segunda-feira, 31 de maio de 2004

Big dick

Dick Cheney, vice-presidente dos EUA, dirigiu a Halliburton até chegar à Casa Branca. Com Cheney na Casa Branca, a Halliburton tornou-se a principal empresa na reconstrução (!?) do Iraque. A Time vem agora revelar um singelo e-mail que poderá ser o elo perdido nesse quase inimaginável (pensem nos cifrões...) negócio.
E andam por aí uns falcões a garantir que a «operação Iraque» tinha tudo a ver com o combate ao terrorismo e a expansão da democracia. Pombinhas...
[O dick em minúsculas no título não é gralha...]

Casa Pia

Fez-se justiça? Melhor - está a fazer-se justiça? Sabe-se lá.
A justiça, temos vindo a aprender nos últimos tempos, é sempre passível de recurso. Uma justiça tipo never ending, dinâmica, flexível, de geometria muito variável. Afinal de contas, uma justiça para os tempos, escorregadios, incertos, inseguros, em que vivemos.
Mais segura é a justiça que se faz fora dos tribunais - que é célere, não admite recursos, não prevê indemnizações. Essa condena para toda a vida, sem ouvir as partes. Dessa justiça ninguém está livre.

O quase-insulto

Os limites do linguajar político voltaram à baila. Seria normal se fosse apenas fruto da campanha eleitoral. Mas já se percebera, no parlamento, por exemplo, que muita dessa linguagem a roçar os limites tem mais a ver com a crispação geral, um mal-estar indefinido, que se instalou há uns anos para cá.
No entanto, parece-me que, demasiadas vezes, confunde-se clareza com rudeza. Que os políticos usem a primeira - dentro dos limites do bom gosto e do bom senso - parece-me até saudável. Já sei, já sei - o problema está nos limites. Mas esse é um problema eleitoral e não legal ou moral - cada um que use a linguagem que mais lhe agradar, e que cada eleitor inclua a questão da linguagem nos seus critérios de voto.

domingo, 30 de maio de 2004

Férias grandes

O sonho, por aqui, é um dia imitar António Barreto. Escrever, às primeiras brisas quentes do Verão, adeus e até daqui a três meses.
As férias grandes talvez sejam a maior e a mais genuína das nostalgias.

E Londres, alguma vez tem umbigos ?

De Londres, via Estrangeirados com um look Sumol Ananás, gaba-se a cerveja e os decotes. Mas, e os umbigos, senhores? Terá Londres umbigos como os nossos em alguma estação do ano?

Delete

No Adufe, uma oportuníssima reflexão sobre o fim do Dicionário. Em teoria, temos à mão a mais poderosa das armas comunicacionais que o homem já teve ao seu dispôr - escrever algo que possa ser lido em todo o mundo, em tempo real. Note-se que conseguimos o que nem a televisão alcança - eles têm a magia da imagem, mas nós temos algo bem mais precioso: a palavra que se inscreve no ecrã, que se pode reler, que convida à reflexão, que é inter-activa.
E, de repente, descobrimos esse poder supremo - apagar tudo, apagar mesmo o rasto, como se nunca aqui tivéssemos estado, como se nunca aqui tivéssemos existido.
Esse poder - o poder de desaparição - confesso, ainda me espanta, ainda me atemoriza. Ainda o tomo como uma espécie de bomba atómica da comunicação.

sábado, 29 de maio de 2004

(sem título)

Antes de clicar no botão Iniciar para fechar o computador (!), tecla-se um abraço para o Glória Fácil. Um abraço hierarquizado, obviamente.

Nota técnica

Links, meus amigos, há-os aos molhos, embora a gritar por actualização, lá no fundo da página.

sexta-feira, 28 de maio de 2004

Sondagens e popularidade

O Bloguitica mostra-se muito surpreendido (e veemente quanto às conclusões...) acerca da discrepância entre os bons resultados do PS nas sondagens, em contraponto com a má imagem de Ferro Rodrigues nas mesmas sondagens.
Não tenho explicação para o assunto.
Dou apenas três sugestões:
1. que se revisitem as sondagens feitas uns meses antes das últimas legislativas. Sim, essas em que Durão Barroso era destacadíssimo «lanterna vermelha» da popularidade. Havia mesmo quem dissesse que nunca seria primeiro-ministro;
2. que se tente compreender outro fenónemo - Francisco Louçã como o líder político mais popular, enquanto o BE, por muito inchado que apareça nas sondagens, não passa dos 8 por cento;
3. que se tente perceber a extraordinária popularidade de Jorge Sampaio, contrastante com a propalada inutilidade do cargo que ocupa, ou mesmo da forma como o desempenha.

Até que enfim !

«Dr. Iyad Allawi, a secular Shiite member of the American-appointed Iraqi Governing Council with close ties to the C.I.A., has been chosen to be prime minister of Iraq's interim government, Iraqi and American officials said today.»
Estava a ver que a democracia nunca mais chegava ao Iraque...

Eles é que não são parvos

De acordo com o relatório da DGI, foram os empresários que mais fugiram ao fisco.
Viva a livre iniciativa.

Ele é que não é parvo

Os funcionários do fisco estão revoltados. Dizem que há entre eles funcionários tão ou mais competentes. Abriu uma vaga no BCP. É mandar o curriculum senhores...
Não vale a pena. Não há vaga nenhuma. Porque o senhor vai trabalhar para o Estado, mas mantém o lugarzinho no BCP. Como é aquela publicidade que por aí anda? «Eu é que não sou parvo». E isso nem é o mais importante.

Publireportagem

O prémio para as publireportagens mais imaginativas está atribuído para as próximas décadas.
Vai para a SIC, com menção especial à SIC-Notícias, pela quantidade de ângulos (!?) com que, repetidamente, insistentemente, nos tentam vender o Rock in Rio.

Extraordinário!

Fuga ao fisco aumentou 34 por cento em 2003. 34 por cento...
Não faz mal, tapa-se o buraco com as receitas extraordinárias!

quinta-feira, 27 de maio de 2004

A verdade a que temos direito (segunda adenda)

Uma das questões que implicitamente levantei nos últimos dias está colocada, com toda a clareza, no Jornalismo e Comunicação:
«Fica uma pergunta relativamente aos media portugueses: sendo certo que dependeram, em grande medida, da informação de outros - e muito, certamente, de fontes norte-americanas - em que medida lhes pesa hoje a segurança com que difundiram e, em vários casos, apoiaram os argumentos do governo Bush?»

Solidão (II)

Uma coisa é o reino da promiscuidade entre política e futebol. É a norma, infelizmente.
Outra é o autismo, real ou artificial. É o caso de Rui Rio.
Algures no meio, como de costume, está virtude.
Virtude seria, por exemplo, que todos os negócios entre a câmara do Porto e o FCP (sim, porque esses negócios terão sempre de existir...) se pautassem pela transparência e não pelas coisas mal explicadas do costume. Tão só.
E que a câmara, de alguma forma, arranjasse maneira de se associar às vitórias do clube. Quer se queira quer não, o FCP é hoje a principal bandeira do Porto - presumo, aliás, que a cidade comece a ser mais associada, internacionalmente, ao clube que ao famoso vinho.
Eu, que não gosto de futebol e que acho que o futebol tem uma importância desmesurada nos media e na sociedade portuguesa, não me choca que o príncipe de Mónaco vá à bola, que Sampaio suba à tribuna de honra e por aí fora.
E parece-me que a histeria que pauta as actuais relações entre a câmara do Porto e o clube é tão pouco saudável quanto a promiscuidade anterior.
Entendidos, caro Paulo?

