Yoko Ono, vai estar na próxima semana em Londres, numa peça de teatro em que começa vestida e acaba nua. Depois não digam que não foram avisados...
O primeiro gabinete de anti-spin em Portugal acaba de abrir [Bloguitica]. E que estreia fulgurante... anti-spina mais rápido (e mais fundo...) que os próprios spinadores. E com outra vantagem - anti-spina em todas as direcções.
Na estação do Marquês de Pombal - corredor entre as linhas azul e amarela - a degradação de uma parede aproxima-se da obra de arte. O problema vai ser daqui a meses, quando chegar a altura de lá colocar uma placa com o nome do autor.
[a propósito de quando começa a vida humana]
Já lhe sucedeu perder um telemóvel com centenas de números registados, mais a lista de afazeres, mais a agenda pessoal e profissional para os próximos meses?, pergunta Vital Moreira.
Andava à procura de umas instruções para uma velha passadeira de ginástica. O Google costuma ser, nestas ocasiões, porto seguro. Teclei o modelo e saem-me três páginas de sites sobre a dita passadeira. Começo a clicar e... surprise: eram só páginas de leilões e vendas em segunda mão. Nada de instruções. Mais intrigante: as páginas eram todas da Argentina. Mudo de motor de busca e o resultado é o mesmo - Argentina, Argentina, Argentina. Alargo a busca a todas as passadeiras de ginástica mecânicas - a Argentina perde o monopólio, mas continua na dianteira. Alguém sabe o que se passa na Argentina?
O dia inteiro. Estive o dia inteiro cercado de imagens da Rússia. Pior. O dia inteiro a imaginar as imagens que não vi da Rússia. É só isso que quero dizer.
A Mercedes Benz anunciou hoje que vai apresentar, em Setembro, no Salão Automóvel de Paris, a série especial do Mercedes CLK 500 Cabriolet personalizada pelo estilista italiano Giorgio Armani.
Uma das coisas mais curiosas que acontecem com os temas hipermediatizados é quando surgem uma pessoas que dizem: «O assunto é importante, demasiado importante, e por isso não se compadece com radicalismos e folclores. Nós aceitamos debater, e até resolver as coisas, mas tem de ser através de um debate sereno, informado, sério».
.
Os rios de indignação pararam. O Darfur deixou de existir. Os sobre-excitados nem repararam, nem comentaram, que um dos principais jornais portugueses teve lá um enviado especial. Até foi manchete no domingo. Mas, agora - que a situação está na mesma... - parece que o caso já não interessa. Agendas...
Os funcionários públicos alemães vão ter aumento salarial de 4,4 por cento, a partir de 1 de Janeiro de 2005. Apesar da crise e do défice.
Desde o 11 de Setembro que nos habituámos a que o terrorismo seja visto como um mal em si. Inegociável, injustificável. Os poucos que tentaram perceber as razões - não do terrorismo - mas das condições em que ele germina foram apelidados das coisas mais terríveis. Complacência, traição... por aí fora.
Há muitos anos que o ano lectivo não começava de forma tão agitada. Por incompetência de quem dirige superiormente o sector. A culpa, a maior fatia, não pode ser assacada ao actual governo. Nem aos socialistas, presumo. Alguém (ou)viu David Justino por estes dias?
Algumas almas caridosas escandalizaram-se - pela enésima vez, a paciência desta gente... - com o alegado desprezo/desvalorização/enviesamento com que os media portugueses trataram mais um atentado terrorista em Israel.