Ultimato

OU a OPEP, até 13 de Junho, admite Portugal como membro de pleno direito, OU o emir João de Deus Pinheiro manda encerrar todos os campos de golfe que, na verdade e palavra de emir basta, são «o petróleo português».

quarta-feira, 26 de maio de 2004

Solidão

Rui Rio.

A verdade a que temos direito (uma adenda)

Nem de propósito! Através do Ponto Media, soube que o New York Times pediu hoje desculpa aos seus leitores por... ter exagerado nas notícias sobre o Iraque? Nãããããooo... por não ter ido suficientemente longe na procura da verdade:
«Looking back, we wish we had been more aggressive in re-examining the claims as new evidence emerged — or failed to emerge.»
«Editors at several levels who should have been challenging reporters and pressing for more skepticism were perhaps too intent on rushing scoops into the paper. Accounts of Iraqi defectors were not always weighed against their strong desire to have Saddam Hussein ousted.»

A verdade a que temos direito (3)

Esta reflexão dos jornalistas americanos surge numa altura em que o criticismo face aos media está altíssimo. E, curiosamente, pelo menos do lado de cá do Atlântico, pelas razões exactamente inversas às apontadas pelos jornalistas americanos.
Querem as pessoas jornalistas mais activos, mais intervenientes, mais inconvenientes?
Parece que não.
Primeiro, uma certa classe política - cansada de ser atrapalhada pelos media - começou, através dos seus mais dilectos porta-vozes, a questionar a legitimidade e o trabalho concreto dos jornalistas. Depois, esse hipercriticismo alargou-se a alguns «iluminados», de que a nossa blogosfera é apenas um dos exemplos. O fenómeno tende agora a alargar-se a toda a sociedade, numa aplicação do velho princípio de matar o mensageiro das más mensagens. O Iraque corre mal? Se calhar, não corre tão mal, os jornalistas é que não páram de falar do asssunto, é que exageram. A Casa Pia já fede? O problema não é de quem cometeu os crimes, nem da justiça que funciona muito mal, é dos jornalistas, que não páram de vasculhar, de mostrar o que ninguém gosta de ver.
Os jornalistas terão culpas no cartório quanto à situação a que se chegou - pela irresponsabilidade e incompetência que campeia. Mas a verdade é que, pelo caminho que as coisas tomam, parece ser a própria sociedade - ou as suas componentes mais activas - a exigirem progressivamente menos jornalismo e não melhor jornalismo.

A verdade a que temos direito (2)

É claro que, em vez de «power», seria mais correcto usar o termo «powers». Monitorizar os poderes, todos os poderes - eis um excelente programa para qualquer media.
É claro que, da teoria à prática, vai um longo caminho e, principalmente, surgem muitas interrogações. Sobre os limites dessa monitorização, por exemplo. Ou sobre a questão da legitimidade dos jornalistas.
Mas o essencial - e tantas vezes esquecido - é assegurar que os media, de alguma forma, são porta-vozes do público anónimo, controlam e vigiam os poderes em nome de quem não tem meios para o fazer.

A verdade a que temos direito (1)

Uma notícia publicada ontem pelo DN chamava a atenção para um estudo do instituto Pew que merece alguma reflexão. Por exemplo, acerca do aspecto que o DN chamou para título: «Jornalistas estimam que têm sido pouco críticos em relação a Bush.»
A sondagem vem, na verdade, confirmar aquilo que alguns jornalistas e analistas de media já tinham abordado - não foi apenas Bush que falhou na guerra contra o Iraque, os jornalistas também falharam. E, é claro, não vale a pena entrar pelo sound-bite de que os jornalistas sao anti-Bush ou, pior, anti-americanos. Estamos a falar de jornalistas americanos.
Basicamente, os jornalistas falharam por não terem feito as perguntas certas nos momentos certos. Sobre as armas de destruição maciça, sobre as verdadeiras características do regime de Saddam, sobre as verdadeiras intenções da Casa Branca. Houve excepções, muitas excepções, mas o mainstream dos media americanos limitou-se a reproduzir acriticamente os acontecimentos. Só começaram a fazer perguntas quando era mais que evidente que algo estava a correr mal.
Esta sondagem vem, igualmente, confirmar as conclusões de um vasto estudo realizado há anos (publicado no livro The Elements of Journalism) e que procurava fazer um ponto de situação do jornalismo americano.
Entre as conclusões desse estudo surgia em destaque a de que «journalists must serve as an independent monitor of power».

Food music

No restaurante, havia Demis Roussus. Que seria de alguns restaurantes sem Demis Roussus?

A sério? Não acredito

Guerra no Iraque «estimulou» a Al-Qaeda.

Tem pomada para o herpes?

Na farmácia, havia um expositor com batons para teste.

terça-feira, 25 de maio de 2004

Venezuela - um apontamento

FNV, do Mar Salgado, acha que a minha opinião sobre a Venezuela está inquinada por preconceitos ideológicos. Está errado. A minha opinião sobre a Venezuela, nomeadamente sobre os media da Venezuela, resulta da observação directa (podemos falar disso...) e por fontes que considero credíveis. Por exemplo, a BBC.
Media watchdogs have been highly-critical of both the behaviour of the Venezuelan media, and of President Chavez's attitudes towards broadcasters and the press.
The president has been accused of creating a hostile and intimidatory climate for journalists, while some major media outlets have been criticised for playing a direct role in the opposition movement against him, specifically by not covering the pro-Chavez demonstrations during April 2002's failed coup.

Olhó o passarinho... perdão, Jaquinzinho

O Jaquinzinhos faz hoje um ano. Parabéns. É o meu foto-blogue preferido.

segunda-feira, 24 de maio de 2004

A Venezuela é uma chatice

Há meses que andava para escrever sobre a Venezuela. Mas a Venezuela é uma chatice - conheço poucos países com uma situação política tão complexa como aquela. E a chatice maior é que aquilo vai dar banho de sangue - golpe de estado, invasão, guerra civil.
Acabo por escrever sobre a Venezuela pelas piores razões.
FNV, no Mar Salgado, acha que um dos problemas da Venezuela é a liberdade de expressão. Ora esse é, precisamente, um dos problemas que a Venezuela não tem.
A Venezuela tem uma televisão e uma rádio do estado - são iguaizinhas à nossa RTP de 74/75, uma chatice, com debates monocórdicos, só que a cores.
E depois tem meia dúzia de poderosos canais de TV privados e um vasto conjunto de jornais diários, pujantes, todos privados. Quem controla o grosso da fatia é Gustavo Cisneros, que a revista Forbes considera o segundo mais rico da América Latina e um dos cem mais ricos do mundo, mas que a revista Newsweek disse ter sido o orquestrador do golpe de Estado de Abril de 2002 contra Hugo Chávez.
Quer os jornais, quer as televisões, as de Cisneros e as de outros empresários, estão em permanente e super-agressiva campanha contra Chávez. Seriam proibidas em qualquer país europeu - não por questões de liberdade de imprensa, mas por violação das mais elementares regras do Código Civil.
FNV prefere acreditar que o dono do El Nacional (só um dos dois maiores jornais do país...) foi agredido no Metro quando estava com jornalistas estrangeiros. FNV, se quiser, pode acreditar em histórias da Carochinha...
Um dos aspectos mais curiosos da Venezuela - por isso lhe chamei caso muito complexo - é que os laivos autoritários (não sei se lhes chame ditatorais, porque parece que FNV tem o monopólio e decidir sobre essas coisas...) sentem-se nos centros de decisão política, no domínio das forças armadas e na justiça. Mas não noutros aspectos - por exemplo, nas matérias de liberdade de expressão: as manifestações são diárias (a violência, de parte a parte, repito, de parte a parte, também...) e os media funcionam em total liberdade - Chávez vai aprovando umas leis para controlar os media, aos quais os media não ligam peva, ficando tudo na mesma.
É claro que poderíamos discutir a política de Chávez, porque chegou Chávez ao poder, o que querem os seus opositores... Quanto aos jornalistas venezuelanos, estou-me nas tintas.

Queremos nomes, queremos nomes...

Todavia, o tirano é uma “referência” para grande parte da esquerda portuguesa.
Isto é o que escreve Vasco Rato sobre Fidel Castro. Queremos nomes. Vamos dar cabo deles...

A mentira

Os americanos insistem que não bombardearam qualquer casamento no Iraque. Porque, dizem os generais, não encontraram no local quaisquer sinais de festa. «Cadê as latas de Coke, cadê as embalagens de Happy Meal?», terá comentado um deles.
A mentira tornou-se regra na operação Iraque.

domingo, 23 de maio de 2004

Série «gajas» - a não perder

Dizer que um ministro é muito bom técnico é a mesma coisa que dizer isso duma gaja.

Post à Vasco Rato

Hoje é dia de Enver Hoxa: Moção de Durão Barroso aprovada por unanimidade.
PS (quer dizer: post scriptum...) à Vasco Rato: ai a democracia, ai que eles querem dar cabo da democracia.

Fui apanhado !

O Jaquinzinhos é que me topa. Seguindo a escola TSF de que o nosso jcd tanto gosta, tresli a Economist.
Como devem calcular, não foi distracção, foi mesmo distorção - aliás, os leitores habituais de TdN já estão habituados... É das lentes.

A ditadura venezuelana

O FNV, do Mar Salgado, é um pândego... Agora deu-lhe para a Venezuela.
Chávez foi eleito democraticamente (não conheço qualquer contestação a este facto), com 59 por cento dos votos, em Julho de 2000.
Há muitos anos, de resto, que a Venezuela não é uma ditadura. Digamos que viveu uma democracia muito imperfeita antes da chegada de Chávez ao poder, vivendo agora uma democracia igualmente muuuuito imperfeita com Chávez no poder.
A realidade venezuelana é complexa, muito complexa. Presumo, por isso, que não é analisável através das lentes de preto e branco com que FNV gosta de olhar o mundo.
Sugiro-lhe que comece pelo último artigo publicado pela (suspeitíssima...) Economist
sobre o país (repare naquela parágrafo onde se lê que dois terços dos venezuelanos apoiam Chávez - é verdade, aquilo baseia-se em sondagens...). Depois, se quiser, falamos...

sábado, 22 de maio de 2004

Querem uma foto?

A foto mostra a criança palestiniana de quatro anos morta hoje por soldados israelitas, mais precisamente um grande plano da cabeça desfeita por duas balas.
Publica-se, ou não se publica?

O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Iraque

«O Ministro dos Negócios Estrangeiros Iraquiano pediu ajuda a Portugal. Elogiou-nos o contingente da GNR no Iraque, louvou a sua actuação, sublinhou a necessidade da sua manutenção naquele cenário, solicitou que a GNR lá ficasse, lá se mantivesse, lá ajudasse. Pelo menos até eles alcançarem capacidade de controlar a situação com segurança.»
O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Iraque não existe. O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Iraque foi nomeado pelos americanos. O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Iraque não foi escolhido pelos iraquianos e, por isso, não os representa. O Ministro dos Negócios Estrangeiros do Iraque depende directamente da Autoridade Provisória, ou seja, da coligação político-militar anglo-americana.

...Queijo, queijo

Onde se lê Queijo Limiano no texto «Send in the clowns» não deve ler-se Queijo Limiano.

Chalabi

Ahmed Chalabi não é apenas Ahmed Chalabi. Ahmed Chalabi é uma metáfora da intervenção americana no Iraque.
Ainda antes da guerra, quando os media começaram a falar dos nomes da resistência e da oposição no exterior que poderiam suceder a Saddam, emergiu de imediato o nome de Chalabi.
A generalidade dos media lembraram que Chalabi tinha grandes problemas com a justiça, em Londres e na Jordânia, nomeadamente, relacionados com fraudes. Como de costume, essas notícias foram classificadas de anti-americanismo.
Ficou claro que Chalabi era o homem dos americanos, pelo menos de parte da Administração Bush (Pentágono, mais precisamente).
Até que... a fabulosa Guarda Republicana que ia defender Saddam não apareceu, as armas de destruição maciça não apareceram. E os olhos viraram-se para Chalabi - teria sido ele e os seus apaniguados a fonte de informação que despistou a CIA e Bush.
Sabe-se agora que o tal Chalabi - com que os americanos entretanto se zangaram - recebeu avultadíssimas maquias ao longo de anos. E que, já após a invasão, terá continuado empenhado em actividades pouco claras.
O que espanta em toda esta história não é Chalabi. Trafulhas, há-os em todo o lado. O que espanta é que o país mais poderoso do mundo tenha conduzido uma guerra com base em informações colhidas junto de um trafulha e nunca disso se tenha apercebido.
Questões destas devem ser discutidas, serena e seriamente. Para que não volte a acontecer.

Send in the clowns

Primeiro, Jardim zurziu no Guterres que levou o país ao pântano.
Depois, Jardim virou-se para trás e disse a Durão que no próximo Orçamento de Estado quer uma fatia maior.
Eis 10 segundos do Congresso do PSD. Eis a verdadeira fábula do Queijo Limiano.

sexta-feira, 21 de maio de 2004

Democracia

Correndo o risco de me repetir, aí vão uns esclarecimentos a'O Acidental.
É próprio das ditaduras cometerem barbaridades. É genético. Que torturem, censurem, matem, façam trinta por uma linha - tudo isso me parece natural.
Fidel manda prender uns jornalistas? Eu protesto, subscrevo abaixo-assinados, mas acabo sempre a concluir: «Bolas, mas o gajo é um ditador, que poderia ele fazer senão prender jornalistas?» Não há memória de ditadores bonzinhos... Isto, obviamente, não desculpabiliza os ditadores, simplesmente porque eu os condeno à priori. Eu sou é contra a existência de ditadores, não contra o que eles fazem - eles fazem-no porque são ditadores.
É por isso que não tenho dúvidas algumas - se Churchill tivesse criado campos de concentração para judeus, eu condená-lo-ia com muito mais veemência do que condenaria Hitler. Porque, se Churchill matasse judeus, qual seria a sua autoridade moral perante Hitler? E eu ainda sou daqueles que acreditam na superioridade moral das democracias.
Quanto às discussões intra-muros - ou seja, ao debate da democracia dentro da democracia - estou disponível para todos. A democracia tem de aceitar ser posta constantemente em causa, isso fortalece-a. Quando a democracia começa a impôr limites ao debate interno aproxima-se da ditadura. Não tenho, por isso, medo do debate, da liberdade de imprensa, da justiça. Em democracia, aceito até exageros democráticos - excesso de debates, justiça apressada... - porque sei que, no fim, a democracia arranja forças para sobreviver e fortalecer-se. A democracia americana ganhou com o Watergate - não me passaria pela cabeça dizer que o Watergate pôs em causa os fundamentos da democracia americana - ao contrário de Vasco Rato, que teme que o Bloco ponha em causa a nossa democracia.
A coisa vai longa. Apenas mais um ponto - onde está «ditadura» poderá ler-se, apenas no contexto deste debate, «terroristas».

De cortar a respiração

Santana fica? Santana sai? Santana sobe? Santana desce? Santana vai para Belém? Santana fica na câmara? Santana manda Marcelo para Belém? Santana chama gagá a Cavaco? Santana chega acompanhado? Santana é entrevistado pela TVI? Santana comenta na RTP? Santana é nomeado por Durão? Santana é apoiado por Durão? Santana é apoiado por Durão para quê? Santana quer ir junto com o PP? Santana quer ir junto com Portas, mas sem PP? Santana chega antes da hora? Santana faz-se esperar? Santana tem alguma coisa a ver com a saída do Theias? Santana meteu Cunha? Santana vai sair da política? Santana desmente os jornais? Santana virá amanhã na manchete do Expresso? Na primeira página do Expresso? No sobe e desce do Expresso? Santana vai anunciar alguma coisa para o Marquês? Meter o Marquês no Parque Mayer? O Parque Mayer na Bica? O Parque Mayer em Monsanto? Santana existe? Santana? San tana?
Vai ser um fim-de-semana alucinante. Aguenta coração!

Pense bem, pense em si

Portugal Positivo. Subscreva você também. Quando todos tivermos tacho, Portugal será um país melhor.
[E não se esqueça - esta é uma iniciativa INDEPENDENTE. Vá lá, soletre: I-N-D-E-P-E-N-D-E-N-T-E.]

quinta-feira, 20 de maio de 2004

Mainardi

Como expliquei há dias, o Google tem um especial carinho por este cantinho (assim mesmo, em verso...) no que respeita a buscas sobre Diogo Mainardi.
Esta semana, não tenho nada a dizer sobre Diogo Mainardi. Mas como as buscas não param de vir até aqui, decidi (versejei outra vez...) escrever Diogo Mainardi. A última coisa que faria seria (outra vez?) desiludir um motor de busca. Muito menos o Google. Muito menos quando o Google procura Diogo Mainardi. Pronto, acho que assim já garanto visitas oriundas do Google sobre Diogo Mainardi por uns bons e longos meses. Obrigado Diogo. Mainardi.

A cor da indignação

Prisão de presos políticos em Cuba? Condeno.
Mulheres sem direitos no mundo árabe? Condeno.
Ataques terroristas seja onde for? Condeno.
Tortura seja onde (e quando) for? Condeno.
Mas - note-se bem - tudo isto se passa em regimes autoritários, vulgo ditaduras. Até as famosas sevícias no nosso PREC - durante alguns meses, fomos governados, de facto, por uma aliança político-militar não eleita, logo ditatorial.
Condeno, repito, todos esses actos, mas, mais que condenar esses actos, condeno o que permite esses actos - ou seja, a existência de regimes autoritários, sejam eles de que cor forem.
Outra coisa, bem diferente, são esses mesmos actos cometidos em democracia, por governos democráticos.
É por isso que condeno, com muito mais veemência, a tortura feita pelos americanos do que a que era feita por Saddam. É por isso que me incomoda mais a morte de inocentes às mãos do governo democrático de Israel do que às mãos dos terroristas palestinianos.
É por isso que, em suma, há coisas que me indignam mais que outras. Porque gostava que o nosso lado, o lado da democracia, não tivesse tantos telhados de vidro.
[Dedicado a'O Acidental.]

quarta-feira, 19 de maio de 2004

Nem uma lágrima

O que se está a passar, há vários dias, na Faixa de Gaza, ultrapassa, em muito, a luta contra o terrorismo, ou a pura disputa territorial. É barbárie, com todas as letras. O que torna ainda mais estrondoso o silêncio daqueles que se mostram sempre muito lacrimejantes perante a barbárie.

Do princípio ao fim

N'O Acidental pedem-me que leia os textos do princípio ao fim. Têm razão.
1. Princípio: «Ferro Rodrigues tem aproximado significativamente o seu discurso das posições assumidas por José Luís Zapatero, o socialista que governa os espanhóis, sobretudo no que respeita à intervenção no Iraque e a um crescente e descabelado anti-americanismo.»
Ferro Rodrigues - leia-se o PS - sempre foi contra a intervenção no Iraque. Dizer agora que se aproxima de Zapatero é ver o filme ao contrário.
2. Meio: O que Ferro não parece compreender é que esta atitude põe em causa uma das linhas permanentes da política externa portuguesa, que sempre distinguiu e continua a distinguir internacionalmente o nosso País: a preservação empenhada do vínculo transatlântico, marca de água da nossa diferença essencial em relação a Espanha, tradicionalmente mais inclinada para as relações com a América do Sul.
A «preservação empenhada do vínculo transatlântico» não pressupõe qualquer cheque em branco aos EUA. Portugal e os EUA são aliados, o que implica diálogo, concertação de posições... O entendimento que PPM faz dessa relação aponta mais para a pura submissão. E aponta para outro debate que se travou na blogosfera há meses - criticar os EUA, posições concretas dos EUA, não constitui necessariamente uma forma de anti-americanismo.
3. Fim: o fim é, obviamente, o meu comentário anterior sobre esta matéria.

India

Confesso, Luís, que ainda esperei umas horas, na esperança de te responder: «Toma, que te enganaste, meu precipitado...»
Desisto.

Foto-choque

Por falar em fotografias... que me dizem às que estão a chegar todos os dias de Rafah?

Inimigo Público - edição extra

O que Ferro Rodrigues propõe agora é algo de completamente diferente e que, levado à prática, significará o alinhamento seguidista e naturalmente nivelado por baixo de Portugal com a política externa espanhola.
Leiam isto com uma célebe foto da Cimeira dos Açores na mão e é gargalhada garantida.

Coisas

Na última meia hora, o TdN foi visitado, entre outros, pelos seguintes leitores:
http://blo.gs/4463/favorites.html
http://blo.gs/4759/favorites.html
http://blo.gs/3460/favorites.html
http://blo.gs/2097/favorites.html...
Isto revela uma certa profissionalização - cada um está a seleccionar, a partir do blo.gs, os seus blogues favoritos e fica à espera de actualizações.
Aproveito para alertar alguns blogues que estão a utilizar o contador da Bravenet que o tal engenho abre uma janela de publicidade quando se acede - é desagradável. Tenho utilizado o Netcode, é português e de borla.

A boda

Noventa por cento - sejamos caridosos - das reportagens, nomeadamente as televisivas, sobre a boda real em Espanha são sobre coisa nenhuma. Puro lixo.

terça-feira, 18 de maio de 2004

Mi meila, vai !

É só pra avisar que mudei de mail. 'Tá ali ao lado.

segunda-feira, 17 de maio de 2004

Dá-lhes com o Bloco

O PSD descobriu o Bloco de Esquerda e há já quem toque campainhas de alarme:
O discurso do Bloco é perigoso porque é profundamente anti-político, visando destruir a credibilidade do regime democrático e dos seus agentes.
O caso não é para tanto.
O PSD descobre agora o Bloco, como antes alguma esquerda descobriu o PP (lembram-se do PP, quando Monteiro era o boneco de Portas?). Monteiro e Portas são o que são (o primeiro é pouco, convenhamos...) muito graças à esquerda - foi a esquerda, os seus partidos e os seus colunistas, que andaram com Portas e Monteiro ao colo, com a finalidade óbvia de, ampliando aqueles dois, menorizarem o verdadeiro inimigo: o PSD.
Acontece agora o mesmo - a direita atira-se ao Bloco, agiganta o Bloco, como que a dizer: estão a ver, o maior partido da oposição não existe, vai a reboque?
Em vésperas de eleições, a manobra dá imenso jeito - incha o Bloco, concentra nele as atenções e as intenções de quem está contra, esvaziando a oposição mais óbvia. Vem nos manuais.
As palavras de Durão, Ferreira Leite ou Santana (este último colando o Bloco ao populismo - a falta que faz um espelho lá em casa...) são, obviamente, actos de campanha eleitoral, valem o que valem.
Quanto à «destruição do regime democrático e dos seus agentes», cabe perguntar quem mais faz por isso, se os que criticam e denunciam a má governação, se aqueles que a exercem?

Oh pá, deixa-te disso

O que o MacGuffin escreveu a partir de Billy Bragg é uma palermice pegada. Mas, é claro, isto digo eu, que sou preconceituoso.

No way out

Hoje, uma bomba com gás sarin explodiu no Iraque. Coisa de pouca monta, sem consequências.
Poderíamos, no entanto, voltar ao debate das armas de destruição maciça, de como Saddam as escondeu da ONU, de como afinal a guerra foi mais que justificada.
Mas não. O debate que agora começa a preencher as páginas nobres dos media de todo o mundo é já outro - como é que se sai daqui?

Clarividência, porta a porta

Se Mourinho fosse americano estava sentado à direita de Donald Rumsfeld.
O Almocreve das Petas faz hoje um ano e vestiu fatiota nova a preceito. Não precisava, está de parabéns todos os dias.

domingo, 16 de maio de 2004

A merda a que isto chegou

Está um habilidoso qualquer no Herman Sic que se chama Fernando Terra.
Pergunta-lhe o Herman: Porquê Terra?
Responde o Fernando: Porque havia um monte de terra...
Diz o Herman: Olha se houvesse um monte de merda!
O público aplaude e ri.

sábado, 15 de maio de 2004

Má-fé (casos práticos)

A má-fé é um conceito que a guerra do Iraque trouxe para a primeira linha, principalmente a partir do momento em que o famoso livro Impasses expôs a tese de que a maioria dos que se opuseram à guerra o fizeram, em grande parte, porque tinham uma posição de princípio contra Bush.
Mas o argumento da má-fé pode ser encontrado em ambos os lados do debate, naturalmente. A má-fé, na verdade, está sempre onde a queremos encontrar.
Por exemplo, em dois dias seguintes, duas colunistas do Público (isto não é uma crítica ao Público, nem ao colunismo exercido no feminino, antes pelo contrário...) nada mais fazem que exercer essa má-fé. Esther Mucznik, na sexta-feira, e Helena Matos, hoje, dedicam-se a criticar a tortura exercida pelos americanos no Iraque com o único fito de criticarem... os europeus e o campo anti-guerra. Os seja, a Europa e o campo anti-guerra são culpados de tudo e mais alguma coisa - dos erros próprios, dos erros do Saddam, dos erros de Bush. Basicamente, são culpados porque sim.
Má-fé mais explícita que esta seria difícil encontrar.

Blogagem (bis bis)

As coisas como elas são:
Cada vez menus há gajada normal na blogolândia...

A minha sevícia é igualzinha à tua

Anda por aí uma malta entusiasmada porque, afinal, por cá também se torturaram presos.
Fui ver...
Afinal, foi em 74/75, na longa noite do PREC. E eu não consigo parar de me espantar - esta malta insiste em desculpabilizar a tortura no Iraque, executada por soldados da mais dilecta democracia do mundo, com a que se fez/faz em períodos/locais de ditadura. Seja na Cuba de hoje, seja no Portugal do PREC.
Desculpem a insistência - esta argumentação é simplesmente demencial.

sexta-feira, 14 de maio de 2004

Jornalismo (aula 384)

Jornalismo de causas - expressão aplicada a um bom artigo, boa reportagem, bem fundamentada, mas que trata de algo de que discordamos, ou que aborda algo numa perspectiva com a qual não concordamos.
Quando o tema e a abordagem nos agradam, dizemos apenas jornalismo.

Nobre povo que vai votar nas europeias

Quando passamos por um cartaz do Bloco de Esquerda, diz uma no 46:
- Aquele Portas é pouco parecido com o irmão.
- Qual irmão?
- O que é médico.

India sings

Na maior democracia do mundo, aconteceu.
Os dados nunca estão lançados definitivamente.

Thank you, mister Powell

O senhor Colin Powell prevê que os terroristas preparam novos e grandiosos ataques.
Depois, o senhor Colin Powell agradece a Portugal a colaboração na luta contra o terrorismo.
Está a passar num televisor perto de si. Agora, na Sic Notícias. Brevemente, na Al-Jazeera.

Regressaram as canções

America / your head's too big / because
America / your belly's too big
and I love you / I just wish you'd stay where
you is / In
America.

Já roda cá por casa o último de Morrisey. Indispensável.

quinta-feira, 13 de maio de 2004

Blogagem (bis)

Sobre os novos templates:
Agora anda tudo vendido a coloridos amorfos, a letrinhas tipo propaganda da CDU.
Muito obrigado pela vossa atenção, mas parecem-me todos o cabelo do Herman José.

Blogagem

Sobre as polémicas nos blogues:
Alguns "maçaricos" na Net não cunhessem o "puder da palabra iletrónica", ou seija: escrebem uma coiza e tungas, num dá pra apagar cão fassilidade.
A palabra é uma arma, puriço ibitem dar tiros nos tamancos ou fodem os pézes!

Jogos de criptologia

24 horas após ter sido divulgada a notícia de que o primeiro-ministro de Portugal adiou uma visita oficial ao México por causa de um jogo de futebol, ainda não li a única reacção que me interessava ler.

O quê?

Numa ditadura mandam os ditadores, e isso é ilegítimo, o que torna a intervenção externa legítima sob determinadas condições.
Já agora, porque é que a ditadura é ilegítima?
Serão os povos todos obrigados a viver em democracia?
E isso não será, em si, uma ditadura?
Bolas... quando me meto pela lógica perco-me sempre.

Zé Mário (ainda)

Gostei muito de ler o que escreve o Retorta sobre o concerto do José Mário Branco. Subscrevo tudo, principalmente as ideias de que JMB é um dos melhores (talvez o melhor) orquestrador/arranjador português e que soube evoluir.
As suas canções (e concordo, o último disco não enche as medidas) ultrapassam muito a dicotomia esquerda/direita. Custa-me a crer que haja alguém que não se sinta tocado por aquela música. E mesmo quanto aos poemas, quem não sente, pelo menos, uma pontinha de revolta perante um mundo tão imperfeito?

quarta-feira, 12 de maio de 2004

Muito obrigado, muito obrigado

[título para ser lido à la dona Amália]
Este azul de fundo - ou terá sido o farol? - mereceu palavras simpáticas. Por exemplo, do Adufe, Cibertúlia, Icosaedro, Contra a Corrente, Golpes de Vista, Fonte das Virtudes, Amor e Ócio, Viva Espanha e Retorta. Afinal, gente boa com quem tenho trocado ideias, piropos e até polémicas ao longo destes meses.
Aproveito para informar que este template foi feito por encomenda pelo Blogger para TdN. Se virem por aí outros blogues com template semelhante, não acreditem - é plágio. E, além do mais, os prevaricadores correm risco de sanção penal...
[Nota técnica: em alguns casos, especialmente na banda estreita, o fundo e o farol demoram um bocadinho a carregar. Não é defeito, é mesmo assim - têm mais tempo para ler os textos...]

Cuba nada livre

No Mar Salgado, FNV pergunta-me: têm os jornalistas portugueses denunciado as perseguições aos jornalistas cubanos?
E eu respondo: têm sim senhor. Por exemplo, o caso do jornalista Raul Rivero tem merecido repetidas e destacadas notícias. E, imagine FNV, os jornalistas portugueses até fizeram um muito concorrido abaixo-assinado na altura da detenção...
Há outras questões que o FNV também aborda, mas para as quais começo a perder a paciência, porque já escrevi sobre elas várias vezes aqui no TdN. Por exemplo, a visita de Fidel a Portugal, feita não no âmbito bilateral, mas de uma cimeira ibero-americana, e as autênticas lições de democracia que Soares, primeiro, e Guterres e Sampaio, depois, deram ao dinossauro em todas as cimeiras em que se encontraram. E, note-se, Soares, Sampaio e, às vezes, Guterres costumam ser conotados com a esquerda. A esquerda que FNV passa o tempo a zurzir.
[Aquilo da falta de paciencia era só figura de estilo - escreverei estas coisas tantas vezes quantas as que forem necessárias para que algumas pessoas as entendam.]

Looking for mr. Mainardi

Suiço. Um relógio suiço. Todas as terças-feiras, o Google traz até aqui alguém procurando por Mainardi, Diogo Mainardi.
Isto acontece, todas as terças, sem falta, desde que, há uns meses, desmascarei o cafageste - textos a dar ao pingarelho, armados em engraçado, mas do mais reaccionário que circula à face da terra. E, claro, fazendo da lógica uma batata.
Mas não vale a pena procurar mais. Continuo a ler a Veja às terças - é das melhores revistas que conheço - e até espreito o rapazola. Agora, não esperem que perca o meu tempo com coisas destas. Desde que terminei o curso, pus de lado a minha faceta de antropólogo, de estudioso de coisas humanas em vias de extinção.

Texto à Liberdade de Expressão

Devo ter gasto um litro de gasolina para levar uns quilos de jornais velhos à reciclagem.
A liberalização do preço dos combustíveis prejudica o ambiente.

Imagens que indignam

As agências de notícias estão cheias de fotos de palestinianos exibindo restos mortais de soldados israelitas. E há também um vídeo em que uns encapuzados (Al-Qaeda?) cortam a cabeça a um americano.
Pergunto aos polícias da imagem: é de publicar, ou não?

terça-feira, 11 de maio de 2004

Casa arrumada

Há um farol difuso para quem sinta necessidade de ter os pés em terra. Que pode ser miradouro para quem queira ver mais além. E há um céu azul, claro, onde cabe tudo o que quisermos, sem horizonte. Coisas sem sustentação caem lá em baixo, numas rochas perdidas no fluir dos dias.
O texto está agora do lado direito, mas alinhado à esquerda. O centro está ligeiramente descentrado, para acompanhar o lado e o ritmo do coração.
Comentários não há, porque sim. Fotografias também, porque não. O mail está ao dispor, como sempre.
Obrigado mister Blogger.

segunda-feira, 10 de maio de 2004

Dois pesos, sem medida

Se há coisa que não entendo é isto. Fala-se de tortura por americanos no Iraque e logo os mais ilustrados democratas perguntam: «Mas então e a tortura do Saddam, e a do Fidel, e a que faziam nos países comunistas, na União Soviética, na China de Mao?»
Oh senhores democratas, mas isso são/eram ditaduras. Os EUA são uma democracia, lembram-se? Ou os senhores acham que se deve rebaixar a democracia americana ao ponto de a colocar ao mesmo nível das mais terríveis ditaduras.
Ora tenham lá tento...

Cuba e os fósseis (não esses, os outros...)

Sempre que querem atacar a esquerda falam de Cuba - como acontece agora com o casos das torturas do Iraque. O que só revela o estado de fossilização a que chegaram.
Porque, se há tema que a esquerda portuguesa (e aqui temos de aplicar a regra matemática-democrática, ou seja, a maioria da esquerda é representativa de esquerda) resolveu há imenso tempo foi essa.
À excepção do Otelo, do Miguel Urbano Rodrigues, do Luís Represas (estava a brincar...) e de mais 5 ou 6 loucos do PCP, toda a esquerda portuguesa há muito que condena Cuba. Seja a esquerda do Bloco, seja a esquerda de Soares/Guterres. Se tomarmos o exemplo de Soares, podemos até talvez dizer que Soares condenou Fidel quando certa direita portuguesa ainda nem tinha descoberto a importância de condenar Fidel, Aliás, a mesma visão, a mesma antecipação face ao comunismo, por exemplo, aconteceu no plano nacional - o que só torna ainda mais idiotas os ataques de que o velho Soares tem sido alvo nos últimos tempos.
Só que a esquerda mais lúcida, se condena Fidel, não se tem esquecido de manifestar discordância quanto às sanções decretadas pelos EUA. Note-se, porém, que o faz por ordem de prioridade, de importância: primeiro condena Fidel e só depois faz reticências aos EUA.

Blog bye

Nos meses que já levo disto, habituei-me a que, quando a conversa não agrada, põe-se fim à polémica e pronto. Não se veja nisto uma crítica. Acho até que tal constitui uma das vantagens da blogosfera - fala-se quando se quer, com quem se quer. A geometria variável aplicada ao debate público.
Serve isto para salientar a forma elegante como Paulo Pinto Mascarenhas pôs fim a uma conversa que ainda agora tinhamos começado.

José Mário Branco, ainda.

No Laranja Amarga (que lindo título...), fazem-se três ou quatro apreciações sobre o concerto de José Mário Branco que subscrevo. Eis umas pinceladas:
a) o risco assumido e plenamente ultrapassado de reproduzir ao vivo o último disco, dada a complexidade das orquestrações.
b) o desastre da noite - Fausto- não só pela má forma em que o cantor se encontrava, mas também porque seria tecnicamente impossível reproduzir ao vivo aquela canção.
c) a beleza, nada vulgar, da interpretação dos temas mais antigos pelo coro infantil.
Quanto ao resto, vale a pena espreitar o ensaio fotográfico que o Retorta está a publicar (estou igualmente curioso pela sua apreciação do concerto). O José Mário Branco, por muito que isso custe a muita gente, provavelmente a começar por ele próprio, ultrapassa largamente a divisão esquerda/direita. É uma questão de património. Um dia, se me der prá aí, desenvolvo a ideia.

Tortura e tortura, (i)Lda

Vejo que FNV, do Mar Salgado, continua hesitante entre as delícias das prisões de Havana e as delícias da prisão de Guantánamo.
Na dúvida, atira-se aos jornalistas portugueses que se indignam com as torturas no Iraque. Antes de escrever, FNV poderia dar uma volta pela Net e ler as manchetes de toda, repito, toda a imprensa americana. Há uma semana que não falam de outra coisa...
[No Adufe, comenta-se ajuizadamente a questão.]

Link, link

Tem toda a razão o Forum Comunitário. Displicência em matéria de linkagem é o que não tem faltado por aqui. Reconhece-se a culpa. A emenda virá um dia...

Reload, remake

Uau, o Blogger está cheio de templates novas. Ou me engano muito, ou a nossa paisagem visual vai mudar um bocadinho...

domingo, 9 de maio de 2004

A apropriação da dôr

Há uma coisa que me incomoda muito profundamente nestes debates sobre guerras longínquas (serão?). Iraque e muito particularmente Israel.
É quando se misturam os argumentos da razão com a emoção, como que a dizer ao outro: «Tu racionalizas, não tens razão, mas racionalizas. Não sentes isto como eu sinto. Isto dói-me e a ti não. Eu venho aqui dizer-te isto porque tenho o coração a sangrar e tu, aí, cerebral, dizes-me que não, as lágrimas não contam, conta é a análise fria, inquinada, enviesada.»
Isso eu não suporto, essa má-fé feita de dôr alheia, essa partilha da dôr como argumento de debate, como se a dôr, o sentimento, a partilha, estivessem apenas de um dos lados. Isso eu não suporto.

sábado, 8 de maio de 2004

O bode Donald

O mote foi dado pela Economist e apressadamente agarrado pelo campo anti-guerra e oportunisticamente por alguma direita. Que se demita Rumsfeld, por causa das sevícias dos soldados americanos a presos iraquianos.
Acho mal.
Então os americanos fizeram uma guerra, uma guerra inteira, a um país soberano com uma falsa alegação (armas de destruição maciça, lembram-se?) e nada acontece. E, agora, com um dos episódios, apesar de tudo menor, dessa guerra querem fazer rolar cabeças? Não haverá aqui uma inversão de valores?
Que a direita agarre a oportunidade com ambas as mãos, eu entendo. Sempre seria uma forma de dizer: «Estão a ver? Somos tão democratas, tão democratas, que punimos os infractores. Se houver mais infractores, se tivesse havido mais infractores (sei lá, quanto aos motivos da guerra, p.ex.) também teriam sido punidos.»
Agora que aqueles que estiveram contra a guerra se satisfaçam com bodes expiatórios...

Parabéns, marinheiros

Desatenção, falta de educação, eu sei lá... Esqueci-me de parabenizar o Mar Salgado pelo primeiro aninho de vida. Logo um dos blogues com que mais gosto de discordar. O link, já sabem, está na coluna da direita...

A cantiga é uma arma!!!

E o Zé Mário perguntam vocês?
Bom, primeira constatação - confirma-se que o homem é, muito provavelmente, o maior compositor português vivo.
Segunda constatação - o Coliseu estava cheio de gente de todas as idades. Confesso que me surpreendi.
Terceira constatação - poderíamos ter saído dali todos e fazer a revolução. Nãã... o melhor é esperar que cresçam aquelas crianças de dez anos que entoaram o velho reportório do Zé Mário. Temos todo o tempo do mundo!

O caso das fotos não publicadas - terceiro andamento

O PPM considera que a notícia do DN em que se fala da mãe e dos quatro filhos assassinados «só aparece mesmo no final de um texto em que são destacadas diversas malfeitorias israelitas».
Ora, a notícia o que relata é o referendo que se realizou nesse dia no Likud a propósito do plano de separação. A hierarquia dos factos parece-me ser evidente - entre mais um atentado e os resultados de uma luta política que está (e vai continuar a ter...) forte impacto na região não percebo qual é a dúvida. Também não entendo o que tem tudo isto a ver com «diversas malfeitorias israelitas».
PPM explica depois que, na parte do texto em que se fala da mãe/filhos, começa-se pela reacção israelita a esse atentado. PPM indigna-se porque a notícia não respeita a cronologia dos factos. A maioria das notícias não respeita - e quando a cronologia é chamada ao caso é precisamente para sublinhar os factos mais recentes, aqueles que as pessoas que compram o jornal de manhã ainda não tinham ouvido ontem na televisão. Ou seja, é uma cronologia que começa pelos acontecimentos mais recentes e vai recuando no tempo. Pelo que me lembro, isto ensina-se nas escolas de jornalismo.
PPM cita depois dois parágrafos em que se fala do plano de Sharon e das opiniões do colonos e eu aí, confesso, perco-me. Porque são parágrafos factuais, sem qualquer segunda leitura e eu não percebo que comichão fazem a PPM.
Como se isto não bastasse, PPM atira-me à cara que Sharon foi eleito democraticamente. E eu pergunto-me o que tem isto a ver com o resto da conversa, porque vai PPM buscar alhos quando estamos a falar em bogalhos.
Também não percebo a que propósito é chamado à conversa o «Grande Líder Louçã», mas isso já deve ser problema meu. Porque, na verdade, pouco percebi do que PPM escreveu.

O caso das fotos não publicadas - segundo andamento

N'O Acidental, a propósito desta polémica, foi citado o exemplo de uma notícia do DN. O comentário de Paulo Pinto Mascarenhas (PPM) redundava numa mentira, escrevi eu.
Desde que o TdN existe - está quase a fazer um ano - é a segunda vez que comento situações relacionadas com o DN. Sempre fiz questão de separar as águas e, se agora rompi esse compromisso, foi tão só em nome do rigor. Tentarei, de resto, colocar as questões mais no plano da teoria do que do caso concreto.

O caso das fotos não publicadas - primeiro andamento

Pretender a equivalência entre as fotos da mãe e quatro filhos assassinados por palestinianos e as fotos de dirigentes palestinianos mortos por israelitas - como deixa entender José Pacheco Pereira no Público de quinta-feira - não faz sentido do ponto de vista noticioso.
Por muito que nos indigne - doa, mesmo - a morte da mãe e quatro filhos, aquele foi apenas mais um de uma longa série de atentados. Numa leitura mais ampla, aquelas cinco mortes são apenas mais cinco mortes de uma longa guerra. Tem havido mortes lamentáveis - muitas crianças, por exemplo - dos dois lados da barricada que nem uma linha têm merecido na imprensa internacional.
A liquidação de um líder do Hamas, por outro lado, é obviamente um facto noticioso da maior relevância. Independentemente dos juízos de valor. O Hamas, nomeadamente a chamada liderança militar do Hamas, é geralmente acusado de estar por detrás de todos, ou quase todos, grandes atentados em Israel. A decapitação do movimento é, por isso, uma notícia de relevo.

sexta-feira, 7 de maio de 2004

Interlúdio

Mas isso será mais logo.
Agora, vou jantar e depois... José Mário Branco no Coliseu.

O caso das fotos não publicadas - preâmbulo

O caso das fotos de Israel, a polémica que sobre elas alastrou na blogosfera e, principalmente, um pingue-ponge em que me meti com O Acidental obrigam-me a um texto longo. Sirvo-o às fatias. Três.

A mentira

A propósito da questão da foto da mãe e dos quatro filhos assassinados por terroristas em Israel [já aqui comentada] escreve-se n'O Acidental:
«No DN (...) - o assassinato da israelita grávida e das suas filhas só aparece mesmo no final de um texto em que são destacadas diversas malfeitorias israelitas».
Ora isto é mentira. O assunto é tratado num subtítulo de um texto cujo tema principal é o resultado do referendo no Likud acerca do plano de separação.
Podemos discutir critérios, omissões, tudo isso. Desde que haja honestidade.

Anti quê?

A semana passada, uns trogloditas decidiram deixar a sua marca de intolerância num cemitério judaico de França, junto à fronteira com a Alemanha.
O fim do mundo. O anti-semitismo na Europa. Os Europeus odeiam os judeus. É genético.
Dois dias depois, na mesma zona, num cemitério cristão, o mesmo tipo de inscrições nazis.
Silêncio. Isso não interessa.

Pomba pomba, falcão falcão

Anda aí meio mundo indignado com o facto de um tal Pierre Falcone, cúmplice da ditadura de Luanda, ter passado por Lisboa sem ter sido incomodado.
Sinceramente, não entendo tanta zoeira.
O homem é procurado em França, a mesma França que se enrola em diatribes jurídicas à volta de um estatuto diplomático que lhe foi concedido (adivinhem por quem?) pelos amigos de Luanda.
A justiça francesa, que tem o homem ali mesmo à mão, não consegue (não quer?) fazer nada. Estavam à espera que Lisboa fizesse?
Eventualmente, Lisboa também não está interessada em incomodar o cavalheiro - os amigos deles, os de Luanda, devem-nos uma pipa de massa e não gostam de ser incomodados, nem que incomodemos os seus amigos.
Mas o problema nem é esse - é uma questão jurídica. A tal questão do passaporte diplomático, que tem de ser a França a resolver. Se quiser, se estiver interessada, se os amigos (sim também são amigos...) de Luanda deixarem.
Gostariam que Lisboa tivesse feito o mesmo que Londres - informar Paris de que o homem estava por aqui. Como se Paris, se quiser, não saiba a cada instante onde está o senhor Falcone...

quinta-feira, 6 de maio de 2004

Aniversários

Marx nasceu há 186 anos. Freud há 148. Que descansem.

A indignação quando nasce é para todos

Admitamos que Pacheco Pereira tem razão - «a maioria dos jornalistas portugueses são simpatizantes da causa palestiniana e hostis a Israel» - e que, por isso, a liquidação dos líderes do Hamas tenha merecido mais destaque que a da mãe israelita com os seus quatro filhos.
Admitamos que isto pode ser dito, assim, de forma taxativa: a) que os jornalistas portugueses são maioritariamente pró-palestinianos, ignorando-se que a maioria dos directores de jornais portugueses são pró-israelitas; b) que o destaque dado aos actos violentos de cada um dos lados depende dos próprios actos, ignorando que por vezes o resto da actualidade obriga a outro tipo de hierarquias.
Admitamos tudo isso...
Mas isso é discutir uma parte do problema, ignorando o que se passa a montante.
Porque, da parte daqueles que só se indignam com o Hamas e Arafat, também não se ouve grande indignação pela forma como o governo de Israel desrespeita insistentemente a lei e os acordos que ele próprio assina. Estou a falar da implantação de colonatos em territórios internacionalmente reconhecidos como integrando um estado palestiniano, estou a falar da construção de um muro que viola fronteiras mais que estabelecidas, estou a falar de road maps e outros acordos que, mal assinados, são de imediato ignorados por Israel.
Acresce a tudo isto que Israel, sendo um estado democrático e tendo o apoio da mais potente democracia do mundo, teria especiais responsabilidades na gestão do problema.
Critérios dúplices na questão do Médio Oriente? Claro que há. Para todos os gostos, para todos os lados.

O estado da arte

Ele topa-os todos. À distância [«Faxina» de Primavera] e até de perto [O Rato Acidental].

Aniversário

Sem ele, isto seria outra coisa. Parabéns.

quarta-feira, 5 de maio de 2004

Barda

Anda novamente aceso o debate sobre o Iraque, Bush e arredores, com o devido recurso à linguagem de baixo nível e ao insulto pessoal. Compreendo que o tema apenas possa ser discutido nessas condições. Mas, conforme escrevi há umas semanas, voz amigo aconselhou-me a não usar a palavra «bardamerda» no blogue. Irra, já usei...

Objectividade, caso prático

Carlos Cruz preso em casa - título em todos os jornais do país.

Objectividade, um contributo

'Tá de chuva.

Inteligente?

A direita, pelo menos a dos blogues, continua entretidíssima com o dr. Louçã. Nem sequer repara que todas as sondagens dão ao dr. Louçã entre 3 e 6 por cento, números claramente insuficientes para beliscar o poder instalado ou seja o que fôr.
E, é claro, eu só leio os blogues da «direita inteligente»...

O apito de Rio

Estava convencido de que seria este ano que Rui Rio faria as pazes com o FCPorto. Só uma questão de feeling, baseado em dois factores: o adocicamento progressivo da imagem do autarca; o calendário eleitoral.
Seriam sempre - é óbvio - umas pazes à Rio: nada de misturas, coisa discreta, o suficiente para que os portuenses percebessem que o autarca entende o clube, partilha das suas alegrias. Não faço ideia como isso se concretizaria, mas também não sou pago para pensar nessas coisas.
A operação policial Apito Dourado terá vindo estragar esses planos, ao pôr em evidência os cruzamentos perigosos entre a política e o futebol. Rio deve ter mandado parar os spin doctors...
Mas agora surge um problema - se o FCPorto se sagrar campeão europeu, como irá Rio conseguir alhear-se da festa?
[Dedicado ao Golpes de Vista, que não desiste de tentar converter-me ao futebol, recorrendo mesmo a truques baixos, como esse de citar o O'Neill.]

Justiça crucificada

Não faço a mínima ideia se Carlos Cruz é ou não culpado dos crimes de pedofilia de que o acusam.
Mas isso, por agora, não me interessa.
A sua libertação constitui um acto de dignificação para a justiça portuguesa. Estava preso há um ano e alguns meses sem julgamento e isso não faz sentido.

terça-feira, 4 de maio de 2004

Espaço Super Bock

Os festejos da vitória do FCPorto cairam em cima de uma coisa chamada Queima das Fitas. Venceram todos, por KO.

Processo de (re)infantilização em curso

Esta manhã, chegou o CD com a banda sonora do «Kenai e Koda».
Do que gosto mais? Hesito entre o Phil Collins e os Anjos...

segunda-feira, 3 de maio de 2004

Ex-cita-me

Hoje, poderia pegar numa frase daqui, daqui ou daqui [escolha três links do seu agrado] e citá-la, assim à laia de tirada filosófica, para mostrar que estou atento, mas que não tenho nada de especial para dizer.
Hoje, poderia pegar numa frase dali, dali ou dali [insira três ódio-links de sua estimação] e iniciar uma polémica, suave ou nem tanto, só para mostrar que estou atento, mas que discordo.
Mas não.

domingo, 2 de maio de 2004

Impacto no túnel

- Estamos neste túnel há tempo tempo. Dois anos? Dez? Há tanto tempo... Consegues ver alguma luz?
- Tenho medo da luz. Este mês ainda não fiz o meu estudo de impacto ambiental.

Em quartos separados

Dormir em quartos separados quando se visita a casa dos pais... quando se tem 20 anos e é suposto ainda não.
Deitar-se em quartos separados não quer dizer, necessariamente, que se durma em quartos separados. Até porque dormir em quartos separados, normalmente não dá muito jeito.
Os «sinais exteriores de não-sexualidade» nem sempre são o que parecem - talvez os tais pais não se importem de ouvir uns passinhos de lã, uma da manhã, duas no máximo, no corredor de madeira.
Teorizando - uma coisa é a discussão, ensino, seja lá o que for, da sexualidade. Em canal aberto, sem moralismos. Outra é a passagem à prática. Às escondidas, não será melhor?

Seduz-me

Custa-me imaginar, hoje, uma sala de aulas sem sedução. Da simples, e necessariamente inócua, atracção da idade do bê-á-bá à mais clara tensão sexual por alturas da trigonometria.
Curiosamente, nunca me aconteceu. Ou nunca me aconteceu ficarem as marcas. Sublinho, porém, que não ensino nada, como já perceberam os leitores mais fiéis (!).
Mas, meu caro Luís, cuidado com os costumes. Ouvi dizer que já por aí anda a polícia do pensamento.

Fado em dó maior

«Abismo vagabundo
Chamado Portugal
Viaduto natural
Entre a Índia e o quintal»

in RESISTIR É VENCER, de José Mário Branco (EMI, 2004).

sábado, 1 de maio de 2004

Pra não dizerem que não falei do Bloco...

... ou «o critico» que se critica a ele próprio antes que outros o critiquem.

A verdade é o que o cartaz do Bloco - Eles mentem, eles perdem - é um dos mais interessantes actos políticos dos últimos tempos cá no burgo e arredores. Sob vários pontos de vista. E nem é preciso concordar com a mensagem.

Blogues

Nos últimos tempos, por afazeres e inclinações climáticas várias, o TdN tem tido uma actualização menos regular. Isto não é uma desculpa, nem sequer uma justificação. É só assim.
Também nos últimos tempos quase deixei de registar os novos blogues de que vou tendo conhecimento e que vou frequentando. Trata-se de uma questão de cortesia, mas igualmente de serviço público - dar a conhecer. Para já, ficam aí duas ou três sugestões [um dia destes... actualizo a coluna dos links]:
http://www.forumcomunitario.blogspot.com/
http://avenidadosaliados.blogspot.com/
http://www.tugir.blogspot.com.

Block head

Tema único do dia nos blogues: o Bloco. Quem são? De onde vêm? Quem lhes paga? Porque não se arrependem? Que pasta de dentes usam? Porque não gostam do Durão? O que é que têm a ver com o Barnabé? Porque não foram eles a parar as obras do Túnel do Marquês? Qual o contributo deles para o alargamento da UE? E para a paz no Iraque? E para a eleição da Miss Portugal?
Eis, pois, o novo pensamento único. O discurso sobre o Bloco.